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Publicada em 12 de Agosto de 2024 às 18:25

Leite diz que RS é o estado que mais sofre com crise climática e cobra União

Governador destacou que o Estado é muito impactado economicamente por eventos extremos, como chuvas e estiagem

Governador destacou que o Estado é muito impactado economicamente por eventos extremos, como chuvas e estiagem

THAYNÁ WEISSBACH/JC
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Bárbara Lima
Bárbara Lima Repórter
“Nos últimos 20 anos, somos o Estado que mais sofre danos econômicos por catástrofes naturais", disse o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PDSB), durante a apresentação de um painel no I Fórum Estadual do Comércio, em Porto Alegre, nesta segunda-feira (12). O evento foi marcado pela forte cobrança dos painelistas sobre medidas do governo federal para combater os impactos das cheias no Rio Grande do Sul.
“Nos últimos 20 anos, somos o Estado que mais sofre danos econômicos por catástrofes naturais", disse o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PDSB), durante a apresentação de um painel no I Fórum Estadual do Comércio, em Porto Alegre, nesta segunda-feira (12). O evento foi marcado pela forte cobrança dos painelistas sobre medidas do governo federal para combater os impactos das cheias no Rio Grande do Sul.
Na primeira parte da sua fala, o governador relembrou os dados da tragédia, que deixou 182 mortos, 806 feridos, 29 ainda seguem desaparecidos, mais de 580 mil desalojados no auge das cheias (19 de maio) e atingiu 95% dos municípios gaúchos. "Isso falando apenas de maio de 2024, mas a verdade é que fomos afetados por 10 eventos extremos em 12 meses", acrescentou. 

Para a plateia que ocupava o salão da Associação Leopoldina Juvenil, Leite afirmou, ainda, que a retomada econômica do Estado passa, necessariamente, pelo setor privado. "Todos os setores foram afetados. O impacto no PIB gaúcho pode chegar a R$ 3 bilhões. Acreditamos que a reconstrução será com o setor privado", ponderou. 
O chefe do Executivo Estadual também fez um balanço das ações do Plano Rio Grande, que atua em três eixos (ações emergenciais; ações de reconstrução; um conjunto de medidas chamado Rio Grande do Sul do futuro) para mitigar os problemas sociais em decorrência das chuvas, como a habitação, para construir cidades adaptadas e resilientes aos eventos climáticos e para recuperar a economia com investimentos em tecnologia e novos eixos de desenvolvimento, destacando que as intervenções devem ser contínuas, mesmo com as trocas de governos - soluções essas que precisam ser baseadas no debate científico. "Vamos precisar tomar medidas bilionárias. Não podemos errar em bilhões", comentou.
Na oportunidade, ele defendeu o projeto aprovado na Assembleia Legislativa, que provoca reformas na administração pública do Estado, reestruturação de carreiras, reajustes salariais para servidores e permite contratações temporárias de trabalhadores para a reconstrução após as enchentes. "Não somos a favor de um estado inchado, mas a máquina pública não pode ser inexistente, precisamos reter servidores. No final do dia, se precisamos construir uma ponte, precisamos de pessoas que projetem, que encaminhem a demanda. Um Estado sem o pessoal técnico é como uma pessoa que quer construir uma casa, tem argamassa, tijolos, mas que não quer pagar um pedreiro. A casa não vai se construir sozinha", comparou o governador.
Ele também voltou a cobrar mais ações do governo federal e elencou os desafios orçamentários do Estado que, além da dívida com a União, enfrenta o déficit previdenciário. "Tivemos a suspensão dos pagamentos da dívida. Ainda que seja um passo importante, merecíamos e merecemos mais", enfatizou. Leite pediu mais alívio nas regras fiscais e flexibilização da burocracia. Também cobrou celeridade nos recursos destinados pela União à recuperação do Estado, citando o Pronampe Gaúcho, com verbas estaduais, como uma alternativa para auxiliar pequenos empresários.
Leite acrescentou que a falta de incentivos federais ao Rio Grande do Sul gera discrepância no desenvolvimento gaúcho. "O tratamento não é leal do ponto de vista federativo", afirmou, citando que outras regiões do Brasil possuem Fundos Constitucionais, que possibilitam o financiamento de projetos  mais acessível e com juros mais baixos, alíquota interestadual reduzida, benefício fiscal para o setor automotivo, Zona Franca e a distribuição de Royalties, no caso do Sudeste. "Não estamos dizendo que esses incentivos devam ser retirados dos outros estados, porém, se o governo federal não vai nos dar isso, que, ao menos, não nos tire, na forma da dívida, o que geramos aqui", disse. 

O evento foi promovido pela Federação Varejista do RS, que reafirmou sua frustação com o governo federal por meio do presidente da entidade, Ivonei Pioner: "Esperamos um apoio mais efetivo. É o nosso posicionamento", disse. 

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