Com um plano de investimento na ordem de R$ 9,3 bilhões, entre 2024 e 2028, a Rio Grande Energia (RGE) pretende implementar 24 novas subestações neste período. Cinco desses empreendimentos (Frederico Westphalen 2, Gravataí 4, Santa Maria 6, Nova Santa Rita 2 e Cruzeiro do Sul) serão finalizados no próximo ano e implicarão aporte de R$ 180 milhões. O diretor-executivo da distribuidora gaúcha, Ricardo Dalan de Vargas, que assumiu o cargo em setembro, destaca que a constante melhoria da qualidade do fornecimento de energia é uma condição para que a empresa renove sua concessão, cujo contrato encerra em 2027. O dirigente é eletricista e também graduado em Administração de Empresas pela Universidade de Caxias do Sul, com MBA em Gestão Financeira, Controladoria e Auditoria pela Fundação Getulio Vargas (FGV).
Jornal do Comércio (JC) - Quais serão suas metas como diretor-executivo da RGE?
Ricardo Dalan de Vargas - A distribuidora nada mais é do que uma empresa que ganhou um regime de concessão para cuidar bem do sistema de distribuição, que é o fio, basicamente, pegando a energia de um lado e entregando do outro. Meu maior desafio aqui é melhorar cada vez mais essa entrega. E o outro lado da história é a qualidade. No caso das renovações das concessões, eu não tenho dúvidas que só vai se habilitar quem conseguir fazer isso (o atendimento) com maestria. O nosso contrato vai até 2027.
JC - Qual a perspectiva de investimento da companhia para os próximos anos?
Dalan - Entre 2024 e 2028, estamos indo para um ciclo de investimentos que será um recorde de R$ 9,3 bilhões. Nesse período, vamos investir em 24 subestações (já em 2025 serão concluídas cinco unidades, orçadas em R$ 180 milhões, situadas nos municípios de Frederico Westphalen, Gravataí, Santa Maria, Nova Santa Rita e Cruzeiro do Sul).
JC - O Rio Grande do Sul cada vez mais tem sido atingido por eventos climáticos extremos, como as distribuidoras de energia podem se preparar para essas situações?
Dalan - No mês passado, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e o governo estadual estavam apreensivos com a notícia que teria um ciclone e iria atingir o Rio Grande do Sul. A previsão era de ventos de 100 quilômetros por hora. Aí questionaram como estávamos preparados, se iriamos movimentar equipes, deslocar para cá ou para lá o pessoal. A resposta que eu dei foi que se fosse um vento de 100 quilômetros por hora, que iria varrer toda a área de concessão, seria precipitado movimentar equipes daqui para lá. Às vezes o pessoal cita a Flórida e as fotos de caminhões e o pessoal esperando passar um tornado. A área de concessão da RGE é maior que o estado da Flórida inteiro e um tornado tem uma área delimitada e aqui se falava que ia passar um ciclone que iria varrer toda a área de concessão.
JC - O que foi feito então?
Dalan - A gente tem 124 estações avançadas espalhadas em toda área de concessão e tínhamos que garantir que elas estavam preparadas para a contingência, com pessoal, equipamentos e veículos. Se fosse no setor aéreo, quando sabe que vai dar problema, se diria que é se preparar para o impacto.
JC - Então, pelo perfil desses fenômenos climáticos no Rio Grande do Sul, as concessionárias têm que ser mais reativas do que preventivas?
Dalan - Esse é o ponto. Às vezes, quem olha de fora dá palpite depois que aconteceu. Imagina se eu tomasse uma decisão (prévia) de movimentar equipes da região Metropolitana e levar para Santa Maria, porque a gente tinha a informação que iria entrar (o ciclone) pela Fronteira. Só que o pior vento ocorreu em Igrejinha e aí para trazer de volta o pessoal em uma área de concessão desse tamanho? Toda decisão em um momento como esse não é fácil.
JC - Qual a maior dificuldade enfrentada pela rede elétrica durante um temporal?
Dalan - A principal causa de desligamentos na tempestade são galhos e árvores que caem na rede. Um dos temas mais estratégicos do momento é o do convívio da rede elétrica com a vegetação. Dá para conviver, não precisa ser uma coisa ou outra, só que isso, talvez, nasceu errado. A partida foi inapropriada porque, quando as espécies foram plantadas antigamente, o pessoal não pensou que isso um dia viraria um problema. É possível substituir árvores que são de tamanhos inapropriados, principalmente em área urbana, por espécies que são adequadas.
JC - Que árvores seriam as mais apropriadas para conviver com a rede elétrica?
Ricardo Dalan de Vargas - A distribuidora nada mais é do que uma empresa que ganhou um regime de concessão para cuidar bem do sistema de distribuição, que é o fio, basicamente, pegando a energia de um lado e entregando do outro. Meu maior desafio aqui é melhorar cada vez mais essa entrega. E o outro lado da história é a qualidade. No caso das renovações das concessões, eu não tenho dúvidas que só vai se habilitar quem conseguir fazer isso (o atendimento) com maestria. O nosso contrato vai até 2027.
JC - Qual a perspectiva de investimento da companhia para os próximos anos?
Dalan - Entre 2024 e 2028, estamos indo para um ciclo de investimentos que será um recorde de R$ 9,3 bilhões. Nesse período, vamos investir em 24 subestações (já em 2025 serão concluídas cinco unidades, orçadas em R$ 180 milhões, situadas nos municípios de Frederico Westphalen, Gravataí, Santa Maria, Nova Santa Rita e Cruzeiro do Sul).
JC - O Rio Grande do Sul cada vez mais tem sido atingido por eventos climáticos extremos, como as distribuidoras de energia podem se preparar para essas situações?
Dalan - No mês passado, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e o governo estadual estavam apreensivos com a notícia que teria um ciclone e iria atingir o Rio Grande do Sul. A previsão era de ventos de 100 quilômetros por hora. Aí questionaram como estávamos preparados, se iriamos movimentar equipes, deslocar para cá ou para lá o pessoal. A resposta que eu dei foi que se fosse um vento de 100 quilômetros por hora, que iria varrer toda a área de concessão, seria precipitado movimentar equipes daqui para lá. Às vezes o pessoal cita a Flórida e as fotos de caminhões e o pessoal esperando passar um tornado. A área de concessão da RGE é maior que o estado da Flórida inteiro e um tornado tem uma área delimitada e aqui se falava que ia passar um ciclone que iria varrer toda a área de concessão.
JC - O que foi feito então?
Dalan - A gente tem 124 estações avançadas espalhadas em toda área de concessão e tínhamos que garantir que elas estavam preparadas para a contingência, com pessoal, equipamentos e veículos. Se fosse no setor aéreo, quando sabe que vai dar problema, se diria que é se preparar para o impacto.
JC - Então, pelo perfil desses fenômenos climáticos no Rio Grande do Sul, as concessionárias têm que ser mais reativas do que preventivas?
Dalan - Esse é o ponto. Às vezes, quem olha de fora dá palpite depois que aconteceu. Imagina se eu tomasse uma decisão (prévia) de movimentar equipes da região Metropolitana e levar para Santa Maria, porque a gente tinha a informação que iria entrar (o ciclone) pela Fronteira. Só que o pior vento ocorreu em Igrejinha e aí para trazer de volta o pessoal em uma área de concessão desse tamanho? Toda decisão em um momento como esse não é fácil.
JC - Qual a maior dificuldade enfrentada pela rede elétrica durante um temporal?
Dalan - A principal causa de desligamentos na tempestade são galhos e árvores que caem na rede. Um dos temas mais estratégicos do momento é o do convívio da rede elétrica com a vegetação. Dá para conviver, não precisa ser uma coisa ou outra, só que isso, talvez, nasceu errado. A partida foi inapropriada porque, quando as espécies foram plantadas antigamente, o pessoal não pensou que isso um dia viraria um problema. É possível substituir árvores que são de tamanhos inapropriados, principalmente em área urbana, por espécies que são adequadas.
JC - Que árvores seriam as mais apropriadas para conviver com a rede elétrica?
Dalan - A sugestão são espécies com altura média de até quatro metros, como a Grevílea-anã, Caliandra, Acerola e Cabeludinha. Mais do que essa altura pode plantar, mas longe da rede elétrica.
JC - O governo do Estado tem um projeto de lei (PL 301, que trata dos planos municipais de arborização urbana e estabelece diretrizes e critérios para o manejo de vegetação sob redes de distribuição) que foi encaminhado para a Assembleia Legislativa. Qual a sua expectativa quanto a essa matéria?
Dalan - Eu acredito que há um momento propício para ser aprovado. Essa ação nasceu de uma sensibilização do governo estadual passando pelas crises (climáticas) desde setembro do ano passado. A partir de lá ficou claro esse cenário. O projeto é uma espécie de gabarito que permitirá que as prefeituras arregacem as mangas e façam algo diferente. Tem prefeitura que está um pouco mais organizada e outras nem tanto. Nós atendemos a 381 municípios e cada um está em um nível diferente do outro nesse assunto.
JC - A RGE já desenvolve alguma iniciativa na questão da arborização?
Dalan - A gente quer ajudar quem quer ser ajudado. Fazemos parcerias e temos um programa que é o Arborização + Segura, que atua nesse sentido. Estamos dispostos a remover uma árvore de tamanho inadequado e fazemos um convênio com a prefeitura para fazer o replantio de árvores de tamanhos adequados.
JC - A pressão que a Aneel fez em cima da distribuidora Enel pela demora no restabelecimento de energia após fortes chuvas que assolaram a cidade de São Paulo preocupa que algo semelhante possa ocorrer futuramente no Rio Grande do Sul, que é um estado que constantemente sofre com tempestades?
Dalan - Não gera medo, mas serve para que a gente seja mais eficiente. A gente fica olhando o cenário e pensamos: bom, não podemos nos atrapalhar no restabelecimento.
JC - Por outro lado, o momento atribulado vivido pela Aneel, alvo de críticas vindas do governo federal, pode impactar a operação das distribuidoras brasileiras?
Dalan - Atuamos em um setor que é regulado, o que interessa para nós é que a regulação esteja ok. Se a regra do jogo está dada, é vida que segue. Mas, claro que a gente fica observando.
JC - O crescimento da geração distribuída (em que o próprio consumidor produz sua energia, normalmente por painéis fotovoltaicos) tem impactado a operação da rede elétrica da RGE?
Dalan - O Rio Grande do Sul é um dos estados que mais conecta geração distribuída. Então é natural que essas regiões, que têm mais volume, comecem a enfrentar, eu não vou dizer dificuldades, mas elas começam a perceber os efeitos que isso tecnicamente pode causar. A gente já tem um mapa apontando que existem situações em que essa energia gerada e injetada na nossa rede já começa a ter um limite.
JC - Uma medida costumeiramente adotada pela RGE é a substituição de postes de madeira por concreto. Como está essa ação atualmente?
Dalan - No ano passado, 18% dos nossos postes (que somam um total em torno de 2 milhões de unidades) eram de madeira e a meta é baixar para 9% em 2025. A gente troca mais de 300 postes por dia, em média.
JC - O governo do Estado tem um projeto de lei (PL 301, que trata dos planos municipais de arborização urbana e estabelece diretrizes e critérios para o manejo de vegetação sob redes de distribuição) que foi encaminhado para a Assembleia Legislativa. Qual a sua expectativa quanto a essa matéria?
Dalan - Eu acredito que há um momento propício para ser aprovado. Essa ação nasceu de uma sensibilização do governo estadual passando pelas crises (climáticas) desde setembro do ano passado. A partir de lá ficou claro esse cenário. O projeto é uma espécie de gabarito que permitirá que as prefeituras arregacem as mangas e façam algo diferente. Tem prefeitura que está um pouco mais organizada e outras nem tanto. Nós atendemos a 381 municípios e cada um está em um nível diferente do outro nesse assunto.
JC - A RGE já desenvolve alguma iniciativa na questão da arborização?
Dalan - A gente quer ajudar quem quer ser ajudado. Fazemos parcerias e temos um programa que é o Arborização + Segura, que atua nesse sentido. Estamos dispostos a remover uma árvore de tamanho inadequado e fazemos um convênio com a prefeitura para fazer o replantio de árvores de tamanhos adequados.
JC - A pressão que a Aneel fez em cima da distribuidora Enel pela demora no restabelecimento de energia após fortes chuvas que assolaram a cidade de São Paulo preocupa que algo semelhante possa ocorrer futuramente no Rio Grande do Sul, que é um estado que constantemente sofre com tempestades?
Dalan - Não gera medo, mas serve para que a gente seja mais eficiente. A gente fica olhando o cenário e pensamos: bom, não podemos nos atrapalhar no restabelecimento.
JC - Por outro lado, o momento atribulado vivido pela Aneel, alvo de críticas vindas do governo federal, pode impactar a operação das distribuidoras brasileiras?
Dalan - Atuamos em um setor que é regulado, o que interessa para nós é que a regulação esteja ok. Se a regra do jogo está dada, é vida que segue. Mas, claro que a gente fica observando.
JC - O crescimento da geração distribuída (em que o próprio consumidor produz sua energia, normalmente por painéis fotovoltaicos) tem impactado a operação da rede elétrica da RGE?
Dalan - O Rio Grande do Sul é um dos estados que mais conecta geração distribuída. Então é natural que essas regiões, que têm mais volume, comecem a enfrentar, eu não vou dizer dificuldades, mas elas começam a perceber os efeitos que isso tecnicamente pode causar. A gente já tem um mapa apontando que existem situações em que essa energia gerada e injetada na nossa rede já começa a ter um limite.
JC - Uma medida costumeiramente adotada pela RGE é a substituição de postes de madeira por concreto. Como está essa ação atualmente?
Dalan - No ano passado, 18% dos nossos postes (que somam um total em torno de 2 milhões de unidades) eram de madeira e a meta é baixar para 9% em 2025. A gente troca mais de 300 postes por dia, em média.