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Publicada em 12 de Novembro de 2024 às 15:16

Indústria calçadista deve crescer até 3% em 2024 e cerca de 2% em 2025, afirma Abicalçados

Dados do setor foram apresentados em coletiva de imprensa na BFShow

Dados do setor foram apresentados em coletiva de imprensa na BFShow

Bárbara Lima/Especial/JC
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Bárbara Lima
Bárbara Lima Repórter
Em coletiva de imprensa nesta terça-feira (12), durante o segundo dia da feira Brazil Footwear Show (BFShow), realizada no distrito do Anhembi, em São Paulo, o presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), Haroldo Ferreira, apresentou os dados do setor para o ano de 2024 e as projeções para 2025. Segundo ele, o segmento deve crescer até 3,2% em 2024, variando entre 882 e 893 milhões de pares produzidos.A entidade projeta perspectivas positivas também para 2025, com um crescimento próximo de 2%, o que poderá elevar a produção a 904 milhões de pares, superando, pela primeira vez, os números pré-pandemia.Até agora em 2024, o setor também ampliou o número de empregos: foram criadas 14,6 mil novas vagas, totalizando 294,8 mil postos no país. O Rio Grande do Sul continua sendo o estado com maior número de empregos diretos no setor, com 84,7 mil postos, embora tenha registrado um recuo de 5% em relação a 2023.O estado gaúcho também lidera as exportações até outubro de 2024, com 27,1 milhões de pares, número que representa uma queda de 11,2% em relação ao mesmo período do ano passado. No total, o Brasil exportou 81,2 milhões de pares até outubro, uma redução superior a 20% em comparação a 2023, quando o país exportou 118,3 milhões de pares. Até o fim deste ano, esse número deve variar entre 95,6 e 101,2 milhões.Em contrapartida, o consumo aparente e as importações aumentaram em 2024. O consumo aparente (indicador que soma a produção nacional às importações, descontadas as exportações) cresceu 9,6%. Até outubro, o Brasil importou 29,8 milhões de pares, um aumento de 20% em relação ao mesmo período de 2023. Cerca de 80% desses produtos são provenientes de países asiáticos, principalmente da China, Vietnã e Indonésia.“Nossa indústria poderia crescer mais, mas enfrenta a concorrência de importações. Estamos sofrendo com o aumento expressivo de importações vindas de países como Camboja e Mianmar, para onde a China tem expandido sua produção. Isso impacta as exportações e afeta o mercado na América Latina e nos Estados Unidos, em razão da concorrência predatória asiática”, criticou o presidente da Abicalçados.Devido a essa situação, o setor tem se mobilizado junto ao governo federal para ampliar a aplicação da lei antidumping, que já impõe taxas sobre importações da China, para esses outros países. No comércio, a lei antidumping é uma medida que permite ao país aplicar tarifas adicionais a produtos estrangeiros que chegam ao mercado com preços muito baixos, considerados desleais para a indústria nacional.
Em coletiva de imprensa nesta terça-feira (12), durante o segundo dia da feira Brazil Footwear Show (BFShow), realizada no distrito do Anhembi, em São Paulo, o presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), Haroldo Ferreira, apresentou os dados do setor para o ano de 2024 e as projeções para 2025. Segundo ele, o segmento deve crescer até 3,2% em 2024, variando entre 882 e 893 milhões de pares produzidos.

A entidade projeta perspectivas positivas também para 2025, com um crescimento próximo de 2%, o que poderá elevar a produção a 904 milhões de pares, superando, pela primeira vez, os números pré-pandemia.

Até agora em 2024, o setor também ampliou o número de empregos: foram criadas 14,6 mil novas vagas, totalizando 294,8 mil postos no país. O Rio Grande do Sul continua sendo o estado com maior número de empregos diretos no setor, com 84,7 mil postos, embora tenha registrado um recuo de 5% em relação a 2023.

O estado gaúcho também lidera as exportações até outubro de 2024, com 27,1 milhões de pares, número que representa uma queda de 11,2% em relação ao mesmo período do ano passado. No total, o Brasil exportou 81,2 milhões de pares até outubro, uma redução superior a 20% em comparação a 2023, quando o país exportou 118,3 milhões de pares. Até o fim deste ano, esse número deve variar entre 95,6 e 101,2 milhões.

Em contrapartida, o consumo aparente e as importações aumentaram em 2024. O consumo aparente (indicador que soma a produção nacional às importações, descontadas as exportações) cresceu 9,6%. Até outubro, o Brasil importou 29,8 milhões de pares, um aumento de 20% em relação ao mesmo período de 2023. Cerca de 80% desses produtos são provenientes de países asiáticos, principalmente da China, Vietnã e Indonésia.

“Nossa indústria poderia crescer mais, mas enfrenta a concorrência de importações. Estamos sofrendo com o aumento expressivo de importações vindas de países como Camboja e Mianmar, para onde a China tem expandido sua produção. Isso impacta as exportações e afeta o mercado na América Latina e nos Estados Unidos, em razão da concorrência predatória asiática”, criticou o presidente da Abicalçados.

Devido a essa situação, o setor tem se mobilizado junto ao governo federal para ampliar a aplicação da lei antidumping, que já impõe taxas sobre importações da China, para esses outros países. No comércio, a lei antidumping é uma medida que permite ao país aplicar tarifas adicionais a produtos estrangeiros que chegam ao mercado com preços muito baixos, considerados desleais para a indústria nacional.
Haroldo comentou que uma consultoria já está avaliando o impacto desses produtos de outros países asiáticos no mercado brasileiro. “Esse é o primeiro passo para iniciarmos o processo; acreditamos que até janeiro teremos dados concretos para apresentar um pedido formal à Câmara de Comércio Exterior (Camex). Com os dados que já apresentamos, o governo já começa a perceber o impacto das importações desses países”, explicou.

“As cadeias produtivas na China não seguem agendas de sustentabilidade e responsabilidade ambiental, como acontece no Brasil. Isso configura concorrência desleal. Além disso, a taxa atual de 20% sobre as plataformas internacionais ainda é insuficiente”, ponderou.

Para o empresário Roberto Argenta, presidente da Calçados Beira-Rio, além de enfrentar as importações desleais, o Brasil precisa investir mais na exportação. “O governo poderia fortalecer a presença na América Latina, buscando acordos que reduzam as tarifas quando nossos produtos entram nesses mercados. Ainda falta uma ação concreta para ampliar nossas vendas na região”, afirmou.

Falta de mão de obra preocupa empresários do setor


A falta de mão de obra foi uma das principais preocupações mencionadas por expositores à reportagem. Segundo os empresários presentes na coletiva, o assistencialismo e a perda de benefícios sociais ao aceitar um emprego têm desestimulado os trabalhadores. “Se as pessoas trabalham, perdem o subsídio do Bolsa Família. Muitas realmente precisam desse apoio, então deveria haver uma maneira de conciliar o trabalho com o benefício. Na nossa empresa, fortalecemos o setor de recursos humanos para buscar incentivos internamente”, disse Pedro Bartelle, presidente da Vulcabras.

Rodrigo Martins, presidente da Marina Mello, concorda. “Sem uma gestão cuidadosa, o subsídio pode acabar favorecendo o emprego informal, pois com o emprego formal o benefício é retirado”, afirmou.

Durante a coletiva, Haroldo Ferreira também se posicionou contra a proposta de alteração na jornada de trabalho que está sendo debatida na Câmara de Deputados. A proposta sugere mudar a conhecida jornada 6x1, em que o trabalhador atua durante seis dias de trabalho seguidos e tem um dia de folga, para um modelo mais flexível com quatro dias de trabalho por semana com no máximo 36 horas semanais e 8 horas por dia. “Já temos dificuldade em encontrar mão de obra e, se a jornada for reduzida sem uma compensação salarial, será mais desafiador. Em um país que precisa gerar empregos, não apoiamos essa mudança”, declarou.

A terceira edição da BFShow segue até esta quarta-feira (13), com a presença de 10 mil compradores de 61 países importadores, 330 marcas, 230 expositores e 25 mil metros quadrados de feira, mais que o dobro da primeira edição, realizada no ano passado em Porto Alegre. A quarta edição está marcada para os dias 19 a 21 de maio do próximo ano.

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