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Publicada em 26 de Novembro de 2024 às 12:43

Açougue do Carrefour de Porto Alegre não apresenta falta de carne

Açougue do Carrefour no bairro Partenon estava com os estoques de carne e frango todos preenchidos

Açougue do Carrefour no bairro Partenon estava com os estoques de carne e frango todos preenchidos

Tânia Meinerz/JC
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Cláudio Isaías
Cláudio Isaías Repórter
Consumidores do Carrefour de Porto Alegre não perceberam ainda o boicote promovido por frigoríficos brasileiros contra o grupo francês. Na manhã desta terça-feira (26), o açougue da unidade do bairro Partenon estava com os estoques todos preenchidos.
Consumidores do Carrefour de Porto Alegre não perceberam ainda o boicote promovido por frigoríficos brasileiros contra o grupo francês. Na manhã desta terça-feira (26), o açougue da unidade do bairro Partenon estava com os estoques todos preenchidos.
Na semana passada, os funcionários, que pediram para não ser identificados, disseram que houve falta de carne e frango. Chamou atenção a presença de um segurança próximo do açougue nesta manhã. 
O assunto tem dominado o noticiário e gerado tensão nas relações comerciais entre Brasil e França. Entidades do setor, inclusive, se manifestaram. 
"É infeliz e infundada a declaração feita pelo CEO do Carrefour ao dizer que as carnes produzidas pelos países integrantes do Mercado Comum do Sul (Mercosul) não respeitam os critérios e normas do mercado francês", se posicionou a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) em nota. A ABPA afirma que a argumentação é claramente utilizada para fins protecionistas, ressonando uma visão errônea de produtores locais contra o necessário equilíbrio de oferta de produtos de seu próprio mercado.
Para a associação, a declaração do CEO do Carrefour, Alexandre Bompard, em nota publicada na rede social X (antigo Twitter), foge à lógica de uma organização global, com forte presença no Brasil, que deve atuar dentro dos princípios da competividade e respeito ao livre mercado. Por fim, a associação destaca que o protecionismo é, também, uma atitude de desrespeito aos princípios de sustentabilidade.
Ao impulsionar o bloqueio injustificado a produtos provenientes de regiões com melhor capacidade de produção com respeito às questões ambientais, o CEO do Carrefour coloca os consumidores de suas lojas em uma lógica de consumo com mais emissões e sob maior pressão inflacionária e menor acesso às classes menos favorecidas.
Em resposta ao CEO do Carrefour sobre as carnes produzidas no Mercosul, 41 entidades representantes da cadeia produtiva brasileira publicaram uma carta aberta em que afirmam que a posição do grupo francês, além de infundada, é desprovida de coerência com os princípios do livre mercado, da sustentabilidade e da cooperação internacional. 
A decisão anunciada, segundo a nota, demonstra uma abordagem protecionista que contradiz o papel de uma empresa global com operações em mercados diversos e interdependentes. O comunicado afirma que o Brasil é referência mundial na produção e exportação de proteínas animais. "Somos líderes globais na exportação de carne bovina e de frango, e nossa produção é amplamente reconhecida pela excelência, sendo abastecida por rigorosos controles sanitários e padrões de qualidade que atendem a mais de 160 países, incluindo mercados exigentes como União Europeia, Estados Unidos, Japão e China."
O documento afirma que nos últimos 30 anos a pecuária brasileira aumentou sua produtividade em 172%, enquanto reduziu a área de pastagem em 16%. Esses avanços foram possíveis graças a um compromisso contínuo com a inovação, eficiência produtiva e práticas sustentáveis. Além disso, a legislação ambiental é uma das mais rigorosas do mundo, assegurando o equilíbrio entre produção agropecuária e preservação dos recursos naturais.
As áreas dedicadas à preservação da vegetação nativa pelo agro brasileiro somam 282,8 milhões de hectares, representando 33,2% do território do Brasil. Para se ter uma ideia, essa área equivale a um pouco mais de quatro vezes o território da França ou quase oito vezes o território da Alemanha. "O Brasil preserva mais do que o dobro da área destinada à preservação ambiental em comparação com a França, um dado que questiona a postura crítica do Carrefour em relação à nossa produção."

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