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Publicada em 19 de Agosto de 2024 às 19:30

Setor de hospedagem ainda enfrenta efeitos das chuvas

Rede hoteleira gaúcha trabalha para driblar efeitos das cheias de maio

Rede hoteleira gaúcha trabalha para driblar efeitos das cheias de maio

Sérgio Schütz / Divulgação / JC
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Miguel Campana
Os estabelecimentos de hospedagem no Rio Grande do Sul não passaram ilesos pelas enchentes de maio. Muitos hotéis, motéis e pousadas sentem os impactos prolongados da tragédia climática. São obstáculos da recuperação financeira do setor os remanescentes estragos em estruturas, além da redução no fluxo de pessoas no Estado.
Os estabelecimentos de hospedagem no Rio Grande do Sul não passaram ilesos pelas enchentes de maio. Muitos hotéis, motéis e pousadas sentem os impactos prolongados da tragédia climática. São obstáculos da recuperação financeira do setor os remanescentes estragos em estruturas, além da redução no fluxo de pessoas no Estado.
Pesquisa realizada pela Fecomércio-RS entre 11 de junho e 15 de julho revelou que, para 69,4% dos estabelecimentos entrevistados, as perdas com a tragédia foram indiretas, o que significa que os principais prejuízos vieram da queda no faturamento. Assim, esses estabelecimentos ficam fora da chamada mancha de inundação.
"Muitas empresas do setor foram profundamente impactadas mesmo sem estarem na mancha. Sem uma perspectiva rápida de retorno para alguns, talvez os efeitos sejam irreversíveis", explica o presidente da Fecomércio-RS, Luiz Carlos Bohn.
Os dados da sondagem da Fecomércio também mostraram que 43,1% das empresas estão utilizando reservas próprias para pagar suas despesas. Enquanto isso, somente 7,3% relataram ter tirado empréstimos nas linhas de crédito anunciadas nos últimos meses.
Para o presidente da Federação, a situação extraordinária em que o Estado se encontra exige medidas igualmente extraordinárias das autoridades governamentais. "Temos uma estrutura produtiva afetada para muito além do impacto direto da água e dos deslizamentos. Por isso, seguimos incessantes no diálogo, para que sejam aumentados os valores e a acessibilidade a esses recursos", complementa Bohn. De acordo com ele, a ajuda prestada especialmente às empresas não está sendo suficiente.
No início de agosto, a Fecomércio recorreu ao ministro-chefe da Casa Civil do governo federal, Rui Costa, para pedir a facilitação do acesso de empresas gaúchas aos programas de crédito criados para ajudar o RS. Além disso, a entidade apresentou como sugestão a possibilidade de os empresários acessarem os recursos através de uma autodeclaração de perdas, com comprovação de fotos e vídeos. 

Rede prevê melhora com a reabertura do aeroporto

Passados mais de 100 dias da tragédia climática, a rede de Hotéis Suárez ainda trabalha na recuperação de suas unidades. Devido à operação reduzida, somente 20% dos hotéis da empresa estão aptos a receber hóspedes.
Das sete unidades da companhia instaladas em Porto Alegre, seis ficaram com o pavimento térreo alagado durante o mês de maio. Por causa disso, a rede de hotéis perdeu quase todos os móveis e equipamentos, inclusive os de energia elétrica. A única unidade que não foi inundada enfrentou, no entanto, falta de água e de luz.
Diante do cenário financeiro complicado, a rede de Hotéis Suárez precisou adotar medidas não desejadas para a empresa, como a exoneração de funcionários que estavam sob contrato de experiência.
Para o presidente da empresa, Manuel Suárez, a suspensão dos voos no Aeroporto Salgado Filho afetou por completo o setor de hospedagem. "As outras alternativas de transporte aéreo, como o aeroporto de Caxias do Sul e a Base Aérea de Canoas, oferecem uma quantidade muito inferior de pousos e decolagens durante o dia", comenta.
Segundo Suárez, a redução na circulação de pessoas via Aeroporto diminui o fluxo de hóspedes nos estabelecimentos hoteleiros. Por isso, a reabertura do Salgado Filho no dia 21 de outubro, mesmo que com 70% da capacidade de operação, é muito esperada.
Em meio a incertezas e indefinições, a rede de hotéis está sendo tendo dificuldades em montar um planejamento financeiro. "O governo se mostrou omisso e descompromissado com a realidade do Rio Grande do Sul, o que se reflete nas ações direcionadas à recuperação do setor de hospedagem, que são insuficientes", explica Suárez. 
O presidente da rede também acredita que a opção de tirar empréstimos com bancos seria maléfica para a saúde financeira da empresa, uma vez que o retorno só viria no longo prazo.

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