Porto Alegre,

Anuncie no JC
Assine agora

Publicada em 12 de Novembro de 2024 às 17:31

Após encalhe de navios, Canal de Itapuã terá dragagem emergencial na próxima semana

Navio Eva Shangai foi uma das embarcações que encalhou no local

Navio Eva Shangai foi uma das embarcações que encalhou no local

VesselTracker/Reprodução/JC
Compartilhe:
Jefferson Klein
Jefferson Klein Repórter
Após dois navios (o Eva Shangai e o Mount Taranaki) recentemente encalharem no canal de Itapuã, que liga o Guaíba à Lagoa dos Patos, uma dragagem emergencial do local será iniciada na próxima semana. Até a conclusão dessa ação todos os navios com calado a partir de 5,18 metros terão que esperar uma janela meteorológica (nível de água) para prosseguir viagem, informa a assessoria da Portos RS (empresa pública vinculada ao governo gaúcho e responsável por administrar o sistema hidroportuário no Rio Grande do Sul).
Após dois navios (o Eva Shangai e o Mount Taranaki) recentemente encalharem no canal de Itapuã, que liga o Guaíba à Lagoa dos Patos, uma dragagem emergencial do local será iniciada na próxima semana. Até a conclusão dessa ação todos os navios com calado a partir de 5,18 metros terão que esperar uma janela meteorológica (nível de água) para prosseguir viagem, informa a assessoria da Portos RS (empresa pública vinculada ao governo gaúcho e responsável por administrar o sistema hidroportuário no Rio Grande do Sul).
Além de Itapuã, que permite a ligação hidroviária entre os portos da capital gaúcha e de Rio Grande, uma das prioridades será a dragagem do canal Furadinho (que possibilita o acesso fluvial ao Polo Petroquímico de Triunfo). A Porto RS não divulgou uma estimativa de tempo para finalizar o serviço. Os investimentos para essas ações estão dentro da liberação de R$ 731 milhões para dragagens nas hidrovias gaúchas, anunciada pelo governo do Estado, e que conta com recursos do Fundo do Plano Rio Grande (Funrigs).
O aporte total prevê a execução de serviços de batimetria e dragagem em mais de 320 quilômetros de hidrovias interiores, além de cerca de 40 quilômetros de canais na área portuária de Rio Grande e do seu canal de acesso. “O governo do Estado faz um investimento histórico, robusto no setor como forma de enfrentamento aos problemas que a enchente trouxe ao Rio Grande do Sul”, diz o secretário de Logística e Transportes, Juvir Costella. Ele assinala que são obras fundamentais para que se tenha uma retomada completa na navegação, prejudicada pelo assoreamento das vias fluviais provocado depois das enchentes que assolaram o Estado.
Inicialmente, a expectativa era que os recursos para a dragagem da hidrovia fossem provenientes do Departamento Nacional de Infraestrutura dos Transportes (Dnit). No entanto, uma fonte que acompanha o assunto, afirma que a demora na liberação de recursos por parte da autarquia federal fez com que o governo estadual se adiantasse e resolvesse bancar o serviço. A reportagem do Jornal do Comércio fez o questionamento ao Dnit sobre a situação da dragagem no Rio Grande do Sul, porém até a publicação desta matéria não havia obtido retorno.
O presidente da Portos RS, Cristiano Klinger, recorda que, a partir do momento da enchente, o governo federal sinalizou que iria disponibilizar o recurso de um crédito extraordinário para poder fazer a execução da dragagem. “Mas, com a situação do assoreamento se agravando, surge a necessidade de a gente dar essa celeridade, conseguir executar de forma urgente e muito rápida essas obras”, argumenta o dirigente. Dentro desse contexto entrou o apoio do Funrigs.
O presidente da Associação Hidrovias do Rio Grande do Sul (Hidrovias RS – entidade que representa empresas que utilizam o transporte hidroviário), Wilen Manteli, prefere que a Porto RS responda pelo serviço. “O Dnit pode apoiar pela sua expertise, mas não é bom deixar tudo a cargo do departamento porque aí centraliza em Brasília”, aponta o dirigente.
Manteli também alerta que não se deve apenas olhar para o eixo central da hidrovia gaúcha, que liga Porto Alegre a Rio Grande. Ele frisa que é preciso também observar como está a navegação em rios como o Jacuí, Gravataí e Sinos. O representante da Hidrovias RS salienta que há várias empresas que utilizam essas vias fluviais para realizar sua logística.
Ele sugere ainda que a batimetria da hidrovia (que possibilitará uma dragagem de maior porte) seja feita o mais rapidamente possível e que se faça a dragagem emergencial dos trechos que são bem-conhecidos da navegação gaúcha. “O principal é desobstruir os canais”, reforça.
No caso de Itapuã, por exemplo, Manteli adverte que quando um navio encalha no canal ele impede que outra embarcação passe por aquele caminho. Outra pessoa que acompanha a situação é o presidente da Frente Parlamentar pelo Desenvolvimento das Atividades Náuticas, Portuárias e Hidroviárias, deputado Capitão Martim (Republicano) “Apresentei a preocupação sobre esses bloqueios (no canal de Itapuã), que têm gerado gargalos logísticos no porto de Porto Alegre”, enfatiza o parlamentar.

Em Rio Grande foram retirados cerca de 2 milhões de metros cúbicos de sedimentos

O presidente da Frente Parlamentar pelo Desenvolvimento das Atividades Náuticas, Portuárias e Hidroviárias, deputado Capitão Martim (Republicano), também visitou o Porto do Rio Grande onde constatou o resultado das recentes obras de dragagem realizadas nos Molhes da Barra de onde foram retirados quase 2 milhões de metros cúbicos de sedimentos. Segundo ele, esse volume daria para encher 330 campos de futebol com um metro de areia.
O calado de entrada do porto gaúcho alcançou agora 14,2 metros, ampliando a capacidade de recepção de embarcações e fortalecendo a movimentação de cargas. A expectativa é que o calado de Rio Grande aumentará ainda mais, passando a 15,2 metros, o que permitirá o ingresso de supernavios e elevando a competitividade do Rio Grande do Sul no comércio internacional. "A previsão é que, até o final do ano, outros pontos críticos nas hidrovias de acesso ao porto de Porto Alegre também sejam dragados, assegurando maior fluidez e eficiência no transporte de cargas em toda a região”, acrescenta Martim.

Notícias relacionadas