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Publicada em 09 de Outubro de 2024 às 16:51

Indústria do tabaco reitera críticas à proibição de cigarro eletrônico no Brasil

Evento anual promovido pela Philip Morris na Suíça debate as tendências da indústria do tabaco

Evento anual promovido pela Philip Morris na Suíça debate as tendências da indústria do tabaco

Mauro Belo Schneider/Especial/JC
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Mauro Belo Schneider
Mauro Belo Schneider Editor-executivo
de Neuchatel, Suíça
de Neuchatel, Suíça
O Technovation, evento realizado anualmente pela Phiplip Morris International (PMI) na cidade de Neuchatel, na Suíça, debateu, nesta quarta-feira (9), tendências da indústria do tabaco. Nesta edição, o Brasil voltou a ser criticado pela sua regulação, que proíbe a comercialização de cigarros eletrônicos.
O argumento é que nos países onde são liberadas opções como o chamado "vape" – cigarro eletrônico que já é bastante utilizado no Brasil, embora não seja legalizado – e outras formas de nicotina sem fumaça, como tabaco aquecido e sachês, a redução de fumantes ocorre de forma mais acelerada. Assim, a expectativa é por mudanças na regulação, tema que está em discussão no Congresso Nacional brasileiro.
"Há bons indicativos, mas precisamos progredir", diz o vice-presidente de negócios exteriores da Philip Morris International (PMI), Christos Harpantidis. Ele se refere ao projeto de lei 5.008/2023, produzido pela senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS), que quer permitir a venda de dispositivos eletrônicos para fumar (DEFs), como vape e tabaco aquecido, e à consulta pública realizada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) neste ano sobre o tema.
No Technovation, foi celebrado, também, o aniversário de 10 anos do início das vendas do IQOS (marca de tabaco aquecido) no Japão, primeiro país a permitir a comercialização. De lá para cá, houve redução significativa no número de fumantes no país asiático, de acordo com informações divulgadas no evento.
Com dados oficiais de cada país, a Philip Morris colocou lado a lado, no telão da conferência, a velocidade do declínio do hábito entre os que deram sinal verde a alternativas ao cigarro tradicional e os que mantiveram restrições. A prevalência de tabagismo no Brasil caiu 13,9% entre 2014 e 2023, enquanto no Japão, 45,9% (2014-2022), Suécia, 49,5% (2014-2022), Islândia, 50% (2014-2023) e Nova Zelândia, 52,8% (2013-2023) –  todos esses últimos com aprovação dos órgãos reguladores para cigarro eletrônico.
O CEO da Philip Morris, Jacek Olczak, vê prejuízos para o Brasi ao não mudar a regulação. "Podemos começar a ler a ciência disponível hoje? Toda vez que atrasamos a decisão, há mais pessoas fumando. Quem assumirá a responsabilidade por mais 10 anos perdidos?", cobra Olczak, comparando a evolução da tecnologia do cigarro com a dos carros elétricos e da telefonia.
Os setores de bebidas e de alimentos passaram pelo mesmo processo de inovação, com a implementação de bebidas 0% álcool e zero açúcar. "Há países que, quase religiosamente, estão se opondo a esses produtos. Temos legislações banindo alternativas com menos riscos e autorizando opções piores. O real desastre acontece quando pessoas inteligentes falam coisas idiotas", complementa o CEO.
Os produtos sem fumaça da Philip Morris já representam 38% da receita líquida do negócio. O IQOS, aliás, ultrapassou o faturamento do Malboro em 2023 no Japão. A expectativa é que a regulação (vigente em cerca de 90 países) ajude a combater o comércio ilegal e o contrabando de cigarros eletrônicos no Brasil – onde há 4 milhões de usuários da categoria. "A estimativa de arrecadação perdida pelo governo brasileiro é de 70% do orçamento do Minha Casa, Minha Vida", compara Tommaso Di Giovanni, vice-presidente internacional de Comunicação da PMI.
Tommaso Di Giovanni e Jacek Olczak abriram o evento | Mauro Belo Schneider/Especial/JC
Tommaso Di Giovanni e Jacek Olczak abriram o evento Mauro Belo Schneider/Especial/JC
Entre os exemplos internacionais que também limitavam o uso está a Austrália. No dia 1º de outubro, porém, o país parou de pedir receita médica para a compra de vapes devido ao aumento de gangues que atuavam no mercado ilegal.


O que a regulamentação gerou em outros países


Desde a liberação dos produtos com nicotina sem fumaça na Europa, a Philip Morris International investiu mais de US$ 12 bilhões na região. "Gerou empregos e industrialização", resume Massimo Andolina, presidente da Philip Morris na região europeia. Apenas na Itália, foram aportados € 1,2 bilhão. Além disso, segundo ele, a produção dos itens envolve mais de 8 mil pequenos negócios locais.
Vapes são vendidos em quiosques em ruas da Suíça | Mauro Belo Schneider/Especial/JC
Vapes são vendidos em quiosques em ruas da Suíça Mauro Belo Schneider/Especial/JC

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