Estudo feito pela Universidade da Califórnia em 40 países apontou a redução dos níveis das águas subterrâneas em escala global. No Brasil, o presidente da Enercons Consultoria em Energias Renováveis e fundador da Associação Brasileira de Pequenas Centrais Hidrelétricas e Centrais Geradoras Hidrelétricas (Abrapch), Ivo Pugnaloni, afirma que os reservatórios das hidrelétricas representariam um papel fundamental para atenuar esse reflexo.
Uma explicação para a redução das águas subterrâneas, aponta o dirigente, é a extração demasiada do líquido para utilizações como, por exemplo, na irrigação. “No Brasil, 68% das outorgas de autorização para uso do recurso hídrico são para irrigação”, afirma Pugnaloni.
Ele ressalta que a prática, normalmente, é feita para um destino nobre, que é a produção de alimentos. No entanto, o presidente da Enercons acrescenta que existem algumas ações de irrigação que são eficientes e outras nem tanto. O uso do pivô central na agricultura, conforme ele, é uma das práticas inadequadas, por depender de uma grande potência elétrica para movimentar a água e muitas vezes o líquido não chega na raiz da planta.
Pugnaloni diz que as hidrelétricas funcionam como intervenções humanas que ajudam a compensar a retirada de água dos lençóis subterrâneos. As barragens das usinas criam lagos que possibilitam que a água mais estagnada possa alcançar o subsolo.
Apesar da consideração do fundador da Abrapch, a hidreletricidade vem diminuindo de relevância dentro do Brasil. De acordo com dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), atualmente a fonte hídrica ainda é predominante no País, com uma participação de 53,3% na matriz elétrica (levando em conta pequenas e grandes centrais hidrelétricas). No entanto, ano após ano, essa geração vem perdendo espaço para competidoras como a termeletricidade, a geração solar e a eólica.
Ainda segundo informações do órgão de regulação do setor elétrico, somente cerca de 3% da potência do total de usinas brasileiras que estão sendo construídas atualmente é proveniente de hidrelétricas. Pugnaloni frisa que as hidrelétricas, com os seus reservatórios e dentro do planejamento do setor elétrico, deveriam concorrer com as termelétricas e não com as fontes solar e eólica.
Ele justifica seu posicionamento ressaltando que as duas primeiras podem ser gerações armazenadas e não são intermitentes como as usinas alimentadas pelo sol e pelo vento. Dentro dessa lógica, o dirigente acrescenta ainda que o impacto ambiental das hídricas é menor que o das térmicas fósseis.