A catástrofe climática que atingiu o Rio Grande do Sul também causou o assoreamento do sistema hidroviário gaúcho ao movimentar sedimentos e materiais nos leitos dos rios e da Lagoa dos Patos. Os agentes logísticos locais aguardam ansiosos pela dragagem desses pontos e recentemente surgiu a hipótese que essa ação seja conduzida também na Lagoa Mirim, o que permitiria a movimentação de embarcações entre o Estado e o Uruguai.
Ambas as iniciativas deverão contar com recursos do Departamento Nacional de Infraestrutura dos Transportes (Dnit). Se forem levadas em conta as dragagens necessárias no canal de acesso ao Porto do Rio Grande, na navegação interior do Estado e na Lagoa Mirim o aporte pode chegar próximo a R$ 1 bilhão.
O presidente da Portos RS, Cristiano Klinger, informa que nesta terça-feira (3) uma equipe do Dnit esteve no Rio Grande do Sul fazendo uma vistoria, de lancha, de lugares da hidrovia gaúcha em que se concentram os principais problemas. “Até para poder começar a atuar de forma emergencial nesses pontos, bem como fechar as informações necessárias para poder iniciar a execução do contrato de batimetria (medição) ”, frisa o dirigente.
Havia a perspectiva que o acerto sobre a batimetria fosse confirmado ainda em agosto, mas a expectativa acabou não se confirmando. Klinger afirma que a tendência agora é que não passe de setembro a assinatura do contrato do serviço, assim como é esperado o avanço dos projetos das dragagens emergenciais em focos críticos. “Essa vinda do Dnit aqui é um passo importante porque demonstra que eles estão agindo”, comenta o presidente da Portos RS.
O dirigente reitera que a proposta é fazer a batimetria de toda a hidrovia, contudo há trechos que terão que ser dragados prioritariamente, como, por exemplo, os canais Furadinho, da Feitoria e Pedras Brancas. Por sua vez, o vice-presidente de Infraestrutura da Federasul, Antonio Carlos Bacchieri Duarte, enfatiza que, devido à necessidade de conduzir de maneira célere as medidas necessárias para desassorear a hidrovia gaúcha, foi enviada uma carta ao ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa, por diversas entidades gaúchas com interesse no tema. Ele recorda que será preciso acessar recursos extraordinários para realizar os trabalhos necessários. “Porque no orçamento não existe isso”, reforça.
O documento, além da Federasul, foi assinado por instituições como Sindicato dos Terminais Marítimos do Rio Grande do Sul (Sintermar), Hidrovias RS, Sindicato dos Armadores de Navegação Interior dos Estados do Rio Grande do Sul (Sindarsul), Sindicato das Agências de Navegação Marítimas do Estado do Rio Grande do Sul (Sindanave-RS), Sindicato dos Operadores Portuários do RS (Sindop-RS) e Práticos da Barra. O pedido abrange a execução urgente de serviços de batimetria para levantamento de dados hidrográficos precisos nas áreas afetadas.
Bacchieri salienta que as dragagens são essenciais para que os navios possam acessar o Porto do Rio Grande ou outros terminais com maior volume de cargas. Ele adianta que outro tema que deveria ser discutido é a extração de areia nas vias fluviais. Segundo o vice-presidente de Infraestrutura da Federasul, além de ser uma atividade que alimenta a economia, a prática contribuiria para combater o assoreamento dos rios. “Assim como a reconstrução, a palavra que o Rio Grande do Sul precisa considerar é a prevenção”, conclui o dirigente.