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Publicada em 15 de Agosto de 2024 às 15:59

Construção de soluções junto à natureza é um dos caminhos para enfrentar as mudança climáticas

Taneha, arquiteta e pesquisadora urbanística, é especializada nas chamadas cidades-esponja

Taneha, arquiteta e pesquisadora urbanística, é especializada nas chamadas cidades-esponja

TÂNIA MEINERZ/JC
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Osni Machado
Osni Machado Colunista
As mudanças climáticas requerem processos de construção de soluções junto à natureza. Um destes caminhos passa por rever o desenho urbano e procurar aprender “o comportamento da natureza”, buscando soluções para enfrentar, por exemplo, a maior catástrofe climática vivida pelo Rio Grande do Sul, há aproximadamente 100 dias. A observação foi feita pela pesquisadora urbanística, arquiteta, doutora pela Universidade de Tecnologia de Delft , na Holanda, e professora de Desenho Urbano, Taneha Kuzniecow Bacchin, especialista nas chamadas cidades-esponja. 
As mudanças climáticas requerem processos de construção de soluções junto à natureza. Um destes caminhos passa por rever o desenho urbano e procurar aprender “o comportamento da natureza”, buscando soluções para enfrentar, por exemplo, a maior catástrofe climática vivida pelo Rio Grande do Sul, há aproximadamente 100 dias. A observação foi feita pela pesquisadora urbanística, arquiteta, doutora pela Universidade de Tecnologia de Delft , na Holanda, e professora de Desenho Urbano, Taneha Kuzniecow Bacchin, especialista nas chamadas cidades-esponja
Taneha participou, nesta quinta-feira, no período da manhã, do 5º Fórum Internacional de Mudanças Climáticas da Economia de Baixo Carbono, no Palácio do Ministério Público, no Centro Histórico de Porto Alegre. O evento lotou o espaço do auditório.
Taneha abordou o tema Projeto, planejamento e governança em contexto de incertezas de condições climáticas extremas. Na oportunidade, a especialista citou algumas premissas de seu trabalho realizado na Holanda e a importância da gestão de riscos e do olhar atento para o desenho urbano, prevendo os eventos climáticos extremos.
Ela mostrou como a Holanda vem enfrentando as questões climáticas e as medidas adotadas, como por exemplo o aumento dos diques em função da elevação dos mares e dos sistemas de drenagem sustentáveis. Taneha disse que não existe uma solução única para o problema, porém, segundo ela, é necessário buscar medidas, com um olhar de longo prazo, levando em consideração, também os aspectos econômicos e culturais.
No período da manhã, o 5º Fórum, promovido pelo Instituto Latino-Americano de Desenvolvimento Econômico Sustentável (Ilades), teve apresentação do Inventário de Gases de Efeito Estufa da sede do Ministério Público Estadual, feito pelo Instituto de Meio Ambiente do Senai-Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs) e pelo Ilades. Marcino Fernandes Rodrigues Junior, advogado, presidente do Ilades, destacou a importância da realização do Inventário.
Na sequência, o secretário estadual adjunto do Meio Ambiente e Infraestrutura, Marcelo Camardelli, apresentou um estudo recente, realizado em 2023, pelo Uruguai, que mostra que o regime de chuvas nos últimos 90 anos naquele país se modificou. Pelo trabalho, antes dos anos 1970 havia uma uniformidade no regime de chuvas, com 300 mm por trimestre, porém, após aquela data, houve uma mudança drásticas para cima e para baixo, o que ligou o sinal de alerta no país vizinho.
Camardelli destacou ainda que, não só o estudo realizado no Uruguai serve para ilustrar cientificamente o cenário de mudanças, mas também para reforçar a ideia do enfrentamento dos problemas, uma vez que, o Rio Grande do Sul já vem passando por uma série de crises, tendo vivenciado, em maio, deste ano, a maior catástrofe climática de sua história.
O secretário apresentou um quadro de eventos climáticos extremos, registrados pelo governo do Estado, mostrando 10 ocorrências, começando com o ciclone que atingiu os municípios de Caraá e Maquiné, no Litoral Norte, no dia 15 de junho do ano passado, e a passagem de um ciclone, em 13 de julho, pelo município de Sede Nova, que acabou decretando calamidade pública.
Depois, no período de 2 a 6 de setembro do ano passado, quando um ciclone extratropical atingiu o Rio Grande do Sul, causando prejuízos e mortes na região do Vale do Taquari, que sofreu com fortes chuvas e inundações. Em 23 de setembro, lembrou que o município de Bagé foi atingido por forte granizo e chuva. Naquele mesmo mês, no período de 26 a 29, Rio Grande e Pelotas foram castigados por enchentes. Em 4 de outubro de 2023, São Borja, Itaqui e Uruguaiana foram afetadas pelas cheias do rio Uruguai, na Fronteira Oeste do Estado.
Em 3 de novembro de 2023, o município de Barra do Rio Azul foi atingido por um forte temporal. Em 17 de novembro de 2023, enchentes derrubam pontes e atingiram famílias moradoras do Vale do Taquari, Caí e Serra.
Já neste ano, em 17 e 18 de janeiro, tempestades provocaram destelhamentos e inundações no Vales e na Região Metropolitana de Porto Alegre. Em abril e maio, por fim, vieram as enchentes pelas cheias dos rios nas regiões Metropolitana de Porto Alegre, Central, Vales e Serra.
Camardelli também lembrou que o Rio Grande do Sul passou por um período de secas extremas, prejudicando as safras.
O secretário destacou ainda as medidas adotadas pelo governo, ainda durante o período de enchentes, como por exemplo, o Plano Rio Grande, como o desafio de acelerar e organizar os processos e projetos de reconstrução do Estado. “Dentro da Secretaria de Meio Ambiente, nós temos 30 projetos, que falam de redução e mitigação, que falam de prevenção e adaptação e todos eles vão culminar na resiliência. Então, são projetos transversais, com o programa hidrogênio verde, lançado no início do ano passado”, citou.

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