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Publicada em 06 de Agosto de 2024 às 18:05

Mais da metade dos países sul-americanos já possuem planos para o hidrogênio verde

Para ser considerado renovável, combustível precisa ser produzido com fontes limpas como a eólica

Para ser considerado renovável, combustível precisa ser produzido com fontes limpas como a eólica

TÂNIA MEINERZ/JC
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Jefferson Klein
Jefferson Klein Repórter
Não é só com países distantes que o Brasil terá que concorrer no mercado global do hidrogênio verde (combustível que é produzido através de fontes limpas de energia como a eólica e a solar). Conforme levantamento da Agência Internacional de Energias Renováveis (Irena, em inglês), até maio, na América do Sul, nações como Argentina, Chile, Colômbia, Equador, Paraguai e Uruguai já tinham publicado estratégias sobre o assunto. Os brasileiros não apareciam nessa relação, porém na sexta-feira (2) passada o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou a Política Nacional do Hidrogênio de Baixa Emissão de Carbono.
Não é só com países distantes que o Brasil terá que concorrer no mercado global do hidrogênio verde (combustível que é produzido através de fontes limpas de energia como a eólica e a solar). Conforme levantamento da Agência Internacional de Energias Renováveis (Irena, em inglês), até maio, na América do Sul, nações como Argentina, Chile, Colômbia, Equador, Paraguai e Uruguai já tinham publicado estratégias sobre o assunto. Os brasileiros não apareciam nessa relação, porém na sexta-feira (2) passada o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou a Política Nacional do Hidrogênio de Baixa Emissão de Carbono.
O lançamento da iniciativa serviu de indício que a competição no campo do hidrogênio não será apenas externa, mas também interna, entre estados. A presidente do Sindicato da Indústria de Energias Renováveis do Rio Grande do Sul (Sindienergia-RS), Daniela Cardeal, comenta que, durante o ato da sanção do marco legal do hidrogênio, que ocorreu no porto de Pecém, no Ceará, foi muito mencionado o potencial do Nordeste, em particular o daquele estado e do Rio Grande do Norte.
Segundo informações publicadas pela Agência Brasil, que é um órgão de comunicação vinculado ao governo federal, “o Ceará deve se tornar o principal produtor de hidrogênio verde no País, tendo como hub uma usina no Porto do Pecém”. A notícia recorda que a empresa Fortescue já anunciou um projeto na região com capacidade para produzir 837 toneladas de hidrogênio verde por dia, com o uso de 2,1 mil MW de energia renovável. O investimento previsto no empreendimento é na ordem de US$ 5 bilhões.
Apesar dessas perspectivas, Daniela sugere que seja implementado no Brasil um modelo descentralizado de geração de hidrogênio verde. Ela defende que é preciso aumentar o diálogo entre os agentes públicos e privados. “Sentimos que o governo federal deu um início e que esse começo ficou marcado que será no Nordeste”, aponta a presidente do Sindienergia-RS. Para a dirigente, é necessário também explorar as capacidades de outras regiões. Ela ressalta que o Rio Grande do Sul, através do governo do Estado, já fez estudos mapeando o potencial de algumas áreas para a produção dessa nova fonte de energia e foi comprovado que existe vocação.
Em escala global, a Irena aponta que, até maio, já tinham sido publicadas 46 estratégias nacionais e oito roteiros (roadmap, no original) sobre planejamentos envolvendo a produção do hidrogênio. A agência esclarece que “uma estratégia nacional para o hidrogênio é um documento governamental de longo prazo que descreve prioridades, objetivos, barreiras, oportunidades e etapas para o desenvolvimento de um setor”. Já um roteiro “descreve a abordagem para a implantação do hidrogênio em um país, faltando objetivos claros, mas servindo mais como uma estrutura para discussão”.
No Brasil, o novo marco legal sobre o assunto prevê um mecanismo de certificação do combustível. Além disso, a partir de janeiro de 2025 está prevista a suspensão, por cinco anos, da cobrança do PIS/Pasep e da Cofins na aquisição ou importação de máquinas, instrumentos e materiais de construção voltados para projetos de hidrogênio verde. O incentivo também poderá ser usufruído para bens alugados.
É possível aproveitar o hidrogênio para ações como armazenar e gerar energia por meio de células de combustível (em veículos de pequeno, médio e grande porte, como automóveis e caminhões), assim como pode servir como insumo para a produção siderúrgica, química, petroquímica, alimentícia e de bebidas e para o aquecimento de edificações. A partir do hidrogênio verde também é viável obter a amônia verde, aproveitada pela indústria de fertilizantes.

Sindienergia-RS lança programa "Todas as Energias" para a reconstrução do Rio Grande do Sul

O Sindicato das Indústrias de Energias Renováveis do Rio Grande do Sul (Sindienergia-RS) lançará o programa "Todas as Energias", na próxima segunda-feira (9h), no auditório da entidade, em Porto Alegre (Avenida Carlos Gomes, 1492 – bairro Três Figueiras). O objetivo da iniciativa, segundo nota da entidade, é contribuir com a reconstrução e revitalização do Rio Grande do Sul por meio da inovação e de investimentos em todas as fontes de energias renováveis (solar, hídrica, eólica, hidrogênio verde, biocombustível, biomassa, geotérmica, etc).
Além do maior desastre da sua história com as recentes inundações, o Estado vem enfrentando muitas adversidades na última década. Entre elas estão o apagão de conexão devido aos atrasos nas obras do Leilão 004/2014, a recessão econômica de 2014-2016, a pandemia de Covid-19 e três verões consecutivos de secas severas. Levando em consideração as consequências sociais e econômicas deste cenário, a presidente do Sindienergia-RS, Daniela Cardeal vai apresentar as ações previstas no programa "Todas as Energias", os investimentos a curto e longo prazo e o cenário do setor energético do Rio Grande do Sul no contexto nacional.
Como resultado, o programa busca colocar o Estado na rota de novos investimentos em energias renováveis, priorizando a segurança energética, alimentar e social, a geração de empregos, o fortalecimento da economia gaúcha e a preservação ambiental por meio da energia elétrica de baixo carbono.

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