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Publicada em 04 de Setembro de 2024 às 17:37

Plano para extração de petróleo na Bacia de Pelotas avança

Petrobras é uma das empresas que investirá na região

Petrobras é uma das empresas que investirá na região

Fernando Frazão/ Agência Brasil/ Divulgação/ JC
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Jefferson Klein
Jefferson Klein Repórter
Dentro do raciocínio do ditado popular “quem procura acha”, nunca a probabilidade de se encontrar pela primeira vez petróleo na Bacia de Pelotas (área que abrange a costa gaúcha, indo do Sul de Santa Catarina até a fronteira com o Uruguai) foi tão grande. A mais recente movimentação que contribui para esse otimismo foi a assinatura de 26 contratos de concessão de blocos adquiridos pela Petrobras, em parceria com a Shell, em leilão realizado pela Agência Nacional do Petróleo e Biocombustíveis (ANP) em dezembro de 2023.
Dentro do raciocínio do ditado popular “quem procura acha”, nunca a probabilidade de se encontrar pela primeira vez petróleo na Bacia de Pelotas (área que abrange a costa gaúcha, indo do Sul de Santa Catarina até a fronteira com o Uruguai) foi tão grande. A mais recente movimentação que contribui para esse otimismo foi a assinatura de 26 contratos de concessão de blocos adquiridos pela Petrobras, em parceria com a Shell, em leilão realizado pela Agência Nacional do Petróleo e Biocombustíveis (ANP) em dezembro de 2023.
Naquele certame, ao todo, foram arrematados 44 blocos para a prospecção de petróleo na Bacia de Pelotas e, além da Petrobras e da Shell, também tiveram êxito nessa disputa as empresas Chevron Brasil Óleo e CNOOC Petroleum. Pelas normas do leilão, essas companhias deverão aportar, no mínimo, R$ 1,5 bilhão na busca de petróleo na região.
O professor do Instituto de Geociências da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), Juliano Küchle, frisa que nunca houve tantos esforços concentrados e, por consequência, se esteve tão perto da possibilidade de encontrar óleo naquela área. Esse maior interesse, destaca ele, vem sendo percebido há aproximadamente dois anos. “E a escalada está cada vez maior”, aponta.
Küchle recorda que até hoje a Bacia de Pelotas não chegou a ter 20 poços de prospecção perfurados, sendo que a maioria dessas ações ocorreu nas décadas de 1970 e 1980. O professor enfatiza que a área na costa gaúcha é ainda praticamente desconhecida para o setor petrolífero. No entanto, ele salienta que hoje, com o avanço tecnológico, é possível modificar esse cenário, futuramente. O representante do Instituto de Geociências da Ufrgs prevê que, em breve, será possível registrar um avanço considerável na exploração de petróleo na Região Sul do Brasil.
Conforme o integrante do Instituto de Geociências da Ufrgs, já há oito processos de licenciamentos ambientais para fazer levantamentos sísmicos na região. Ele argumenta que um dos motivos para a valorização da Bacia de Pelotas é a distante Namíbia. Küchle explica que naquele país já foi encontrado petróleo e a América do Sul surgiu da separação do continente africano. Como a bacia de Orange (na Namíbia, onde se achou petróleo) era conectada com a de Pelotas, é razoável presumir que também exista óleo deste lado do oceano.
O geólogo pesquisador no Instituto do Petróleo e dos Recursos Naturais (IPR) da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (Pucrs), Anderson Maraschin, concorda que a constatação de petróleo na Bacia de Orange reacendeu o interesse na Bacia de Pelotas já que, geologicamente falando, uma área seria reflexo da outra. “Todos os processos geológicos que formaram aquela bacia africana são correlatos aos de Pelotas”, diz Maraschin.
No entanto, ele ressalta que, mesmo comprovada a existência de hidrocarbonetos na bacia africana, não significa necessariamente que ocorram os mesmos recursos na Bacia de Pelotas, mas a perspectiva é positiva. Ele acrescenta que estudos geológicos e geofísicos são necessários para comprovar essa hipótese. Maraschin adianta que, de qualquer modo, uma eventual descoberta de petróleo na costa gaúcha ainda irá demorar um pouco. O pesquisador antecipa que os próximos cinco a seis anos deverão ser voltados a pesquisas para observar se existe um reservatório de óleo com potencial econômico para ser explorado.
Os blocos que a Petrobras irá investigar estão situados a mais de 150 quilômetros da costa gaúcha e localizados em águas profundas e ultraprofundas. Conforme a estatal, as águas oceânicas profundas são situadas em áreas com lâmina d’água, em geral, entre 300 e 1,5 mil metros, e as ultraprofundas acima de 1,5 mil metros.

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