A decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central de elevar a taxa básica de juros da economia brasileira (Selic) em 0,25 ponto percentual, de 10,5% para 10,75% ao ano deve, de fato, impactar a atividade econômica nacional e a vida dos consumidores somente em 2025.
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A avaliação é do economista e professor da Escola de Negócios da Pucrs, Gustavo Inácio de Moraes. Ele explica que as decisões de política monetária refletem, primeiramente, nos títulos do governo, seguidos pelas tesourarias das instituições financeiras para, finalmente, alcançar as carteiras de crédito de pessoas físicas e jurídicas.
Segundo o economista, as decisões sobre juros do Copom no segundo semestre, geralmente, miram os efeitos que produzirão no ano subsequente. No caso da última resolução do BC, os diretores, portanto, estavam de olho em 2025.
“Há, claro, um reflexo em termos de expectativa para o Natal e para as compras parceladas de fim de ano. Mas a alta de juros atingirá em cheio a atividade econômica e de crédito de 2025. Não de 2024”, acrescenta Moraes.
Até o fim do ano, o Copom tem ainda outras duas rodadas de reuniões: 5 e 6 de novembro e 10 e 11 de dezembro. A previsão do mercado financeiro, conforme o mais recente Boletim Focus, é de que ocorram novas elevações na Selic, com a perspectiva de encerrar o ano em 11,25% ao ano.
Segundo o economista, as decisões sobre juros do Copom no segundo semestre, geralmente, miram os efeitos que produzirão no ano subsequente. No caso da última resolução do BC, os diretores, portanto, estavam de olho em 2025.
“Há, claro, um reflexo em termos de expectativa para o Natal e para as compras parceladas de fim de ano. Mas a alta de juros atingirá em cheio a atividade econômica e de crédito de 2025. Não de 2024”, acrescenta Moraes.
Até o fim do ano, o Copom tem ainda outras duas rodadas de reuniões: 5 e 6 de novembro e 10 e 11 de dezembro. A previsão do mercado financeiro, conforme o mais recente Boletim Focus, é de que ocorram novas elevações na Selic, com a perspectiva de encerrar o ano em 11,25% ao ano.
Para o presidente da Fecomércio-RS, Luiz Carlos Bohn, a decisão do Copom não surpreende. Segundo ele, não aumentar a taxa de juros nesse momento poderia custar credibilidade ao Banco Central, com impactos altistas sobre a própria trajetória futura dos juros. No entanto, ele demonstra preocupação com os juros elevados. "Talvez não estivéssemos vivenciando essa situação se as contas públicas fossem mais equilibradas, isto é, se houvesse uma dinâmica menos intensa do gasto público. No RS, esse aumento da taxa de juros tem impacto especialmente danoso. O processo de recuperação e de reconstrução se move a crédito, e crédito mais caro faz toda a engrenagem rodar mais devagar", diz em nota.
Explicações para a alta da Selic
Para o professor da Escola de Negócios da Pucrs, Gustavo Inácio de Moraes Moraes, a tendência de alta se dá, especialmente, por três fatores: política fiscal expansionista do governo federal atual, mercado de trabalho aquecido e uma pressão inflacionária observada no momento, especialmente nos segmentos de energia e alimentos.
A dívida bruta do governo geral (DBGG) chegou a 78,5% do PIB (R$ 8,8 trilhões) em julho de 2024, um aumento de 0,7 p.p. do PIB em relação ao mês anterior. Já a taxa de desemprego no Brasil ficou em 6,8% nos três meses até julho, segundo o IBGE. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), por sua vez - apesar de ter registrado uma deflação (queda de preços) de 0,02% em agosto deste ano - acumula, em 12 meses, uma taxa de 4,24%, próximo do teto da meta estabelecido pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), que é de 4,5%.
“O mercado de trabalho forte tem elevado a intenção de compra da população, com famílias se encorajando a contratar empréstimos imobiliários”, cita, apontando como um dos elementos que pode pressionar ainda mais a inflação do País.
Segundo ele, há também uma tendência de que a conta de luz siga com cobrança extra até o final do ano em razão da seca que atinge o Brasil. “Há ainda uma nova pressão sobre alimentos. A seca do mês de setembro não foi tão tão forte quanto imaginávamos, mas ainda persiste a dúvida sobre (a estiagem) no verão, o que pode impactar os preços dos alimentos”. E conclui: “A política fiscal que precisa de um pilar mais sólido, a pressão de novos grupos inflacionários e o mercado de trabalho aquecido levaram o Banco Central a adotar uma postura mais conservadora na política fiscal”.
A dívida bruta do governo geral (DBGG) chegou a 78,5% do PIB (R$ 8,8 trilhões) em julho de 2024, um aumento de 0,7 p.p. do PIB em relação ao mês anterior. Já a taxa de desemprego no Brasil ficou em 6,8% nos três meses até julho, segundo o IBGE. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), por sua vez - apesar de ter registrado uma deflação (queda de preços) de 0,02% em agosto deste ano - acumula, em 12 meses, uma taxa de 4,24%, próximo do teto da meta estabelecido pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), que é de 4,5%.
“O mercado de trabalho forte tem elevado a intenção de compra da população, com famílias se encorajando a contratar empréstimos imobiliários”, cita, apontando como um dos elementos que pode pressionar ainda mais a inflação do País.
Segundo ele, há também uma tendência de que a conta de luz siga com cobrança extra até o final do ano em razão da seca que atinge o Brasil. “Há ainda uma nova pressão sobre alimentos. A seca do mês de setembro não foi tão tão forte quanto imaginávamos, mas ainda persiste a dúvida sobre (a estiagem) no verão, o que pode impactar os preços dos alimentos”. E conclui: “A política fiscal que precisa de um pilar mais sólido, a pressão de novos grupos inflacionários e o mercado de trabalho aquecido levaram o Banco Central a adotar uma postura mais conservadora na política fiscal”.