A proibição da jornada 6x1 vai resultar no desaparecimento de pequenas e micro empresas no Brasil. A tendência no mercado varejista é que sobrevivam apenas as médias e grandes empresas caso a medida venha a ser adotada no País. A análise foi feita pelo presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Porto Alegre (CDL/POA), Irio Piva, que nesta quarta-feira (27) participou do Tá na Mesa da Federasul que discutiu o tema "Jornada 6x1: Desafios para o Futuro do Trabalho e Renda no Brasil, no Palácio do Comércio, em Porto Alegre.
"A maioria das pequenas empresas estão fadadas a desaparecer porque elas tem um ou dois funcionários e vão precisar dobrar o número de trabalhadores o que vai aumentar significativamente o custo das empresas que não conseguirão ser competitivas", defende Piva ao declarar que ninguém em sã consciência é contra trabalhar menos e se ganhar bem no Brasil.
Para o presidente da Federação das Associações Gaúchas do Varejo (FAGV) Vilson Noer, caso a escala 6x1 venha a ser proibida, haverá um aumento da informalidade no País. "O varejo, no caso do Rio Grande do Sul, vem sofrendo com a pandemia da Covid-19, com as tragédias climáticas e agora a proposta de uma lei que é contra as empresas instaladas no Brasil", destaca.
Segundo Noer, a proposta é praticamente impossível de ser implementada no varejo. "Vamos lutar contra a implementação dessa proposta. O grande problema do Brasil são os encargos trabalhistas", afirma. Conforme Noer, o grande perdedor, caso a lei seja implementada, será o consumidor brasileiro. O debate contou com as presenças do presidente da Federasul, Rodrigo Sousa Costa, e de Oscar Frank, economista-chefe da CDL/POA.
Segundo Frank, o salário dos trabalhadores não é a causa da produtividade, ou seja, o salário é uma resposta da produtividade. "Na Islândia ou Finlândia, os trabalhadores são bem remunerados porque eles são produtivos. Aqui no Brasil, se paga mal porque existe uma baixa produtividade", ressalta. De acordo com Frank, é necessário que seja feita uma discussão extremamente profunda que precisa estar relacionada com fatores como o "Custo Brasil" e suas diversas implicações, como a elevada burocracia, altas cifras na admissão e demissão de trabalhadores, pequeno retorno da carga tributária em termos de prestação de serviços públicos e insegurança jurídica, e deficiências na malha logística e na infraestrutura.
O presidente da Federasul, Rodrigo Sousa Costa, disse que o debate é importante e necessário porque ele diz respeito a uma equação social e econômica que depende do contexto de cada país e da competitividade com relação ao resto do mundo. "É um debate que diz respeito a qualidade de vida dos trabalhadores", comenta. Costa afirma, porém, que a qualidade de vida não diz respeito apenas a jornada de trabalho, mas também a renda e a realização pessoal com o trabalho.
Para Sousa, a discussão precisa ser ampliada e deve passar pelo Congresso Nacional. "Queremos que o trabalhador brasileiro tenha acesso a mais renda. Não adianta a pessoa ter mais tempo para gastar e não ter dinheiro para gastar", acrescenta. Segundo o presidente da Federasul, a entidade vai propor através do Congresso Nacional que seja feito o corte de encargos sociais dos atuais 60% para 10% e que todo o corte seja repassado em aumento salarial para os trabalhadores.