O setor de Saúde passou por desafios no ano de 2024, sobretudo com as consequências das enchentes. A previsão é de melhora para o próximo ano, mas algumas questões deverão ser revistas, como o tratamento dado à longevidade e as judicializações, entre outros. A avaliação foi do sócio fundador do Grupo São Pietro Hospitais e Clínicas, Luciano Zuffo, durante o Mapa Econômico do Rio Grande do Sul, realizado nesta segunda-feira (9), na Fiergs. “A saúde representa 10% do PIB. O setor permeia todos os setores no ecossistema econômico, seja na micro ou na macroeconomia. Temos muitos desafios pela frente”, observou Zuffo, durante o painel que dividiu com outros empresários e representantes de entidades.
Entre os desafios apontados pelo médico e executivo está a superação das consequências da enchente no Estado, no final do mês de abril e início de maio, atingindo dois importantes centros de saúde da Região Metropolitana. Os hospitais Mãe de Deus, em Porto Alegre, e o Pronto Socorro, de Canoas, foram totalmente evacuados devido às cheias. Ainda assim o setor conseguiu suportar a logística, diante da falta das duas instituições em uma região referência para o Estado.
Outra questão preocupante do setor, segundo Zuffo, é o envelhecimento da população, o que impacta diretamente no plano econômico das empresas. “Precisamos pensar como vamos trabalhar a questão de longevidade, a questão da saúde e, principalmente a prevenção. A saúde, no seu ecossistema econômico, pode ajudar ou prejudica”, observou.
Com o envelhecimento da população, aumentam os custos em saúde. “Temos quatro pilares que são problemas tanto para região sul como para o Brasil: a caneta do médico, que faz tudo, a judicialização, que desequilibra economicamente as empresas, a longevidade e o ‘pode tudo’”, disse, referindo-se à legislação não pensa em como se dá o acesso a tudo que está colocado.
Ao sugerir que a saúde deve ser olhada pelo aspecto do empreendedorismo e de investimentos, algumas questões são fundamentais para empresa investirem no Estado: ter indicação, a segurança e o envolvimento com a região. De acordo com Zuffo, o Grupo São Pietro está alicerçado dentro da Região Metropolitana, com projetos em desenvolvimento.
O momento econômico, observou, faz atrair ou retrair investimentos. “No modelo macroeconômico, temos um problema sério que é a subida do dólar. Quase todos os equipamentos e medicamentos são em dólares. Isso pode retrair a economia do setor”, destacou. Por outro lado, vários aparelhos estão em produção nas regiões Metropolitana, Vale dos Sinos e Litoral. As novas unidades representam oportunidades para investimentos e geração de emprego e renda.
Neste momento de reconstrução do Estado, segundo avalia o dirigente, a saúde deve ser um dos pilares, uma vez que ela gera um ecossistema econômico importante para gerar emprego gerar renda e fazer com que se movimente a economia. “Temos o que que olhar não só o sistema privado, nós temos que usar olhar o público também. Na Região Metropolitana, temos Porto Alegre, que é um grande centro de excelência, mas quando saímos daqui começamos a ver vários problemas, que envolvem acesso e desenvolvimento de novos locais de atendimento”, disse, ao ressaltar a importância de não sobrecarregar o sistema público.
Para Zuffo, o Mapa Econômico é uma oportunidade de “Olhando este e os outros mapas que já foram feitos é possível ver que temos oportunidades. Essa criação do Jornal do Comércio auxilia não só os gaúchos, ele ajuda investidores a pensarem onde ele pode investir e ter retorno a curto, médio e longo prazo”, avaliou.
Para 2025, a perspectiva do setor é de que os desafios sigam pelo decorrer do ano. A torcida é de que a economia do país melhore, mais especificamente com a baixa do dólar, possam ser mais benéficos ao setor. “Os indicadores macroeconômicos mostram que na saúde teremos um 2025 muito melhor. Em 2024, ainda estávamos lidando com questões da pandemia. Agora, vemos indicadores de maior número de usuários com acesso à saúde suplementar, indicadores de qualidade. Teoricamente, se a gente continuar com esses indicadores que temos hoje, a tendência é melhorar.”
O Grupo São Pietro tem duas unidades em Porto Alegre - hospitais Banco de Olhos e Prime Day – e seis no interior do Estado, nos municípios de Xangri-Lá, São Leopoldo, Taquara, Portão e dis hospitais em Canoas.