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Publicada em 30 de Outubro de 2024 às 18:07

Plano de Desenvolvimento Econômico prevê dobrar crescimento do PIB gaúcho em seis anos

Governador disse que a iniciativa será um legado para o futuro do Estado

Governador disse que a iniciativa será um legado para o futuro do Estado

Maurício Tonetto/Secom/Divulgação/JC
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Caren Mello, Fernanda Crancio
O governo gaúcho lançou nesta quarta-feira (30) o seu Plano de Desenvolvimento Econômico, Inclusivo e Sustentável. Gestado com o objetivo de alavancar o crescimento da economia gaúcha a longo prazo, a iniciativa projeta conseguir dobrar a taxa anual do PIB estadual - entre 2002 e 2021, foi em torno de 1,6% ao ano-, que poderia chegar entre 2% e 3% ao ano em seis anos, até 2030.
O governo gaúcho lançou nesta quarta-feira (30) o seu Plano de Desenvolvimento Econômico, Inclusivo e Sustentável. Gestado com o objetivo de alavancar o crescimento da economia gaúcha a longo prazo, a iniciativa projeta conseguir dobrar a taxa anual do PIB estadual - entre 2002 e 2021, foi em torno de 1,6% ao ano-, que poderia chegar entre 2% e 3% ao ano em seis anos, até 2030.
A iniciativa voltada a alavancar a economia do Estado, englobando todas as regiões, é considerada ousada até pela equipe que apresentou o plano à imprensa ontem pela manhã. No material de divulgação distribuído, o projeto é apontado como "um passo visionário para ajustar a rota de crescimento". De acordo com o sócio da consultoria McKinsey & Company, Sérgio Canova Júnior, empresa responsável por formatar o diagnóstico que deu forma à proposta, cerca de 500 pessoas dos setores público e privado foram ouvidas e participaram da elaboração do material, que levou cerca de seis meses para ser concretizado.
"O objetivo é conseguir fazer com que o Estado cresça de forma sustentável. É um projeto ambicioso, mas factível. Se reposicionarmos a economia do RS, poderemos elevar o crescimento do PIB a 35 até 2030", destacou.
À tarde, o plano foi oficialmente lançado pelo governador Eduardo Leite em solenidade na Fundação Iberê Camargo. "A partir do Plano de Desenvolvimento, o Rio Grande do Sul passa a ter uma política de Estado, guiada por evidências científicas, para acelerar o desenvolvimento econômico e social. O nosso governo promoveu reformas estruturantes, recuperou a capacidade de investimento do Estado e agora está criando um plano que será um legado para o futuro do Rio Grande do Sul", disse o governador.
Segundo ele, o objetivo é conseguir consolidar o Rio Grande do Sul como "o melhor Estado para se viver no Brasil". "Temos um potencial enorme em diversas áreas e, com os desdobramentos do plano, estamos muito confiantes de que daremos um salto em direção a um futuro à altura do que merece a nossa população nos próximos anos", destacou.
O secretário-chefe da Casa Civil, Artur Lemos, disse ainda que o plano tem a intenção de projetar o que "vai dar sustentação" ao Estado".  "É ousado, mas se não fizermos diferente, vamos ficar no mesmo lugar, com altos e baixos no crescimento a cada ano. O Plano tem os pés no chão, porque faz olhar para aquilo que vai dar sustentação no futuro."
Integrado ao Plano Rio Grande do Executivo gaúcho, o Plano de Desenvolvimento Econômico considerou a realidade do RS dos últimos 20 anos e analisou indicadores socioeconômicos e de competitividade do Estado, considerando três pilares principais- econômico, que analisa a trajetória de crescimento do PIB a partir da força de trabalho e produtividade; inclusivo, que analisa indicadores de renda e mercado de trabalho, e sustentável, que analisa oportunidades no contexto ambiental e de resiliência climática.
A partir daí, traçou cinco prioridades estratégicas a serem trabalhadas: capital humano, ambiente de negócios, inovação, infraestrutura e recursos naturais. E pontuou os 12 setores nos quais o Estado é mais competitivo e onde ainda pode crescer mais (ver box), destacando produtos e serviços.
 

Desafio é difundir a iniciativa em todo o Estado

O governo do Estado recebeu em abril o diagnóstico dos setores, serviços e produtos que podem contribuir para alavancar o desenvolvimento econômico do Estado nas próximas décadas. No entanto, por conta da tragédia climática de maio e seus desdobramentos ao longo desses últimos cinco meses, a apresentação do Plano de Desenvolvimento do Rio Grande a da agência Investe RS, que colocará em prática o plano, só ocorreu neste final de outubro.
Na conclusão do estudo, foram destacados os 12 setores considerados para a implantação de políticas públicas, investimentos e  ações se fomento, cujas ações serão definidas pelo Plano de Desenvolvimento do Rio Grande a pela  Investe RS.
O diagnóstico foi realizado considerando índices de produtividade e desenvolvimento no Estado comparativamente com o País, dados locais de crescimento vegetativo e de maior renda per capita e ambiente de negócios.
Entre os dados de crescimento da população, o Rio Grande do Sul estaria próximo ao crescimento vegetativo zero, isto é, apresenta números semelhantes de nascimentos e mortes, o que indica a necessidade urgente de atração de mão de obra. Além disso, segundo o estudo apresentado, o Estado perdeu 700 mil pessoas nos últimos 20 anos, enquanto Santa Catarina recebeu cerca de 1 milhão.
Já quanto à renda per capita e produtividade, regiões como a Metropolitana e a Serra se destacam entre as melhores colocadas, pela força da indústria e potencial de geração de renda e emprego.
Para dar concretização ao plano, a educação é considerada um dos focos principais, de forma a diminuir a evasão escolar, dando maior abrangência à escola integral, e investimento nos ensinos básico, médio, e superior. Dado alarmante destacado pelo sócio da da consultoria McKinsey & Company, Sérgio Canova Júnior, aponta que  a evasão do ensino médio no RS chega  a 20%, contra 10% no País, o que dificulta a formação de força de trabalho qualificada
Quanto ao ambiente de negócios, o Estado aparece em 22º lugar no ranking nacional. A infraestrutura para novas empresas também não é atrativa, em função do pouco investimento em ferrovias, o RS está em sexto lugar no País nesse quesito, sendo ainda que 46% dessas ferrovias estão inativas.
Quando se fala em inovação, o Rio Grande do Sul aparece como o segundo estado no Brasil, inclusive com o maior número de parques tecnológicos. Nesse sentido, o plano da agência Invest RS é de que este cenário possa ser convertido em maior crescimento.
A consultoria destacou ainda que o RS tem a melhor matriz energética limpa, com 82% renovável, mas é o 6º em emissões de gás. Também apontou a grande disponibilidade hídrica, mas sem infraestrutura adequada para explorá-la. O objetivo é agregar valor em produtos, como, por exemplo, o hidrogênio verde, amônia e metanol.
A partir da análise setorial, a consultoria elencou ainda produtos e serviços que já impulsionam a economia, mas que podem avançar na cadeia, os setores com presença mais significativas e o que poderá dar respostas à demanda global futura. "Definimos onde temos crescimento, demanda e onde somos capazes de ganhar. É uma aposta para estarmos posicionados", explicou Canova Júnior.
O reposicionamento de serviços pode agregar um crescimento, hoje de 1%, de 2% a 3% anual até o ano de 2030 e percentual semelhante até 2024, fazendo com que o PIB do Rio Grande do Sul, hoje próximo a U$ 130 bilhões, chegue a U$ 200 bilhões. 
Articuladas com o Plano Rio Grande, a implementação de todas as iniciativas deverá também consolidar o Rio Grande do Sul como um destino turístico e de investimento.
De acordo com o secretário-chefe da Casa Civil, Artur Lemos, a meta do governo é de difundir o plano em todo o Estado, em municípios, Coredes, associações, para que a sociedade entenda a importância de mantê-lo para além dos governos. "O grande desafio é difundir o Plano no RS, é um plano vivo, a cada rodada será preciso ver o que funciona", disse.
Quando questionado sobre a manutenção do Plano nas futuras gestões, já que é pensado a longo prazo, o vice-governador Gabriel Souza foi enfático. "É uma política pública impassível de ser extinta (pelos próximos governos)", disse.
 

Os 12 setores em que o RS é mais competitivo

De acordo com o diagnóstico apresentado, possuem potencial para impulsionar o Estado os setores setores:
 Agropecuária e cadeia
 Automotivo e cadeia
 Produtos de transição energética
 Silvicultura, papel e celulose
 Máquinas, equipamentos e semicondutores
 Fertilizantes
 Máquinas agrícolas
 Produtos e serviços digitais
 Cadeia petroquímica
 Produtos regionais de nicho
 Turismo
 Saúde
 

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