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Publicada em 21 de Outubro de 2024 às 17:53

Metades Sul e Norte do RS têm visões distintas sobre o Porto de Arroio do Sal

Atualmente, único complexo marítimo de movimentação de cargas no Estado fica em Rio Grande

Atualmente, único complexo marítimo de movimentação de cargas no Estado fica em Rio Grande

Secretaria do Desenvolvimento/Divulgação JC
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Jefferson Klein
Jefferson Klein Repórter
O Rio Grande do Sul, historicamente, foi formado em cima de divisões, como Chimangos e Maragatos, Gremistas e Colorados, e mais uma vez um tema vem colocar em lados opostos as opiniões dos gaúchos, agora das regiões Sul e Norte. O assunto em questão é a construção do Porto Meridional de Arroio do Sal que, por um lado, levanta argumentos de aumento da competitividade do Estado, por outro de enfraquecimento do já estabelecido Porto do Rio Grande.
O Rio Grande do Sul, historicamente, foi formado em cima de divisões, como Chimangos e Maragatos, Gremistas e Colorados, e mais uma vez um tema vem colocar em lados opostos as opiniões dos gaúchos, agora das regiões Sul e Norte. O assunto em questão é a construção do Porto Meridional de Arroio do Sal que, por um lado, levanta argumentos de aumento da competitividade do Estado, por outro de enfraquecimento do já estabelecido Porto do Rio Grande.
O projeto em Arroio do Sal tem previsão de entrar em operação em 2028 e deverá contar com aportes das iniciativas privada e pública para ser materializado. O presidente da Câmara de Indústria, Comércio e Serviços de Caxias do Sul (CIC Caxias), Celestino Loro, considera que o complexo é estratégico para o Rio Grande do Sul. “O porto Meridional, embora a gente reconheça que ele atende muito mais à região Nordeste e Serra, em particular, ele é muito importante para todo o Estado“, reforça o dirigente.
Ele sustenta que o novo porto tem que ser uma alternativa logística a mais, que irá propiciar maior competitividade para todo o Rio Grande do Sul. Fundamentalmente quanto às cargas oriundas ou com destino a Serra, o Norte e o Noroeste gaúchos, Loro diz que a maioria dessas mercadorias acaba hoje embarcando ou desembarcando por portos catarinenses. Se essas cargas forem operadas por Arroio do Sal, ele destaca que os caminhões irão rodar menos para alcançar o terminal marítimo, diminuindo custos e impactos ambientais.
“Eu sou da teoria da abundância e não da escassez”, afirma o integrante da CIC Caxias. O dirigente salienta que são várias as cargas que poderão ser movimentadas pela estrutura, entre as quais ele cita bobinas de aço, proteína animal, autopeças e produtos da indústria madeireira.
Sobre a possibilidade do apoio de recursos públicos para o projeto de Arroio do Sal, Loro defende que, obviamente, será bem-vindo e ressalta que o Porto do Rio Grande também contou com auxílio dessa natureza. Ele considera justa a medida, já que a contribuição tributária das regiões da Serra e Nordeste do Estado é gigantesca e é natural que retorne em ações que melhorem as condições de infraestrutura e de emprego e renda. Para ele, é preciso desmistificar a ideia que o projeto prejudica a Metade Sul.
Já a presidente da Associação dos Municípios da Zona Sul (Azonasul) e prefeita de Pelotas, Paula Mascarenhas (PSDB), receia o desequilíbrio que o novo empreendimento em Arroio do Sal pode representar. “Na verdade, o que vai acontecer é que as cargas vão ser distribuídas (entre os dois portos) e provavelmente venha menos recursos para cá (Metade Sul)”, argumenta Paula. Outro ponto ressaltado pela representante da Azonasul é que obras paralelas ao avanço do Porto de Arroio do Sal, como acessos rodoviários, terão que contar com aportes públicos.
Paula vê com preocupação o fato do governo federal estar se comprometendo com outros empreendimentos antes de terminar importantes ações no Rio Grande do Sul como, por exemplo, a duplicação da BR-116. Ela salienta ainda que a Metade Sul gaúcha tem, nas últimas décadas, verificado um desenvolvimento aquém da média do Estado. “É uma região que merece mais e não menos atenção por parte dos governantes”, defende.
A dirigente enfatiza também que um eventual enfraquecimento do Porto do Rio Grande deverá impactar, por consequência, investimentos em outros modais na região, que fazem a ligação logística com os terminais, como o hidroviário, o ferroviário e o rodoviário. “Não é algo que afeta Rio Grande, Pelotas, afeta toda a região, toda a Metade Sul do Estado”, finaliza Paula.

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