A duplicação de 376 quilômetros da BR-290 entre Eldorado do Sul e Rosário do Sul é vista como uma obra estratégica para o Rio Grande do Sul porque a rodovia é considerada como fundamental para a logística da nova planta de celulose que a CMPC pretende construir em Barra do Ribeiro e que significará um investimento de R$ 24 bilhões. As obras para a duplicação do trecho de 115 quilômetros entre Eldorado do Sul a Pantano Grande já foram contratadas pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) e o Estudo de Viabilidade Técnica, Econômica e Ambiental (Evtea) para chegar até Rosário do Sul começará antes do final de 2024.
Sobre o segmento já em obras, o superintendente Regional do Dnit no Rio Grande do Sul, Hiratan Pinheiro, informa que a iniciativa deve absorver um aporte de mais de R$ 800 milhões. Se tudo transcorrer dentro da normalidade, ele estima que em 2026 a duplicação entre Eldorado do Sul a Pantano Grande será finalizada.
Ainda sobre ações de infraestrutura rodoviária, o dirigente detalha que para a contratação das obras necessárias para terminar as alças de acesso da segunda ponte do Guaíba, em Porto Alegre, será preciso antes realizar a desapropriação de áreas no entorno do complexo. Ainda na região Metropolitana, o Dnit inaugurou, recentemente, novas pontes sobre o Rio dos Sinos, em São Leopoldo, na BR-116. Com isso, as pontes antigas serão desmanchadas e reconstruídas mais elevadas para, conforme Pinheiro, dar maior segurança em caso de novas catástrofes climáticas.
Quanto ao modal hidroviário, também afetado pelas enchentes e consequente assoreamento, o superintendente Regional do Dnit diz que a questão da batimetria (medição) da hidrovia gaúcha deve ser pautada na diretoria colegiada do departamento, na próxima semana, para autorização e assinatura de contrato. Ele espera que neste mês o contrato seja firmado e que o serviço comece ainda neste ano.
Pinheiro assinala que o objetivo dessa batimetria é identificar quais os pontos emergenciais e o material que deve ser dragado para que não se tranque o fluxo de embarcações. Além da Lagoa dos Patos, Guaíba, rios Jacuí, Taquari e Sinos, será feita a avaliação da Lagoa Mirim. “Nós já tínhamos a licitação da dragagem da Lagoa Mirim, mas com esse evento (climático) achamos melhor suspender a licitação e reavaliar o local”, frisa o representante do Dnit.
De acordo com o dirigente, a batimetria é um levantamento que levará de três a quatro meses para ser feito completamente. “Porém, isso é todo ele, então a gente vai pontuar locais principais para dar velocidade (ao processo)”, afirma Pinheiro. Assim, a batimetria, que tem um valor destinado de R$ 18 milhões, foi dividida em quatro lotes. Concluída essa etapa, se passará para a fase da dragagem, obra que tem uma estimativa inicial de absorver de R$ 500 milhões a R$ 600 milhões. Todo esse serviço deverá levar mais de um ano para ser terminado.
Pinheiro participou nesta quinta-feira (10) da 12ª edição do Fórum Internacional de Infraestrutura e Logística realizado pela Câmara Brasil-Alemanha no Rio Grande do Sul, no Hotel Deville Prime, em Porto Alegre. Também integrou o evento o diretor comercial do Terminal de Contêineres (Tecon) Rio Grande, Rodrigo Velho, que ressaltou que o Porto do Rio Grande tem potencial para ser um concentrador de cargas dentro do Mercosul.
“Nós conseguimos neste ano atingir um feito significativo que é fazer com que um serviço de linha regular de longo curso venha da Ásia a Rio Grande e descarregue aqui as cargas de Buenos Aires e Montevidéu, para fazer uma conexão com um navio alimentador (de menor porte que segue para os destinos finais com as mercadorias)”, comemora Velho. Essa ação é feita pelo armador sul-coreano Hyundai Merchant Marine (HMM) com embarcação da Bengal Tiger Line (BTL).
Na área de tecnologia, o dirigente salienta que o Tecon está atuando com automação de cais e de pátio para aumentar a eficiência operacional. “Equipamentos e veículos eletrificados e autônomos talvez sejam o futuro com que a gente possa trabalhar em alguns anos”, projeta Velho.