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Publicada em 31 de Julho de 2024 às 15:53

União arrecada R$ 17 bilhões em leilão de petróleo com forte presença de chineses

Lotes são referentes à estimativa de produção de campos na Bacia de Santos

Lotes são referentes à estimativa de produção de campos na Bacia de Santos

ANDRE RIBEIRO/PETROBR?S/DIVULGA??O/JC
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Folhapress
A Petrobras foi a maior compradora dos barris de petróleo leiloados pela União nesta quarta-feira (31) na sede da B3, em São Paulo. A empresa adquiriu 14,5 milhões dos 37,5 milhões de barris da produção estimada de dois campos de partilha do governo federal em 2025. Ao todo, a União arrecadou R$ 17 bilhões com a venda, R$ 2 bilhões a mais do que a previsão inicial.
A Petrobras foi a maior compradora dos barris de petróleo leiloados pela União nesta quarta-feira (31) na sede da B3, em São Paulo. A empresa adquiriu 14,5 milhões dos 37,5 milhões de barris da produção estimada de dois campos de partilha do governo federal em 2025. Ao todo, a União arrecadou R$ 17 bilhões com a venda, R$ 2 bilhões a mais do que a previsão inicial.
Os demais barris foram adquiridos pelos chineses participantes do leilão: a Petrochina e a Cnooc, todas ligadas ao governo da China.
Presente no evento, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, voltou a defender a extração de petróleo, inclusive em campos hoje em processo de licenciamento, como é o caso dos projetos na Foz do Amazonas.
"Se não produzirmos petróleo, outro país venderá para nós. A cadeia de fornecimento de bens e serviços e a siderurgia, a cadeia do aço, estão deixando de produzir aqui e estão indo para a Guiana. Não é isso que queremos", disse. "O atraso na produção da margem equatorial está deixando de criar um ciclo virtuoso para o país", completou.
Esse foi o maior leilão do tipo já realizado pela Pré-Sal Petróleo SA (PPSA), estatal responsável por gerir os contratos de partilha de produção de petróleo e gás natural entre empresas e o governo federal.
Os barris vendidos são referentes à estimativa de produção de 2025 dos campos de Mero e Búzios, na Bacia de Santos, os dois maiores campos da União. Eles são operados pela Petrobras, e a União tem direito a 41,65% da produção no primeiro, após descontos dos custos, e a 23,24% no segundo.
Dos quatro lotes de vendidos, três são de Mero (dois deles com quantidades estimadas de 12 milhões de barris e um de 11 milhões de barris) e um de Búzios (com quantidade estimada de 2,5 milhões de barris). A Petrobras arrecadou os barris do primeiro lote do campo de Mero e do único lote negociado do campo de Búzios.
A disputa mais acirrada do leilão aconteceu pelo segundo lote do campo de Mero, de 12 milhões de barris. Inicialmente, a estatal brasileira havia oferecido um desconto de US$ 1,85 por barril (em referência à cotação do petróleo Brent), mas a Petrochina — a maior petrolífera do mundo — cobriu sucessivamente as ofertas da concorrente e conseguiu arrematar o lote com desconto de US$ 1,35.
Situação semelhante aconteceu entre a Petrobras e a também chinesa Cnooc na arrecadação do segundo lote do campo de Mero. Na ocasião, o desconto de US$ 1,85 oferecido pela Petrobras foi coberto pela Cnooc, que fechou com desconto de US$ 1,59 por barril. Na disputa pelos 2,5 milhões de barris do campo de Búzios, a Petrobras precisou diminuir o desconto inicial de US$ 2,50 por barril para US$ 1,85 após disputa com a brasileira PRIO.
Além das ganhadoras e da PRIO, outras três empresas participaram do leilão: a portuguesa Galp, a francesa TotalEnergies e a Refinaria de Mataripe, maior refinaria privada brasileira. A americana ExxonMobil e a norueguesa Equinor desistiram de participar. Já a anglo-holandesa Shell não divulgou ofertas para nenhum lote.
Como a quantidade de barris leiloados nesta quarta é atrelada à estimativa de produção dos campos no ano que vem, os vencedores do certame não necessariamente receberão a quantidade exata adquirida. A entrega, na prática, será referente à produção real de 2025. Ainda assim, o valor arrecadado pela União não vai variar, uma vez que os riscos de volatilidade da produção ficarão com o comprador (em caso de produção maior, o saldo também é do comprador).
O embarque dos barris acontecerá sempre dois meses após o registro da produção. Ou seja, a produção de janeiro será entregue ao comprador em março, a de fevereiro em abril e assim por diante. O transporte será custeado pelo vencedor — o que, em parte, explica o interesse da Petrobras por todos os lotes oferecidos.
Os valores serão depositados na conta única do Tesouro Nacional, entre 30 e 45 dias após o embarque. Ou seja, a expectativa é que até abril de 2026 o governo já tenha recebido os R$ 17 bilhões, o que vai gerar um alívio nas contas públicas.
Ao todo, a União tem 23 contratos de partilha da produção, a maior parte deles ainda sem operação. Em alguns, a produção é pequena e, por isso, a PPSA realiza vendas no mercado de curto prazo. No último leilão, em 2021, a Petrobras arrecadou 57 milhões de barris, mas com um prazo de três anos.
A PPSA planeja um novo leilão no início de 2025 para vender a produção de 2026 e negocia com o Ministério de Minas e Energia um calendário de ofertas do petróleo da União para garantir previsibilidade aos compradores.

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