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Publicada em 04 de Dezembro de 2024 às 17:04

Ceasa abre oficialmente espaço permanente para agroindústria familiar

Carlos Siegle de Souza, presidente CEASA/RS. Abertura do espaço para agroindústria dentro de CEASA/RS (Centrais de Abastecimento do Rio Grande do Sul)

Carlos Siegle de Souza, presidente CEASA/RS. Abertura do espaço para agroindústria dentro de CEASA/RS (Centrais de Abastecimento do Rio Grande do Sul)

TÂNIA MEINERZ/JC
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Osni Machado
Osni Machado Colunista
A feira da agricultura familiar foi aberta oficialmente, nesta quarta-feira (4), na Central de Abastecimento (Ceasa), na avenida Fernando Ferrari, em Porto Alegre. A comercialização dos produtos será, a partir de agora, de modo permanente e para dar a largada, sete agroindústrias familiares passam ocupar o espaço que em breve será ampliado para receber mais trabalhadores rurais. O funcionamento vai obedecer o horário de comercialização dos hortifrutigranjeiros. 
A feira da agricultura familiar foi aberta oficialmente, nesta quarta-feira (4), na Central de Abastecimento (Ceasa), na avenida Fernando Ferrari, em Porto Alegre. A comercialização dos produtos será, a partir de agora, de modo permanente e para dar a largada, sete agroindústrias familiares passam ocupar o espaço que em breve será ampliado para receber mais trabalhadores rurais. O funcionamento vai obedecer o horário de comercialização dos hortifrutigranjeiros. 
A previsão é que a Ceasa disponibilize um total de 60 estandes com a expansão da área, que ocorrerá através de uma parceria com o Banrisul. A iniciativa é mais uma oportunidade para os produtores das agroindústrias familiares do Rio Grande do Sul comercializarem suas mercadorias.

De acordo com o presidente da Ceasa, Carlos Siegle, neste momento, já estão cadastrados 43 produtores rurais para atuarem na Ceasa. Siegle diz que essa participação também deve ocorrer de modo gradativo. “A velocidade de produção nas propriedades é diferente, sendo que alguns também dependem do período de safra para poder produzir”, cita.

“Um produtor de vinho, por exemplo, começa a colheita de uva em janeiro e fevereiro, porém, só terá a bebida em maio para comercialização, deste modo, ele, já cadastrado, irá se organizar para a Ceasa no período que achar conveniente”, conta.

O presidente da Ceasa explica que alguns produtores disseram que pretendem vir uma ou duas vezes para vender suas mercadorias, outros já são da opinião de que o ideal é participar todos os dias da feira. Siegle diz que a abertura oficial agora tem como objetivo favorecer as agroindústrias com as festas de final de ano, principalmente, o Natal e Ano Novo com a efervescência do público que vai até a Ceasa fazer compras.

Siegle diz que a ideia é ampliar o projeto, criando uma estrutura melhor, dando condições para aqueles produtores que necessitam de acondicionamento e refrigeração de suas mercadorias. “Esses produtos vão estar à disposição aqui na Ceasa durante todo o ano para o varejo e para aqueles que tiverem produção, inclusive com a possibilidade de fornecer para o atacado”, destaca. Ele diz que as pessoas terão a possibilidade de comprar todo dia, sem ter de esperar para o mês de agosto, quando ocorre a Feira da Agricultura Familiar durante a Expointer, em Esteio.

Produtores têm espaço próprio na central de abastecimento

A feira permanente ocorre a partir de agora dentro do Galpão dos Produtores, ou no espaço GNP – sigla para identificar como Galpão dos Não Permanentes. “Uma boa parte dos produtores aqui tem o espaço locado mensalmente, mas muitos, incluindo a agricultura familiar pagam diária para fazer a comercialização”, explica.

O Galpão dos Produtores da Ceasa fica na frente do pórtico central, em um espaço total de cinco mil metros quadrados de área, mas por enquanto, a agricultura familiar vai ocupar mais ou menos a metade do local. Posteriormente, haverá um pórtico de entrada para facilitar o acesso das pessoas e estandes dispostos em uma estrutura própria. “Estamos, inclusive, buscando patrocínio para isso, aproveitando a visibilidade desse espaço”, comenta.

Segundo Siegle, estão em estudo o tamanho dos estandes e a padronização. “O espaço que nós temos aqui é de dois metros e meio por dois metros e meio, mas vamos dimensionar o projeto para adaptá-los às necessidades dos produtores da agricultura familiar”, detalha.

Os produtores interessados em fazer parte do projeto podem se dirigir até a administração da Ceasa, ou procurar os contatos nos canais oficiais da central de abastecimento. As agroindústrias de todas as regiões do Rio Grande do Sul estão se organizando para participar da Ceasa. “O interessado faz o cadastramento igual ao produtor regular de hortifrutigranjeiro, com a apresentação da documentação da propriedade rural e o tipo de produção e feito isso, o interessado recebe a devida autorização para atuar no local”, explica.

O presidente da Ceasa diz que o produtor diarista deve entrar em contato com o setor de orientação para ocupar um espaço que estiver disponível. “Ele paga o ticket diário e vende normalmente o seu produto, quantos dias ele desejar”, salienta. “Já a vantagem do espaço permanente é que o cliente sempre saberá onde encontrar aquela agroindústria de sua preferência”, informa.

Há uma modalidade de contrato mensal em que o produtor terá direito ao espaço durante todos os dias da semana. Essas modalidades já estão disponíveis para os produtores. “Por enquanto, os que estão aqui optaram pela condição de diarista, para testar o seu mercado, mas muitos já falaram que tem intenção da permanência”, acrescenta. 
Elisete Benatto Bes está feliz com o novo espaço para comercialização de suas produtos  | TÂNIA MEINERZ/JC
Elisete Benatto Bes está feliz com o novo espaço para comercialização de suas produtos TÂNIA MEINERZ/JC


Elisete Benatto Bés, proprietária de uma agroindústria localizada em Veranópolis, diz que está feliz com a possibilidade de divulgar e comercializar os seus produtos na Ceasa. Ela produz embutidos, como por exemplo, copa, salame, torresmo, banha, entre outros produtos coloniais. Ela escolheu a modalidade permanente de exposição. “Eu virei dois dias na semana, na terça e na quinta-feira no período da tarde”, diz.
João Pedro De Bastiani produz vinhos, sucos e espumantes.  | TÂNIA MEINERZ/JC
João Pedro De Bastiani produz vinhos, sucos e espumantes. TÂNIA MEINERZ/JC


O primeiro cadastrado no projeto, João Pedro de Bastiani, morador de Nova Roma do Sul, responsável técnico da agroindústria, Vinícola De Bastiani, deseja comercializar os seus produtos na Ceasa, por causa da logística que o local oferece, com a possibilidade de abranger todo o Rio Grande do Sul. “Eu pretendo ser permanente na feira”, destaca. 
Bastiani produz vinhos, espumantes e suco de uva integral. A propriedade rural foi impactada pela catástrofe climática ocorrida em maio deste ano no Estado. O grande problema, segundo ele, foi a queda da ponte, que foi levada pelas águas e, em decorrência deste fato, a distância entre Nova Roma e Porto Alegre aumentou mais de 100 km.

De acordo com o relatório de perdas referentes à maior calamidade climática que atingiu o Rio Grande do Sul com dados divulgados pelas secretarias da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi) e de Desenvolvimento Rural (SDR). As chuvas extremas desde o final de abril causaram danos por inundações e deslizamentos em boa parte do território gaúcho. No meio rural, mais de 206 mil propriedades foram afetadas, com perdas na produção e na infraestrutura, e 34.519 famílias ficaram sem acesso à água potável.

O documento, que abrange o período entre 30 de abril e 24 de maio, foi elaborado pela Associação Riograndense de Empreendimentos de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater/RS-Ascar). Os dados são oriundos do sistema Sisperdas – abastecido com informações de todos os escritórios regionais e municipais da Emater. Durante o período de chuvas intensas, 9.158 localidades foram atingidas no Rio Grande do Sul. 

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