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Publicada em 08 de Agosto de 2024 às 14:26

Pedidos de Recuperação Judicial cresceram 250 % nos primeiros 5 meses de 2024

Junta Comercial recebeu 70 pedidos no período

Junta Comercial recebeu 70 pedidos no período

CLAUDIO FACHEL/ARQUIVO/JC
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Caren Mello
Caren Mello
O número de pedidos de Recuperação Judicial teve um aumento nos últimos meses, tanto no Brasil, quanto no Rio Grande do Sul. Dados da Serasa Experian indicam que, de janeiro a maio deste ano, houve um crescimento em todo o país de 27,7% nos pedidos que chegaram à justiça, em relação ao mesmo período de 2023. A alta foi puxada pelas pequenas e médias empresas. No Rio Grande do Sul, nos primeiros cinco meses deste ano Junta Comercial do Estado recebeu 70 pedidos, enquanto que, no mesmo período de 2023, foram registrados 20, registrando uma alta de 250%. A previsão é de que o crescimento seja ainda maior até o final do ano, principalmente em função das enchentes do final do mês de abril e início do mês de maio, que resultaram em fechamento de muitas empresas ou prejuízo financeiro de um grande número de empresas, de diferentes tamanhos.
O número de pedidos de Recuperação Judicial teve um aumento nos últimos meses, tanto no Brasil, quanto no Rio Grande do Sul. Dados da Serasa Experian indicam que, de janeiro a maio deste ano, houve um crescimento em todo o país de 27,7% nos pedidos que chegaram à justiça, em relação ao mesmo período de 2023. A alta foi puxada pelas pequenas e médias empresas. No Rio Grande do Sul, nos primeiros cinco meses deste ano Junta Comercial do Estado recebeu 70 pedidos, enquanto que, no mesmo período de 2023, foram registrados 20, registrando uma alta de 250%. A previsão é de que o crescimento seja ainda maior até o final do ano, principalmente em função das enchentes do final do mês de abril e início do mês de maio, que resultaram em fechamento de muitas empresas ou prejuízo financeiro de um grande número de empresas, de diferentes tamanhos.
De acordo com um dos sócios da Sócio, Aptar Recuperação de Empresas, de São Paulo, Eduardo Boniolo, os números locais deverão ter um aumento significativo, uma vez que o levantamento foi feito antes das enchentes. “O Rio Grande do Sul é puxado pelo agro, um setor que vinha bem no s últimos anos, mas esses dados são anteriores às enchentes, o que poderá mudar bastante esses números”, observa. O aumento se dará não só pelas mudanças no clima, mas também porque esperávamos algumas políticas públicas, não só para o agro, mas para todos os setores tivessem uma melhor performance, o que, de fato, não aconteceu”, observa. Especialista em recuperações judiciais e assistente técnico para empresas em todo o país, ele também se refere às taxas de juro que não tiveram a queda esperada e à subida do dólar, composição negativa para o Rio Grande do Sul.
Boniolo explica que as empresas acabam por pedir judicialmente a recuperação em função de uma si situação difícil de caixa. “Ela fica com o caixa negativo, vai buscar linhas do BNDES, não tem subsídios e, quando ela vai buscar crédito no mercado financeiro, a taxa de juro está muito alta. A solução é se socorrer de uma medida judicial para poder parar tudo e evitar execuções”, exemplifica.

O pior erro do empresário seria não monitorar a performance da empresa durante toda vida dela. Há quem faça um plano de negócio para incrementar o projeto ou para dar início à empresa, mas esses indicadores acabam por serem esquecidos. “O que percebemos é que o empresário trabalha, muitas vezes, próximo do vermelho. E, quando acontece qualquer desvio, qualquer intercorrência, como o que ocorreu no Rio Grande do Sul, como a margem de lucro é muito baixa, ele entra em dificuldade. Acaba não tendo essa reserva para poder suprir momentos de maior tensão”.
Em uma obra recentemente publicada - Recuperação de Empresas em Tempo de Crise, o especialista indica que o pedido de recuperação judicial deveria ser a última alternativa do empresário, não a primeira. Isso porque a recuperação judicial possibilita um fôlego financeiro, mas com um custo alto para as pequenas e médias empresas. Opções diversas seriam negociações administrativas ou recuperação extrajudicial, um processo mais barato, rápido e sem impactar na imagem do negócio. “O que queremos deixar de mensagem é: pequenas e médias empresas, monitorem a performance da empresa. Se ela não está indo bem, é preciso avaliar alternativas antes da recuperação judicial, que é um remédio, mas um remédio amargo.”

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