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Publicada em 12 de Setembro de 2024 às 18:17

Complexo de data centers implicará aportes bilionários em energia

Estrutura será alimentada por fontes renováveis

Estrutura será alimentada por fontes renováveis

freepik/divulgação/jc
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Jefferson Klein
Jefferson Klein Repórter
O recente anúncio da empresa Scala Data Centers, que pretende implementar uma “cidade dos data centers” em Eldorado do Sul, entusiasmou os agentes do setor elétrico gaúcho, já que o projeto prevê um intenso consumo de energia. O atendimento dessa futura demanda por usinas locais é ainda uma incerteza, porém a necessidade de reforçar o sistema de transmissão do Rio Grande do Sul para suportar esse acréscimo de carga será uma condição imprescindível e precisará de aportes bilionários.
O recente anúncio da empresa Scala Data Centers, que pretende implementar uma “cidade dos data centers” em Eldorado do Sul, entusiasmou os agentes do setor elétrico gaúcho, já que o projeto prevê um intenso consumo de energia. O atendimento dessa futura demanda por usinas locais é ainda uma incerteza, porém a necessidade de reforçar o sistema de transmissão do Rio Grande do Sul para suportar esse acréscimo de carga será uma condição imprescindível e precisará de aportes bilionários.
“A gente tem que aproveitar a oportunidade”, enfatiza a presidente do Sindicato da Indústria de Energias Renováveis do Rio Grande do Sul (Sindienergia-RS), Daniela Cardeal. Ela lembra que a etapa inicial do projeto da Scala Data Centers prevê uma demanda pequena (58 MW), mas a projeção de crescimento do complexo (que pode chegar a 4,75 mil MW, mais do que toda a atual demanda média de energia do Estado) pode viabilizar vários empreendimentos de energia no Rio Grande do Sul.
Apesar do otimismo proporcionado pela escolha da instalação da estrutura no Estado, o futuro data center não necessariamente precisará adquirir energia de usinas gaúchas. Como o Sistema Elétrico Interligado Nacional (SIN) conecta as regiões brasileiras através de grandes linhas de transmissão, um empreendedor pode contratar energia de uma unidade no Nordeste, por exemplo, para satisfazer o consumo de uma fábrica no Rio Grande do Sul.
Porém, o reforço de linhas e subestações de energia para atender a uma demanda desse porte é uma questão obrigatória, se a iniciativa da Scala Data Centers atingir o seu potencial máximo. O diretor de eólicas do Sindienergia-RS, Guilherme Sari, estima que seria preciso um investimento de R$ 7 bilhões a R$ 8 bilhões em novas linhas e, em nova geração, esse número saltaria para R$ 60 bilhões.
“Estamos falando de um consumo absurdo”, reforça Sari. Ele ressalta que o complexo de data centers será implementado em uma área de aproximadamente 700 hectares e prevê consumir energia suficiente para abastecer um estado. Para os dirigentes do Sindienergia-RS, o ideal, além de garantir os aportes no segmento de transmissão, é conseguir a maior quantidade possível de usinas gaúchas atendendo à demanda da “cidade dos data centers”.
Daniela salienta que a companhia informou que consumirá energia proveniente de fontes renováveis, o que abre várias possibilidades para as gerações hídrica, eólica, solar e de biomassa. Ela recorda que no Rio Grande do Sul, já com licenciamento para operação, há no momento projetos eólicos que somam uma capacidade de aproximadamente 2 mil MW.
O secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, Ernani Polo, frisa que o governo já vem conversando com o empreendedor para que seja priorizada, não somente na área de energia, a produção local. “A gente vai identificar esses potenciais setores, entre eles o de energia, para que possamos estimular o avanço dos parques eólicos que já estão, muito deles, com licenciamento adiantado”, destaca Polo.

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