Porto Alegre,

Anuncie no JC
Assine agora

Publicada em 04 de Novembro de 2024 às 16:47

Paulo Guedes diz que Brasil não seguiu a onda mundial de crescimento

A convite da Fecomércio, o ex-ministro palestrou para empresários e políticos

A convite da Fecomércio, o ex-ministro palestrou para empresários e políticos

TÂNIA MEINERZ/JC
Compartilhe:
Caren Mello
Caren Mello
O Brasil tem uma oportunidade de se recolocar no cenário internacional com a reconfiguração das cadeias produtivas globais. Com a chegada de novas tecnologias, sobretudo a Inteligência Artificial, a indústria precisará de energia. A extensa fronteira agrícola também é um capital que poderá se tornar um diferencial com o aumento populacional previsto de mais de 2 bilhões de pessoas dentro de 25 anos. A avaliação foi feita pelo ex-ministro da Fazenda Paulo Guedes, que esteve em Porto Alegre a convite da Federação do Comércio de Bens e de Serviços do Estado do Rio Grande do Sul (Fecomércio-RS) nesta segunda-feira, 4 de novembro.
O Brasil tem uma oportunidade de se recolocar no cenário internacional com a reconfiguração das cadeias produtivas globais. Com a chegada de novas tecnologias, sobretudo a Inteligência Artificial, a indústria precisará de energia. A extensa fronteira agrícola também é um capital que poderá se tornar um diferencial com o aumento populacional previsto de mais de 2 bilhões de pessoas dentro de 25 anos. A avaliação foi feita pelo ex-ministro da Fazenda Paulo Guedes, que esteve em Porto Alegre a convite da Federação do Comércio de Bens e de Serviços do Estado do Rio Grande do Sul (Fecomércio-RS) nesta segunda-feira, 4 de novembro.
À frente da pasta entre os anos 2019 e 2022, Guedes palestrou para cerca de 500 convidados, entre empresários, políticos e dirigentes de sindicatos. Atenta, a plateia ouviu Guedes discorrer sobre as mudanças pelas quais passou o mundo desde o final da Primeira Guerra Mundial, ao mesmo tempo que garantiu a impossibilidade de uma terceira porque prejudicaria o comércio mundial. “Comerciante não gosta de guerra. Daqui a pouco vão falar para a Rússia se comportar”, projetou.

Entre os anos 1900 e 2000, destacou, nunca houve tanto progresso e avanço. Com a chamada Pax Americana, quando se consolidou a hegemonia dos Estados Unidos, teve o início da implementação das democracias liberais, com países como Alemanha e Japão se tornando as maiores economias do mundo. Caso a Rússia tivesse entrado na Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), segundo ele, estaria hoje fortalecida.

Por outro caminho teria seguido a América Latina, onde os países começaram um processo de regressão. “Havia dois caminhos, o do sucesso, com o capitalismo, ou o da miséria, com o socialismo. Por aqui, escolheram o segundo”, disse, ponderando que a Argentina, após mais de 100 anos, começa a reagir. Os países do ocidente saíram da miséria, segundo ele, se integrando à economia global, não tendo previdência social, nem encargos trabalhistas e com uma economia aberta.

Dizendo-se avesso à palavra capitalismo, preferindo chamar de economia de mercado, o ex-ministro lembrou que o modelo não só promove mais empregos, como permite salários melhores. Citou povos como os sumérios e babilônios, que à época tinham bancos e comércio. “A economia de mercado é uma linguagem universal”, disse. No entanto, embora a democracia tenha avançado, desde a época dos gregos, a assimetria entre os países continua. “A guerra fria continua, com a liderança é da China. Esta guerra entrou na dimensão cibernética, sanitária e geopolítica. A geopolítica pulou para o banco da frente do carro e empurrou a economia para o banco de trás.”

Nesse cenário, segundo ele, o Brasil está chegando no final do “baile global”, depois que o mundo todo cresceu. Mas ainda há tempo de uma reação. Durante o governo de Jair Bolsonaro, segundo Guedes, o Brasil reduziu impostos, lutou contra a epidemia e cresceu, “Fizemos um trabalho forte e coerente. Deixamos o Brasil com tudo arrumadinho. Mas está faltando a taxação dos super ricos”, suscitou, lembrando que temos energia limpa, somos a segurança energética da Europa e a segurança alimentar do mundo.

'Conservadorismo vai reacomodar economia'

Durante sua palestra, o ex-ministro Paulo Guedes alertou para a onda conservadora mundial que está se levantando. O movimento irreversível será o responsável pela reacomodação da economia mundial, com a diminuição de impostos, o fim de obrigações trabalhistas e a imposição de barreiras mais fortes e acertadas contra a entrada de imigrantes. De acordo com Guedes, a Europa vai ganhar com o conservadorismo, que deu um passo à frente para salvar o Ocidente. “Quem vai salvar a Itália com essa chegada de imigrantes são os conservadores. Acabou a brincadeira."

O Brasil teria condições de se recolocar no cenário internacional, mas a Economia deve se readequar. “Quem é que defende o emprego, a família e é contra imigrante? É o conservador. Não tem como receber os imigrantes. É da vida. A verdade é que o Ocidente apertou o botão de sobrevivência e chamou os conservadores. O conservadorismo é uma corrente emergente e não tem volta.”

Durante o evento, Paulo Guedes recebeu o troféu Economista Destaque do Ano, anunciado pelo Conselho Regional de Economia da 4ª Região (Corecon-RS) no ano passado. O prémio foi entregue em dezembro, mas não pode estar presente.

Acompanharam a palestra de Guedes, o secretário do Desenvolvimento Econômico, Ernani Polo, representando o governador Eduardo Leite, o senador Luis Carlos Heize e o ex-ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni.

O presidente da Fecomércio, Luiz Carlos Bohn, comemorou o evento como um momento importante para a Fecomércio. “É um grande dia para nós porque a política que o ex-ministro desenvolveu é a que sempre defendemos, com liberdade econômica, menor intervenção do Estado, liberdade para a iniciativa privada poder gerar emprego e renda, e liberdade de crítica e expressão.”

Notícias relacionadas