Com uma reviravolta em sua história, o Centro Nacional de Tecnologia Eletrônica Avançada (Ceitec), depois de ter tido sua extinção decretada em 2021 no governo passado, mas revogada em 2023 pela atual presidência da República, ganhou agora um novo fôlego para se reerguer. A companhia receberá um aporte de cerca de R$ 220 milhões para trabalhar uma nova rota tecnológica para a produção de chips de carbeto de silício (SiC), ação que deverá ser concluída até 2026.
Conforme a ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, R$ 95,6 milhões já serão disponibilizados neste ano, mais R$ 101 milhões em 2025 e o restante será desembolsado em 2026. Os montantes poderão ser aproveitados em medidas como aquisição de equipamentos e aprofundamento de pesquisas.
Os chips desenvolvidos poderão ser aproveitados na produção de sistemas de painéis fotovoltaicos para a geração de energia elétrica a partir do sol e na fabricação de veículos elétricos e híbridos. “Vamos abastecer mercados muito promissores”, frisa Luciana. Ela acrescenta que os novos dispositivos deixarão os processos produtivos mais eficientes e estão ligados diretamente ao tema da transição energética.
A ministra esteve nesta quinta-feira, em Porto Alegre, para participar da cerimônia do anúncio do investimento no Ceitec. Os recursos são provenientes do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT), via Financiadora de Estudos e Projetos (Finep). O presidente do Ceitec, Augusto Gadelha, comenta que a encomenda da nova rota tecnológica demonstra o apoio do atual governo quanto à recomposição do centro. “Isso contribuirá para o progresso do País”, defende do dirigente.
Já o presidente da Finep, Celso Pansera, considera o resgate da companhia como fundamental. “O último ataque (no governo anterior) foi quase mortal”, afirma. Pansera salienta que é preciso dar tempo para uma instituição como o Ceitec amadurecer e consolidar um ecossistema no seu entorno e cita como um exemplo desse cenário a Embraer.
A reitora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), Marcia Barbosa, complementa que a expectativa é que o Centro de Tecnologia seja “uma semente inovadora de empresas ao seu redor”. Esse amparo do mundo de negócios, argumenta Marcia, aumentará a resiliência da entidade, deixando-a mais protegida. Por sua vez, a secretária de Inovação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul, Simone Stülp, aponta que o setor de semicondutores é considerado pelo governo gaúcho como muito importante para auxiliar na reconstrução do Estado, após a catástrofe climática enfrentada neste ano.
Além dos recursos para aplicar na rota tecnológica para a produção de chips de carbeto de silício, o Ceitec pode ser contemplado, em breve, com uma nova fonte para investimentos. Tramita atualmente um Projeto de Lei do Congresso Nacional (PLN) que busca uma suplementação ao orçamento da União para a instituição. O diretor administrativo e financeiro do Ceitec, Messias Souza, informa que, se aprovada a matéria, o Centro pode ter acesso a mais R$ 58 milhões. A empresa pública, depois de fechada em 2021, retomou apenas neste ano a produção e comercialização de chips.