Tradicionalmente, a época do verão, com a elevação das temperaturas e por consequência o incremento do consumo de energia, traz desafios a serem enfrentados pelas concessionárias desse setor. Já antecipando ações que serão adotadas na próxima estação, as duas principais distribuidoras do Rio Grande do Sul, CEEE Equatorial e RGE, apresentaram na Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) medidas como substituição de postes, opções de contingência, aumento de investimentos e prevenção em cidades litorâneas.
O abastecimento elétrico dos municípios praianos nos meses mais quentes do ano é uma das principais preocupações da CEEE Equatorial (empresa que atende essa região no Estado), ressalta o presidente da companhia, Riberto Barbanera. Segundo ele, serão realizadas obras estruturantes na localidade. “Porque a gente sabe que tem uma grande migração de pessoas para aquela área que sobrecarrega o sistema”, comenta o dirigente.
Os investimentos serão empregados, entre outras finalidades, em subestações e linhas de energia. O executivo que estima essa iniciativa absorverá um aporte entre R$ 30 milhões a R$ 35 milhões. Em outras cidades, o foco, reforça Barbanera, será na manutenção para que a rede esteja mais resiliente.
Já a RGE, através de nota, informa que o plano de contingência da empresa “inclui monitoramento climático, preparação de equipes e comunicação com consumidores e órgãos governamentais, visando o restabelecimento ágil do sistema após eventos extremos”. A concessionária salienta ainda que reforçou sua logística de atendimento, com mais equipes e bases operacionais para garantir respostas rápidas a emergências.
Ainda de acordo com a distribuidora, entre 2024 e 2028, a RGE deverá investir cerca de R$ 9,3 bilhões em sua rede de distribuição. Esses recursos estão sendo utilizados para substituir postes de madeira por estruturas de concreto, automatizar a rede, construir novas subestações e adquirir tecnologias de comunicação via satélite.
A RGE é responsável por distribuir 65% da energia elétrica consumida no Rio Grande do Sul e atender mais de 3 milhões de clientes em 381 municípios gaúchos. Já a CEEE Equatorial está presente em 72 cidades das regiões Metropolitana, Sul, Centro-Sul, Campanha, Litoral Norte e Litoral Sul. Atualmente, conta com aproximadamente 1,9 milhão de clientes.
Concessionárias frisam que adoção do horário de verão passa por análise técnica
Apesar do tema do horário de verão não se restringir apenas à economia de energia, envolvendo tópicos como atividades de bares e restaurantes, companhias aéreas e cotidiano das pessoas, para a CEEE Equatorial e RGE esse é um assunto que tem que passar pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). O órgão é responsável pela coordenação e controle da operação das instalações de geração e transmissão de energia elétrica no Sistema Interligado Nacional (SIN).
Questionada sobre a retomada ou não do horário de verão, algo que está sendo cogitado pelo governo federal, a RGE respondeu em comunicado que a matéria tem que ser direcionada ao Operador Nacional do Sistema. Já o presidente da CEEE Equatorial, Riberto Barbanera, enfatiza que é necessário analisar tecnicamente o efeito da medida hoje, com todas as variáveis que são diferentes às do passado e, conforme ele, é o que os técnicos do ONS estão fazendo.
O dirigente recorda que, no caso da distribuidora gaúcha, no passado o pico de carga elétrica era verificado por volta das 18h às 20h, que era quando as pessoas chegavam em casa, para tomar seu banho e acionavam o chuveiro elétrico. Além disso, somava-se o acendimento da iluminação pública, que ocasionava uma coincidência de demanda, que justificava o horário de verão.
“Mas, o nosso perfil de carga mudou muito”, salienta o presidente da CEEE Equatorial. Barbanera detalha que, com as temperaturas mais elevadas e mais pessoas com acesso aos aparelhos de ar condicionado, no caso da concessionária, o pico de demanda não ocorre mais às 18h, ele acontece por volta das 14h às 15h.
De acordo com nota publicada recentemente pelo ONS, sob o ponto de vista da economia, a volta do horário de verão, no Brasil, poderá trazer uma redução de até 2,9% da demanda máxima e uma economia no custo da operação próxima a R$ 400 milhões entre os meses de outubro e fevereiro. No entanto, quando o horário de verão foi suspenso no País, em 2019, o Ministério de Minas e Energia havia informado que, como nos últimos anos houve mudanças no hábito de consumo de energia da população, a medida “deixou de produzir os resultados para os quais essa política pública foi formulada”.
Em entrevista para a revista IstoÉ, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, revelou que a decisão sobre o retorno do horário de verão deve ser tomada nos próximos dias e disse que essa política seria útil para melhorar o planejamento de 2025. Antes da sua interrupção, o horário de verão era implementado a partir da zero hora do primeiro domingo do mês de novembro de cada ano, até a zero hora do terceiro domingo do mês de fevereiro do ano subsequente, em parte do território nacional, ocasionando o adiantamento dos relógios em uma hora. Os estados que normalmente aderiam à iniciativa eram o Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e o Distrito Federal.