O presidente do Congresso, senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), afirmou nesta quinta-feira que o Senado deve votar o pacote de gastos apresentado pelo ministro Fernando Haddad (Fazenda) ainda neste ano. Ele citou como possibilidades as datas de 18 e 19 de dezembro, durante a última semana antes do recesso parlamentar. "Até agora, não ouvi nenhuma resistência. Todos os pontos me parecem muito óbvios", afirmou Pacheco.
Ele deu as declarações ao lado do ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, que disse haver compromisso de parlamentares para aprovar o pacote de gastos até o fim do ano.
Padilha afirmou que ouviu dos líderes da Câmara, com quem esteve na véspera, que a Casa se mostrou disposta a fazer "o rito necessário". Segundo ele, para agilizar, os parlamentares podem aproveitar outras propostas com conteúdo semelhante que já estão em tramitação.
"O presidente Arthur Lira e todos os líderes sinalizaram que a Câmara está disposta a fazer aquilo que for necessário. Há o compromisso da Câmara para a gente consolidar o marco fiscal aprovando até o fim deste ano", disse Padilha.
Líderes da Câmara dos Deputados e do Senado, no entanto, avaliam que destravar o pagamento das emendas parlamentares, que estão suspensas por decisão do STF (Supremo Tribunal Federal), é fator importante para a aprovação do pacote de contenção de gastos do governo Lula (PT) até o fim de dezembro.
Lideranças das duas Casas afirmam reservadamente que, se os recursos não forem liberados, nenhuma pauta de interesse do Executivo será aprovada até o fim do ano. Segundo relatos colhidos pela reportagem, a avaliação é de que há grande insatisfação, sobretudo no chamado baixo clero, grupo sem influência política nacional expressiva. O imbróglio das emendas se arrasta desde agosto, quando o ministro Flávio Dino, do STF, determinou a suspensão do pagamento até que o Congresso apresentasse medidas que garantissem maior transparência. Parlamentares de diferentes partidos políticos dizem que houve um "jogo casado" entre Executivo e Judiciário nessa questão, acirrando a insatisfação com o governo federal.