O ano de 2025 está sendo projetado com otimismo pela Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs). A expectativa é de que o crescimento seja acima da média nacional, com o PIB regional chegando a 3,3%. A avaliação foi feita na manhã desta terça-feira (3) durante balanço de final de ano da Federação, com a presença do presidente Claudio Bier e do economista-chefe Giovani Baggio.
A economia do Rio Grande do Sul será alavancada, mais uma vez, pelo agronegócio. “A safra de grãos vai ajudar a impulsionar a economia, tanto do Rio Grande do Sul, como do Brasil”, apontou Baggio. O RS teve um desempenho econômico resiliente em 2024. Embora com todos os prejuízos com a enchente, o PIB cresceu 5,4% no primeiro semestre, sobretudo puxado pela recuperação agrícola. Além disso, o Estado registrou um superávit orçamentário de R$ 7,4 milhões até outubro.
No próximo ano, a curva será mais crescente, acima da média nacional, na ordem de 3,3%, segundo o balanço da entidade. O índice será impactado pelo crescimento na produção industrial, projetado em 3,2%, sustentado pela baixa base de comparação no ano anterior. A agropecuária será, novamente um pilar importante. A previsão é de que a safra bata novo recorde, chegando a 38,3 milhões de toneladas, em um cenário nacional de R$ 323 milhões de toneladas.
A Fiergs considera que em 2025 teremos condições climáticas mais favoráveis. O setor de serviços vai contribuir para o crescimento, além do cenário internacional favorável. “Na briga entre Estados Unidos e China, nos daremos bem", garantiu Bier. Junto com a safra de grãos, a construção, que cresceu oito vezes mais do que no ano passado, poderá empurrar para cima os índices.
As projeções positivas também tomaram como base o Boletim Econômico Tributário, publicado pela Secretaria da Fazenda do Estado (Sefaz), que faz levantamento das atividades pelo número de notas emitidas por empresas do Simples e do Regime geral. Se no início de maio 64% estavam com atividades abaixo da média, no início de outubro caíram para 13%.
Embora ainda existam desafios, como gargalos na área de logística e de mão de obra, as empresas estão otimistas, segundo o balanço apresentado. Para enfrentar uma das grandes dificuldades, que é a falta de mão de obra qualificada, a Fiergs tem como uma de suas metas, junto com a competitividade, inovação, apoio à indústria que sofreram com a enchente, a retenção de talentos. “Nos últimos 20 anos, perdemos mais de 700 mil pessoas para outros estados. Temos que reverter esse quadro”, observou Bier, ao relatar os programas em parceria com as Prefeituras para abertura de escolas do Sesi e Senai. Bier também abordou o processo de interiorização da Fiergs, uma vez que as empresas menores – 95% dos CNPJs das indústrias no RS possuem menos de 50 funcionários – estão no interior. “Nossa administração estará voltada para essas empresas. Dos meus 137 dias na presidência, já fomos sete vezes ao interior”, destacou.
Baggio também avaliou o cenário internacional e a relação comercial com outros país. O dólar deve se mantar fortalecido. Ao salientar que a moeda forte impacta todas as demais, lembrou que um recente levantamento indicou que o Brasil, entre 118 países, está em sétimo lugar em termos de desvalorização de sua moeda frente ao dólar.
Quanto ao pacote de medidas anunciadas pelo governo federal na última semana, o que pode pesar, acentua Baggio, é o sentimento dos investidores de que o governo não tem controle sobre seus gastos. “A sociedade tem medo da trajetória que temos vistos no cenário fiscal. Por mais que as receitas tenham crescido, a trajetória de despesas é mais negativa. A dívida passou dos R$ 9 trilhões”, observou, ao destacar que o a taxa de juros chegue a 13% em maio e segue até o final do ano.
Por outro lado, o PIB do Brasil vem surpreendendo. Começou o ano com uma projeção de 2,4% e fechará o ano com 3,2% e pode ainda subir, considerados os resultados do terceiro trimestre anunciados na manhã desta terça-feira pelo IBGE. Têm contribuído para esse crescimento o aumento da renda, benefícios sociais e aumento de concessão de crédito e aumento da taxa do mercado de trabalho, além do impacto das reformas que tiveram início em 2016, com melhorias microeconômicas, listou o economista.