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Publicada em 07 de Novembro de 2024 às 13:48

Instituto CPFL investe no ano cerca de R$ 37 milhões em ações sociais

CPFL Energia e a State Grid também desenvolvem medidas como dessalinização de água

CPFL Energia e a State Grid também desenvolvem medidas como dessalinização de água

Jefferson Klein/Especal/JC
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Jefferson Klein, de João Câmara
Jefferson Klein, de João Câmara
Chegando ao final de 2024, a estimativa do Instituto CPFL é investir em torno de R$ 37 milhões em suas frentes sociais somente neste ano. A associação é vinculada ao grupo brasileiro CPFL Energia, que em 2017 foi adquirido pela gigante chinesa State Grid, e a entrada dos asiáticos introduziu um elemento de aproximação entre os dois países quanto a ações realizadas.

Recentemente, uma delegação de jornalistas brasileiros e chineses conferiram, no Rio Grande do Norte (onde a CPFL gera energia eólica), algumas das medidas que foram adotadas na área social, já com a State Grid no comando da companhia. No município de João Câmara, que fica a cerca de 80 quilômetros da capital Natal, uma das iniciativas mais relevantes foi a instalação de um dessalinizador.

“A gente trabalha com a extração da água do solo (do lençol freático), tratamento e distribuição para a população”, explica o gerente sênior de O&M da CPFL Renováveis, Felipe Oliveira. Depois que a água se torna potável, ela é encaminhada para três chafarizes que ficam nas comunidades de Santa Terezinha, Serrote de São Bento e Amarelão. Antes dessa solução, a população dessas regiões era abastecida por meio de mecanismos como, por exemplo, caminhões-pipa.

A capacidade do dessalinizador é para operar com em torno de 80 mil litros diários. Com quase dois anos de funcionamento, o empreendimento absorveu um investimento de cerca de R$ 8 milhões. Oliveira acrescenta que também foram instalados painéis fotovoltaicos ao lado do equipamento para o sistema ter mais autonomia de operação. Apenas 30% da água bruta coletada tem condições de ser tornada potável e os 70% restantes é considerado como rejeito, sendo colocado em um depósito para evaporar, já que esse líquido possui uma grande quantidade de sais, dificultando o seu aproveitamento.

Outra ação desenvolvida na cidade pelas empresas é o Energia Sonora. O professor e coordenador do projeto, Fernando Batista, destaca que a iniciativa busca integrar e formar o conceito de cidadania, através da música, em crianças e jovens (de seis a 16 anos de idade) de oito comunidades de João Câmara. “Sendo que cinco dessas comunidades são indígenas”, detalha. Ele informa que são mais de 300 crianças abrangidas. O projeto iniciou no final de março deste ano e trabalha com instrumentos como violão, teclado, percussão e flauta-doce, além de fazer o resgate de músicas na língua Tupi.

Sarah Rose da Silva dos Santos, de 11 anos, é uma das participantes da ação, desde o seu início. Fã do grupo BTS e da música Trem-Bala, Sarah resume sua experiência no Energia Sonora: “legal. Agora eu arrumei alguma coisa para fazer”. Com o violão como instrumento de preferência, de manhã ela faz as aulas de música e de tarde vai para o colégio.

Para Rejane Batista da Costa Feitosa, liderança indígena da comunidade Serrote de São Bento, o projeto é fundamental no desenvolvimento das jovens da localidade. “Porque essas crianças nunca tiveram programas sociais e a gente vê isso nos resultados na escola”, diz Rejane. Ela recorda que, antes da iniciativa, vários jovens não tinham qualquer tipo de lazer, muitas vezes trabalhando na quebra da castanha-de-caju, ajudando os pais.

Já no Fábrica de Atletas, o futebol é usado como ferramenta para promover a disciplina e a cooperação entre os jovens. Davi Lucas de Lima Barbosa, de doze anos e cursando o sétimo ano no colégio, é goleiro dentro do projeto e participa da ação há cerca de quatro meses. “Está sendo muito legal pra mim, tenho muitas amizades e assim vai”, comenta. O jovem foi “pegar” no gol seguindo os passos do tio. No futebol profissional, seu ídolo é o goleiro Weverton, do Palmeiras, mas seu sonho é defender as cores do rubro-negro carioca, o Flamengo. “Se não fosse isso (participar do projeto de futebol), a gente estava na castanha (na quebra para a venda) e isso eu não quero, quero um futuro melhor”, diz o menino.

O professor Francivânio da Silva Oliveira salienta que a iniciativa vem crescendo, envolvendo meninas e meninos. “As crianças estão tendo uma grande oportunidade de praticar um esporte, o que vem desenvolvendo muito elas, não somente dentro do campo, mas também fora dele”, garante Oliveira. Segundo ele, são 400 jovens que participam desse programa.

“Os projetos têm uma pegada de fortalecimento de implementação de políticas públicas, que são escassas na comunidade”, ressalta Deoclécio Bezerra da Costa, líder indígena, também conhecido como Y,membyra, que significa em tupi filho das águas. Ele comenta que várias crianças ficam ajudando os pais com a produção da castanha-de-caju, justamente devido à falta de políticas públicas.

Produção de mel é alternativa para geração de renda

Apiário modelo deve entrar em atividade até o fim de novembro

Apiário modelo deve entrar em atividade até o fim de novembro

Isadora Aragão/Divulgação/JC
O desenvolvimento da apicultura (cultivo de abelhas com ferrão) e da meliponicultura (cultivo de abelhas sem ferrão) para a produção de mel e derivados é outra opção que será incentivada na região de João Câmara. Nessa ação, CPFL e State Grid aportarão cerca de R$ 1,1 milhão. Faz parte ainda da proposta o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Rio Grande do Norte (Sebrae-RN) como executor.

A gerente da Unidade de Desenvolvimento Rural do Sebrae-RN, Mona Paula Santos da Nóbrega, detalha que a intenção, dentro desse projeto chamado de Quintais Mendonça, é instalar 25 unidades de apicultura e cinco de meliponicultura. Serão atendidas nesse trabalho as comunidades de Santa Terezinha, Serrote de São Bento e Amarelão. O foco, de acordo com Mona, é trabalhar com a questão da consciência e conservação da biodiversidade local, atrelada com a geração de renda na comunidade. “Eles passarão de coletores de mel para produtores de mel”, enfatiza.

A integrante do Sebrae-RN informa que as beneficiárias diretas serão trinta famílias, porém o projeto “transborda” para o restante da comunidade com seus efeitos indiretos. O analista técnico do Sebrae-RN e gestor do projeto de apicultura e de meliponicultura, Nilson de Souza Dantas, adianta que a perspectiva é que a produção chegue a cerca de 80 quilos de mel por colmeia, no período de doze meses. O processo inicia com a captura das abelhas na natureza para multiplicar os enxames. Até o final de novembro, o apiário modelo já estará pronto e operacional. “A ideia é profissionalizar o pessoal”, frisa.

O consultor em Apicultura do Sebrae/RN, Charle da Silva Paiva, informa que a venda do mel será feita em parceria com casas que comercializam o produto na região. Ele acrescenta que cada enxame contará com algo entre 100 mil a 120 mil abelhas. “A gente tem um ditado aqui no sertão, quanto mais cabra, mais cabrito, então quanto mais abelha, mais mel”, brinca Paiva.

Para o prefeito de João Câmara, Manoel dos Santos Bernardo, as ações de responsabilidade social praticadas por empresas privadas possibilitam que várias crianças não caiam na ociosidade ou, por outro lado, no trabalho infantil. No caso específico da CPFL e da State Grid, ele ressalta que a atividade dessas empresas na região contribui para a geração de energia renovável, o que favorece o desenvolvimento sustentável. “Eu acredito que o Brasil está avançando para ser uma potência na energia renovável”, frisa o dirigente.

Já no Rio Grande do Sul, um dos projetos sociais desenvolvidos pelo Instituto CPFL é o cinesolar. “É um furgão, movido à energia solar, então à noite ele tira as cadeiras do seu Interior e apresenta filmes”, explica a head do Instituto CPFL, Daniela Ortolani Pagotto.

O veículo, que atuava no Estado, foi danificado durante as enchentes deste ano, enquanto estava parado em um estacionamento. As sessões no Rio Grande do Sul, enquanto o furgão passa por manutenção, estão sendo realizadas por um veículo que antes se encontrava em São Paulo. No entanto, também devido aos impactos do fenômeno climático, Daniela revela que onze cidades pediram para a atividade ser postergada para 2025.

No Estado, além de possuir o parque eólico de Palmares do Sul, a CPFL é a controladora da distribuidora RGE. E para realizar suas ações sociais, o Instituto CPFL conta com o apoio das leis de incentivo ao Esporte e à Cultura.

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