As queimadas e a seca registradas em diversas regiões no Brasil ainda não afetaram os preços do hortifrutigranjeiros comercializados na Central de Abastecimento do Rio Grande do Sul (Ceasa/RS), segundo avaliação da presidente em exercício Silvana Dalmás. Porém, os atacadistas que participaram de uma pesquisa feita pela Ceasa relataram uma alta no preço da laranja e do limão por conta das queimadas em São Paulo, na região Sudeste, e também da seca em algumas regiões do País.
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Silvana destaca que no final do mês de setembro foi realizada um levantamento sobre os efeitos das queimadas no complexo de abastecimento do Rio Grande do Sul. Foram ouvidos atacadistas e produtores que comercializam no complexo - a avaliação tratou sobre o efeito das queimadas nos alimentos na Ceasa, em sua qualidade ou no aumento de preços por consequência das queimadas.
Na pesquisa, os atacadistas e produtores da Ceasa responderam a seguinte questão: "Se sentiram prejudicados de alguma forma com as queimadas em São Paulo?". O levantamento mostrou que 79% não sentiram nenhum efeito das queimadas em seu fornecimento e qualidade de produtos; 12% atribuíram seus problemas resultantes da seca de São Paulo e 9% dos atacadistas não sabem ainda como será o impacto na comercialização e fornecimento porque ainda acham que muito cedo para perceber alguma mudança.
Conforme Silvana, alguns atacadistas de citrus quando perguntados da queimada só relataram problemas relacionado à seca de São Paulo. Devido a isso e outros fatores na região, o mercado se encontra em alta, e muitos permissionários da parte de citrus da Ceasa afirmam que ainda estão utilizando muito a safra gaúcha, e não estão importando de São Paulo no momento. Os atacadistas que trabalham com melancia afirmaram que neste momento estão buscando o produto em Goiás - já que a safra de São Paulo começa na segunda quinzena de outubro e por este motivo não estão trabalhando com os fornecedores paulistas.
Na pesquisa, também foram ouvidos os atacadistas que trabalham com tomate. A maioria afirmou que não percebeu nada que diferenciou a qualidade e comercialização do produto. Em relação aos atacadistas, que trazem produtos de outras regiões do Estado também com base no conhecimento disseram que ainda é cedo ter alguma afirmação com relação às queimadas.
Os permissionários que atuam na Ceasa relataram que perceberam uma alta nos preços da laranja e limão. Já produtos como batata, cebola e tomate ainda não houve impacto nos preços - e segundo os comerciantes aconteceu uma baixa nos preços porque a produção está forte. A Ceasa recebe batata, cebola e tomate de outros estados brasileiros.
Com relação as queimadas em São Paulo, 94% dos produtores que comercializam no Galpão de Não Permanentes (GNP) da Ceasa/RS afirmaram que não sentiram e não acreditam que afetará suas plantações.
A Ceasa/RS é responsável pela comercialização de 54% dos hortifrutigranjeiros consumidos no Rio Grande do Sul e pela geração de 10 mil empregos diretos. A estrutura recebe de 10 mil a 40 mil pessoas por dia. O complexo conta com 311 atacadistas e 1,5 mil produtores. Além disso, pela estrutura passam os chamados indiretos - motoristas de caminhão, donos de mercado e funcionários e rede de restaurantes. A Central de Abastecimento é responsável por 80 mil empregos indiretos. A Ceasa está localizada na avenida Fernando Ferrari, no bairro Anchieta, em uma área de 42 hectares. No local, estão instalados cerca de 20 pavilhões e estacionamento para 10 mil veículos.
Possíveis impactos da queimada
- Redução da produtividade: Plantas expostas a um ar seco e cheio de fuligem podem ter o crescimento comprometido. A poluição gerada pelas queimadas também pode reduzir a fotossíntese, resultando em menor produção de hortaliças e frutas.
- Solo danificado: A queima da vegetação natural destrói a matéria orgânica presente no solo, diminuindo sua fertilidade e dificultando Os próximos plantios.
- Aumentar o risco de seca: As áreas atingidas pelas queimadas podem enfrentar secas prolongadas, prejudicando cultivos que necessitam de irrigação constante, como verduras e legumes.
- Contaminação por fuligem e fumaça: As queimadas podem gerar fuligem que se deposita sobre os alimentos em campo, afetando sua qualidade.
Fonte: Ceasa/RS