O dia 29 de novembro vem sendo, como de costume a cada ano, aguardado com ansiedade pela maioria dos trabalhadores, senão todos. O pagamento da primeira parcela do 13º salário costuma ser é um alento para o final de ano, quando gastos com as festas e impostos acabam por pesar nas economias domésticas. No entanto, é preciso ter precaução e cuidado ao definir como serão gastos os valores.
Relativo a um salário integral ou proporcional aos meses trabalhados, a primeira parcela do 13º também é aguardada pelo mercado. De acordo com o Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), são esperados mais de R$ 321,4 bilhões na economia brasileira, o que equivale a 3% do Produto Interno Bruto (PIB).
O contador Filipe Martins, professor de Contabilidade e Planejamento Tributário na universidade Cesuca, aconselha que, antes mesmo de receber o 13º, o beneficiário faça um planejamento das contas em aberto. Além dessas, os impostos a serem pagos no início do ano, como IPTU e IPVA, bem como matrículas escolares. “Sugiro, antes mesmo de receber o 13º salário, que o devedor faça um levantamento de quais as contas em aberto e quais podem ser liquidadas de imediato”, aconselha Martins. Os impostos cuja obrigatoriedade de pagamento se dá no início do ano, como IPTU e IPVA, podem ser quitados com um bom desconto à vista. Caso o beneficiário consiga reservar uma parte do 13º, que o valor, ainda que pouco, seja colocado em investimentos seguros e com liquidez, como a renda fixa.
Martins também alerta para a importância do autocontrole neste período, que envolve Black Friday e promoções de final do ano. “As ofertas nesse período sempre são tentadoras porque as lojas querem renovar os estoques e colocam muitos itens em promoção. O importante é não sucumbir ao impulso, adquirindo algo que não é prioridade. Quando encontrar uma promoção, espere o outro dia. Provavelmente você vai ver que não precisa”, destaca.
'Benefício pode ser o primeiro passo para iniciar um investimento'
Especialista lembra planos a partir de R$ 50 mensais
Fipecafi/Divulgação/JCO pagamento de dívidas sempre deverá ser prioridade, considerando as altas taxas de juros. As projeções dos economistas são de que haja um novo ciclo de alta, levando a Selic ao patamar de 12%. “O melhor, neste momento é quitar todas as dívidas possíveis ou abater o máximo possível”, aconselha o economista Hudson Bessa, especialista em finanças e professor da Fipecafi, fundação ligada à USP na área de Economia. Cartões de crédito, cheque especial ou financiamentos de carros usados, que costumam ser com juros altos, são dívidas que devem estar no foco de quem esteja devendo. “Nesse momento, ficar sem dívidas é a melhor opção.
”A partir daí, observa Bessa, em um segundo momento, o ideal é planejar-se para os impostos do primeiro trimestre, e, em terceiro lugar, caso sobrem recursos, sejam direcionados para algum investimento. “Quando a questão é orçamento, temos que olhar para três aspectos: as dívidas, que devem estar sob controle e serem feitas com taxas de juros menores; os gastos recorrentes, para manter o padrão de vida escolhido; e, por fim, uma poupança, que possa garantir o futuro”, explica.
A melhor poupança, de acordo com o especialista, é a previdência privada, principalmente se considerada a renda média do brasileiro de R$ 3 mil. Os planos podem ser feitos a partir de R$ 50 mensais, e podem começar desde já, após as dívidas quitadas”, observa. Bessa sugere o PGBL (Plano Gerador de Benefício Livre), a modalidade mais indicada para quem entrega a declaração completa do Imposto de Renda. Esse tipo de previdência privada permite que o valor investido no plano seja deduzido em até 12% da renda bruta tributável. A idade não determina quem pode investir em previdência privada. Com uma média ideal de 10 anos de aplicação, mesmo pessoas com mais de 50 anos podem fazer essa previsão.
“Costumo dizer que as pessoas que não têm objetivo de vida também não têm objetivo de investimento. Por consequência, essas pessoas não têm uma meta e acabam não poupando”, observa. Para Bessa, mesmo em final de ano e com todas as obrigações a serem cumpridas, é possível iniciar um plano de poupança com o que sobrar do 13º salário.