No pós-pandemia, o setor da construção civil somou números que “devem ser louvados”, na avaliação de Claudio Teitelbaum, presidente do sindicato das indústrias do setor no Estado, o Sinduscon-RS. Enquanto o Brasil cresceu 10,6% no triênio 2021-2023, a construção civil registrou expansão de 18,9% no mesmo período. Outro protagonismo, em termo nacional, foi na geração de empregos, puxando o Caged por pelo menos 9 trimestres em relação aos empregos formais.
Os dados foram apresentados por Teitelbaum no painel do Mapa Econômico do RS, que nesta segunda-feira (9) encerrou o ciclo de 2024 com um evento na Fiergs, em Porto Alegre. Além da Capital, a Região Metropolitana, o Vale dos Sinos e o Litoral Norte estão incluídos na quinta região analisada pelo Jornal do Comércio na segunda edição deste especial de economia. A relevância do setor está respaldada na criação, pela nova gestão da Fiergs, do Conselho da Indústria da Construção Civil, “demonstrando a importância do macrosetor para o desenvolvimento do Estado”.
A lupa no Estado, no entanto mostra, que o setor enfrentou dificuldades em 2024 e um crescimento menor como consequência da catástrofe climática que atingiu praticamente todo o território gaúcho. Passado o momento mais crítico, o foco passa a ser na retomada, que pode ser entendida como oportunidade para o crescimento do Estado. “Dados demonstram que teremos que fazer investimentos, aqui no Estado, na ordem de R$ 100 bilhões para retomar os níveis de infraestrutura que já tínhamos”, aponta o empresário.
Grande aporte de recursos também é previsto para investimentos em obras industriais e corporativas, vistas como “uma oportunidade para as construtoras que trabalham no ramo”. A projeção é que o investimento seja de quase R$ 30 bilhões. Para isso, Teitelbaum destaca “a importância de que o Fundopem (Fundo Operação Empresa do Estado do Rio Grande do Sul) realmente atue em prol da indústria da construção, para que as empresas gaúchas não sejam simplesmente sistemistas de empresas de fora do Estado, mas que possam ser protagonistas dessas obras”.
Para projetar a economia do Estado, o presidente do Sinduscon-RS trouxe para debate um dos temas nacionais que mais tem chamado atenção do setor econômico: a reforma tributária. Tratando do que entende como desafios, Claudio Teitelbaum refuta a ideia de aumento da tributação sobre o setor, dado que é a porta de entrada para a moradia: “essa reforma tributária não pode se dar da forma como está agora”.
O empresário finalizou sua participação destacando “a importância do Mapa Econômico como uma ferramenta de trabalho das empresas e das instituições gaúchas e de quem está procurando o Estado para investir ou para prospectar negócios”. E, em se tratando de um momento de retomada, sustenta que “o Mapa Econômico se torna ainda mais fundamental”.
Teitelbaum chama atenção para o Plano Diretor de Porto Alegre
Associada à construção de prédios, a construção civil não se restringe a isso - está presente em todas as construções, na área da saúde, da educação, em áreas públicas como parques e praças e na infraestrutura, para citar alguns exemplos. “Toda essa montagem de planejamento de estado, de município, acaba passando, direta ou indiretamente pela construção civil”, destacou Claudio Teitelbaum, presidente do Sinduscon-RS, no evento do Mapa Econômico do RS. O prefeito Sebastião Melo (MDB) promete remeter à Câmara Municipal o projeto de lei da revisão no primeiro semestre de 2025.
A referência de Teitelbaum, gancho para citar a revisão do Plano Diretor de Porto Alegre, indica a importância que a entidade dá ao processo. “O Plano Diretor é a maior e mais eficaz ferramenta de planejamento urbano e ambiental de uma cidade. Não estamos tratando de altura de prédios, e sim de como o Porto Alegre vai se preparar para os próximos 10 anos”, apontou. Para o empresário, foi acertada a escolha da prefeitura por uma consultoria internacional - a Ernst & Young -, somada à realização de conferências públicas, para tratar “o desenvolvimento numa ordem mais liberal”. Ele ressalta ainda “a importância de toda a sociedade colocar os olhos em cima do Plano Diretor”.