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Publicada em 02 de Dezembro de 2024 às 16:30

CMPC conclui expansão em Guaíba e novo empreendimento ganha força

Políticos e empresários participaram da entrega do projeto BioCMPC

Políticos e empresários participaram da entrega do projeto BioCMPC

TÂNIA MEINERZ/JC
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Jefferson Klein
Jefferson Klein Repórter
A segunda-feira (2) foi de boas notícias para a CMPC. Além da empresa ter realizado a cerimônia de entrega oficial do seu projeto BioCMPC, que ampliou e otimizou a produção de celulose da sua planta em Guaíba, a companhia recebeu a sinalização do governo federal que serão tomadas medidas essenciais para a confirmação de um novo investimento de R$ 24 bilhões em Barra do Ribeiro.
A segunda-feira (2) foi de boas notícias para a CMPC. Além da empresa ter realizado a cerimônia de entrega oficial do seu projeto BioCMPC, que ampliou e otimizou a produção de celulose da sua planta em Guaíba, a companhia recebeu a sinalização do governo federal que serão tomadas medidas essenciais para a confirmação de um novo investimento de R$ 24 bilhões em Barra do Ribeiro.
Esse empreendimento, batizado de projeto Natureza, prevê a construção de uma fábrica com capacidade para 2,5 milhões de toneladas de celulose ao ano. Para escoar a produção dessa unidade, está prevista a instalação de um terminal portuário em Rio Grande, porém alguns obstáculos para a materialização dessa iniciativa ainda precisam ser superados.
O ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, Paulo Pimenta, explica que o espaço pretendido para a implementação do terminal de celulose é uma área que foi concedida pela União para o governo do Estado com a finalidade específica que ali fossem feitos investimentos ligados à construção naval, a atividade de um estaleiro. Essa concessão está prestes a expirar, então é preciso resolver questões como a manutenção, prorrogação e alteração do objeto da concessão.
Pimenta revela que entrou em contato com a ministra da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos, Esther Dweck, que coordena o setor do Patrimônio da União, e uma reunião deverá ocorrer nos próximos dias para tratar de uma solução. “Que é um aditivo com alteração do objeto (da concessão) e, a partir disso, a gente dá segurança jurídica para que a empresa possa fazer os investimentos necessários”, comenta o ministro.
Ainda na área logística, e que é do interesse da CMPC para facilitar o recebimento de matéria-prima (eucaliptos), Pimenta espera que até o início do próximo ano seja dado um encaminhamento para a retomada das obras do lote 1 da duplicação da rodovia BR-290 (que corresponde a cerca de 30 quilômetros dos 115 quilômetros entre Eldorado do Sul e Pantano Grande). O ministro foi um dos participantes da concorrida solenidade de entrega do projeto BioCMPC, realizada em Guaíba. Além do ministro, estiveram presentes no encontro o vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, e o governador Eduardo Leite, entre outras personalidades.
Na ocasião, Alckmin destacou que a CMPC é um exemplo de indústria inovadora e sustentável e enfatizou que o próprio Brasil está envolvido com a diminuição de suas emissões. Ele lembra que o País apresentou seu objetivo de descarbonização até 2035 na Conferência do Clima da Organização das Nações Unidas (COP29), ocorrida em novembro. “É uma meta ousada”, frisa Alckmin. Ele informa que hoje o País emite cerca de 2 bilhões de toneladas de CO2 equivalente ao ano e a proposta é chegar em 2035 com a emissão de 850 milhões de toneladas. “E com o Brasil, se Deus quiser, crescendo a mais de 3% ao ano”, prevê.
O vice-presidente confirmou que a ideia do governo federal é agilizar as iniciativas possíveis para resolver os empecilhos logísticos que podem atrapalhar o prosseguimento do projeto Natureza. Paralelamente a essas questões, o diretor-geral de Celulose da CMPC no Brasil, Antonio Lacerda, informa que as ações necessárias por parte da companhia de origem chilena para que essa iniciativa siga adiante estão sendo tomadas. Ele detalha que recentemente a empresa entrou na Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam) com o processo de licenciamento ambiental da nova unidade em Barra do Ribeiro. Ele estima que esse processo irá levar de 18 a 24 meses para ser finalizado. Assim, as obras no complexo deverão começar a partir de 2026. “Estamos dentro do cronograma”, conclui o executivo.

Companhia aposenta caldeira de carvão em complexo da Região Metropolitana

Enquanto prepara a implantação de sua nova planta em Barra do Ribeiro, a CMPC otimiza a operação da sua unidade em Guaíba. O projeto BioCMPC, anunciado em 2021 e finalizado oficialmente nesta segunda-feira, representou investimento de R$ 2,75 bilhões e, assim como possibilitou elevar a capacidade de produção de celulose do complexo em mais 350 mil toneladas anuais (incremento de 18%), permitiu eliminar a queima de carvão, melhorar a coleta de gases e reduzir o uso da água no processo industrial.
Ao todo, foram feitas 31 melhorias operacionais e de performance ambiental na estrutura. As obras geraram cerca de 3,5 mil postos de trabalho e em torno de 40% dos fornecedores para realizar o serviço eram provenientes do Rio Grande do Sul. O presidente do Conselho das Empresas CMPC, Luis Felipe Gazitúa, informa que os aperfeiçoamentos acarretaram a diminuição em mais de 50% da emissão de CO2 da fábrica. Ele também cita a qualificação do monitoramento de odores, ruídos e materiais particulados.
Sobre a caldeira a carvão que foi aposentada, o executivo lembra que o equipamento começou a operar em 1972. Em vez do combustível fóssil, a nova caldeira será alimentada com biomassa (matéria orgânica), o chamado licor negro (um composto rico em lignina e subproduto do processo de fabricação de celulose).
"Aperta um botão e vai na direção da descarbonização", comenta o presidente-executivo da Indústria Brasileira de Árvores (Ibá), Paulo Hartung. Segundo ele, essa é uma prova de que é possível produzir e preservar. Já o prefeito de Guaíba, Marcelo Maranata (PDT), reforça a importância do foco no tema sustentabilidade. "Não existe planeta B", alerta.
Por sua vez, o governador Eduardo Leite enfatiza que o projeto da CMPC simboliza o compromisso da empresa com o Rio Grande do Sul. "Produzir mais e com respeito ao meio ambiente", frisa o governador. Leite acrescenta que foi aprovado no Conselho Estadual do Meio Ambiente (Consema) uma revisão do zoneamento ambiental para a silvicultura no Estado que ampliou em 1 milhão de hectares a viabilidade de florestas plantadas em solo gaúcho.
Esse posicionamento facilitará que se tenha mais disponibilidade de matéria-prima para futuras expansões de produção de celulose no Rio Grande do Sul. Também presente no evento em Guaíba, o embaixador do Chile no Brasil, Sebastián Depolo, reitera que o investimento da CMPC é uma prova de confiança entre as duas nações.
Para o presidente da Fiergs, Claudio Bier, a expansão da planta da CMPC em Guaíba tem uma grande importância para o setor industrial gaúcho. "Ela trouxe impostos, empregos e visibilidade para o nosso Estado", enfatiza o dirigente. Ele recorda que a Fiergs manteve diversos encontros com a direção da CMPC para que boa parte dos fornecedores do projeto da empresa fossem do Rio Grande do Sul. Bier adianta que as mesmas tratativas serão adotadas quanto ao projeto do grupo chileno que prevê a construção de uma nova planta de celulose no município de Barra do Ribeiro.

Alckmin manifesta confiança quanto acerto entre Mercosul e União Europeia

Nesta semana, o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, estará em Montevidéu, no Uruguai, para participar da 65ª Cúpula do Mercosul. O vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, está confiante que durante o evento possa ser assinado o acordo entre Mercosul e União Europeia.
As negociações sobre o tema duram cerca de 25 anos. Um estudo publicado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) concluiu que o Acordo União Europeia-Mercosul beneficiaria o Brasil em termos de aumento do produto interno bruto (PIB), de investimentos e de ganhos na balança comercial. Entre 2024 e 2040, o acordo provocaria um crescimento de 0,46% no PIB brasileiro – o equivalente a US$ 9,3 bilhões a preços constantes de 2023 –, em relação ao cenário de referência. O levantamento mostra também que, em termos relativos, o país obteria ganhos maiores que os da União Europeia (aumento de 0,06% no PIB) e dos demais países do Mercosul (alta de 0,20%).

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