O dólar ganhou terreno a tarde e encerrou esta terça-feira (29) a R$ 5,7616 no segmento à vista, maior valor de fechamento desde 30 de março de 2021, quando fechou a R$ 5,7619, e com o real tendo o pior desempenho entre as principais moedas emergentes. Houve relatos de fluxo de saída e frustração de operadores pela ausência de medidas para corte de gastos do governo, prometidas para depois das eleições municipais.
O mercado também busca proteção antes de uma agenda carregada: relatório de emprego dos Estados Unidos (payroll) na sexta-feira (1º), eleição americana na próxima terça-feira (5) e decisão do Federal Reserve (Fed, BC norte-americano) na quinta-feira que vem (7). O dia também foi de leve baixa para o petróleo e minério de ferro sem direção clara.
No segmento à vista, o dólar encerrou em alta de 0,92%, a R$ 5,7616, com máxima intradia a R$ 5,7672. Às 17h06min, o contrato futuro para novembro avançava 0,81%, a R$ 5,7590. O DXY, que mede a divisa americana contra seis rivais fortes fechou praticamente estável, aos 104,305 pontos (-0,01%).
Em relação à deterioração do câmbio à tarde, o operador de câmbio da Fair Corretora, Hideaki Iha, afirma que houve relatos de fluxo, com bancos comprando dólar e também com a possibilidade de que tenha tido operação de saída de recursos do País. O diretor de câmbio da corretora Ourominas, Elson Gusmão, destaca a falta de anúncios do governo em relação ao fiscal. "Era prometido para logo após as eleições municipais, já houve reunião ontem entre o ministro Fernando Haddad e o presidente Lula, mas ainda nada de concreto", disse.
O ministro da Fazenda Fernando Haddad está fazendo movimentos para blindar seus planos de corte de gastos. A ideia é evitar que o projeto seja alvo de ataques dentro do próprio governo, o que poderia começar a desidratá-lo ainda antes do início das discussões formais.
Após o dólar acelerar alta, Haddad disse no meio da tarde que as conversas em torno da agenda de corte de gastos estão avançando e reiterou que não há veto de Lula às medidas. Porém, o ministro não deu nenhuma data para lançamento do plano.
A economista-chefe da Armor Capital, Andréa Damico, afirma que talvez o mercado tenha se conscientizado que possivelmente as medidas demorarão um pouco mais para serem anunciadas do que se imaginava anteriormente. "Acho que o Haddad deixou muito claro que não existe ainda nada de concreto em relação a números", afirma.