O PIB (Produto Interno Bruto) do Rio Grande do Sul caiu 0,3% no segundo trimestre de 2024 em relação ao primeiro. O cenário de "quase" estagnação é reflexo dos prejuízos causados pelas cheias que atingiram o Estado em maio, afetando diversos setores da economia gaúcha. O PIB nacional, por sua vez, registrou um crescimento de 1,4% no mesmo período, com avanços nos setores da Indústria e Serviços. Segundo o Departamento de Economia e Estatística da Secretaria de Planejamento, Governança e Gestão (DEE/SPGG), a queda no PIB estadual não foi maior graças ao agronegócio, que se recuperou da estiagem do ano passado e puxou os resultados para cima.
Assim, os três maiores segmentos da economia gaúcha registraram, entre abril e junho, crescimento nas atividades ligadas à Agropecuária (+5,3%), uma leve variação positiva de 0,1% nos Serviços, e uma queda de 2,4% na Indústria. A safra de soja, embora tenha ficado abaixo do esperado antes das cheias, apresentou um crescimento de 43% em relação ao mesmo período do ciclo anterior, com uma colheita de cerca de 19 milhões de toneladas na safra 2023/2024. Os resultados do PIB do Rio Grande do Sul, elaborados pelo DEE/SPGG, foram divulgados nesta terça-feira (24), em Porto Alegre.
Apesar de a queda parecer pequena, considerando os estragos das enchentes, os técnicos do DEE destacaram que o crescimento esperado para o trimestre era bastante positivo, especialmente com a recuperação da agricultura após a seca do ano passado. “O número seria muito positivo sem as enchentes. Hoje estaríamos apresentando um crescimento do PIB. A queda parece pequena quando pensamos no tamanho da tragédia, até porque o agro deu um fôlego, mas precisamos considerar que o número seria muito melhor", afirmou Martinho Lazzari, pesquisador do DEE.
O diretor do DEE, Pedro Zuanazzi, explicou que as projeções para o PIB do Estado poderiam ter subido de 4,8% no início do ano para 5,9%, acompanhando também a projeção de crescimento do PIB nacional feita pelo Boletim Focus. A previsão do mercado financeiro para o crescimento da economia brasileira em 2024 subiu de 2,96% para 3%. A revisão ocorreu após a divulgação do PIB nacional, que surpreendeu com uma alta de 1,4% em comparação ao primeiro trimestre. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em relação ao segundo trimestre de 2023, a alta foi de 3,3%. No entanto, se a estagnação continuar no Rio Grande do Sul devido aos efeitos das enchentes, o crescimento do PIB gaúcho pode ser de 3,7%, o que, embora represente crescimento, é muito menor do que seria em condições climáticas normais.
A secretária da SPGG, Danielle Calazans, destacou que os resultados dos próximos trimestres dependerão da continuidade e da efetividade dos programas que estão injetando na economia recursos de auxílio financeiro à população e concedendo crédito às empresas. "O comércio, por exemplo, teve crescimento no trimestre devido aos auxílios para a reconstrução. Agora, vamos observar se esses incentivos continuarão surtindo efeito e se os empregos serão mantidos. O que os resultados mostram é que ainda não tivemos uma recuperação completa. No próximo trimestre, poderemos ter uma visão mais consolidada", disse.
Ela também ressaltou que, apesar de o resultado não ser inteiramente positivo, ele reflete a resiliência do povo gaúcho. "Após dois anos de estiagens e as inundações recentes, os números do PIB mostram a força da população gaúcha e ajudam a orientar as políticas em desenvolvimento para superarmos este momento de dificuldades", refletiu Danielle.
Economia gaúcha cresce em relação ao segundo trimestre de 2023
Em comparação com o segundo trimestre de 2023, a economia gaúcha cresceu 4,6%, impulsionada pelo desempenho da Agropecuária (+34,6%). No mesmo período, o PIB do país cresceu 3,3%. Já a Indústria apresentou uma queda de 1,7% nos últimos 12 meses, influenciada pelo desempenho negativo de 6,5% da Indústria de Transformação, o principal segmento industrial. Das 14 principais atividades industriais, 10 registraram queda, com destaque para Máquinas e Equipamentos (-26,3%), Produtos Químicos (-10,9%) e Produtos Alimentícios (-5,1%). Com exceção da Indústria de Transformação, os demais setores industriais apresentaram crescimento, especialmente Eletricidade e Gás, Água, Esgoto e Limpeza Urbana, que teve um aumento de 37,9%.
No setor de Serviços, o Rio Grande do Sul registrou uma alta de 2,4% no segundo trimestre em comparação com o mesmo período de 2023. O Comércio foi o principal responsável pelo crescimento, com um aumento de 5,1%, seguido pelos Serviços de Informação (+3,9%). Entre as 10 principais atividades comerciais, seis registraram desempenho positivo, com destaque para Hipermercados, Supermercados, Produtos Alimentícios, Bebidas e Fumo (+12,1%), Móveis e Eletrodomésticos (+18,8%) e Artigos Farmacêuticos, Médicos, Ortopédicos, Perfumaria e Cosméticos (+9,7%).
No setor de Serviços, o Rio Grande do Sul registrou uma alta de 2,4% no segundo trimestre em comparação com o mesmo período de 2023. O Comércio foi o principal responsável pelo crescimento, com um aumento de 5,1%, seguido pelos Serviços de Informação (+3,9%). Entre as 10 principais atividades comerciais, seis registraram desempenho positivo, com destaque para Hipermercados, Supermercados, Produtos Alimentícios, Bebidas e Fumo (+12,1%), Móveis e Eletrodomésticos (+18,8%) e Artigos Farmacêuticos, Médicos, Ortopédicos, Perfumaria e Cosméticos (+9,7%).
Acumulado no ano
No acumulado do primeiro semestre de 2024, o PIB do Rio Grande do Sul cresceu 5,4%, em comparação aos 2,9% do PIB brasileiro. A recuperação da produção agrícola em 2024, após a estiagem do ano anterior, foi o principal destaque. Entre os principais grãos, houve um aumento de 43,8% na produção de soja, 13,6% na de milho e uma variação de -0,3% na produção de arroz. No Brasil, no mesmo período, o setor agropecuário registrou uma queda de 2,9%. Na mesma base de comparação, a indústria gaúcha cresceu 0,2%, e os serviços tiveram alta de 2,7%.
"As enchentes causaram impactos significativos na economia gaúcha, resultando em quedas expressivas nas produções agropecuária, industrial e de serviços em maio. No entanto, a partir de junho, a produção industrial começou a se recuperar, a construção voltou a crescer, e as vendas no comércio atingiram o maior nível da série, sinalizando um movimento de retomada econômica, embora não generalizado para todas as atividades”, avaliou o pesquisador Lazzari.
Nos números acumulados dos últimos quatro trimestres (do 3º trimestre de 2023 ao 2º trimestre de 2024), o PIB do Rio Grande do Sul cresceu 2,6%, enquanto o Brasil registrou uma alta de 2,5%.
PIB Gaúcho:
Taxa trimestre / trimestre imediatamente anterior (com ajuste sazonal)
2º Tri 2023: 0,7%
3º Tri 2023: 0,7%
4º Tri 2023: 0,2%
1º Tri 2024: 4,0%
2º Tri 2024: -0,3%
3º Tri 2023: 0,7%
4º Tri 2023: 0,2%
1º Tri 2024: 4,0%
2º Tri 2024: -0,3%