Apesar da importância do Rio Grande do Sul para o setor do biodiesel nacional (no ano passado foi o principal produtor do biocombustível, com a fabricação de quase 1,7 bilhão de litros, segundo dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis - ANP), as enchentes que assolaram recentemente o Estado não afetaram as projeções do mercado para este ano. A Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) permanece com sua projeção de uma produção total no País de cerca de 9,3 bilhões de litros em 2024 (em 2023 o resultado foi de aproximadamente 7,5 bilhões de litros).
“Em que pese toda a dificuldade que surgiu (com as enchentes), o número nacional não deve mudar muito”, prevê o diretor de economia e assuntos regulatórios da Abiove, Daniel Amaral. Ele recorda que, durante o momento mais intenso da calamidade climática no Rio Grande do Sul, algumas bases de distribuição de combustíveis ficaram inacessíveis, especialmente no município de Canoas. Devido ao problema, o dirigente destaca que a ANP decidiu reduzir a obrigatoriedade da mistura de biodiesel (que era de 14%) para 2% no diesel S10 e para zero no S500 para os locais com dificuldade de acesso.
Entretanto, esse cenário durou pouco tempo, salienta Amaral. “Estamos falando de umas três ou quatro semanas de produção e consumo, na maior parte do Estado, que deixaram de ser realizados, depois foi a retomada e as coisas vão voltando a uma normalidade”, assinala. Quanto à produção de biodiesel, o integrante da Abiove comenta que algumas usinas gaúchas também enfrentaram dificuldades. No entanto, como várias unidades de fabricação do biocombustível registram atualmente ociosidade em suas capacidades, os empecilhos verificados no Rio Grande do Sul não ocasionaram falta do produto no mercado nacional.
Sobre os números da cadeia da soja, principal matéria-prima do biodiesel, Amaral comenta que também não ocorreram ainda alterações nas estimativas da Abiove após as enchentes no Rio Grande do Sul. Um dos motivos é que a maior parte da safra da oleaginosa já havia sido colhida e devidamente armazenada. A expectativa é de que a produção de soja em grão chegue a 153,2 milhões de toneladas, com um esmagamento mantido em 54,5 milhões de toneladas. A produção do farelo de soja permanece estimada em 41,7 milhões de toneladas e a de óleo em 11 milhões de toneladas.