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Publicada em 29 de Julho de 2024 às 18:14

Na contramão do exterior, dólar cai com movimento técnico e fluxo

Moeda encerrou o dia cotada a R$ 5,6255, em baixa de 0,57%

Moeda encerrou o dia cotada a R$ 5,6255, em baixa de 0,57%

Arte/Jc
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Agência Estado
O dólar aprofundou o ritmo de queda ao longo da tarde e encerrou a sessão desta segunda-feira (29) em terreno negativo no mercado doméstico, abaixo da linha de R$ 5,65, na contramão da onda de fortalecimento da moeda americana no exterior, em semana marcada por reunião de política monetária do Federal Reserve e do Banco do Japão.Operadores ouvidos pelo Broadcast atribuíram a recuperação do real a questões técnicas e a eventual entrada de fluxo de exportadores. Investidores já estariam antecipando ajuste de posições típicas de fim de mês. Além disso, como a moeda brasileira apresenta a maior queda no ano entre as principais divisas globais e foi uma das que mais sofreu com o rali recente do iene, havia espaço para uma recuperação, com provável realização de lucros.O gerente de câmbio da Treviso Corretora, Reginaldo Galhardo, observa que, com o dólar já perto de R$ 5,65, não compensa a investidores estrangeiros sustentarem níveis tão elevados de posições "compradas" (que apostam na valorização da moeda americana). "Os estrangeiros estão já se antecipando ao fim do mês e zerando posições, já que não compensa promover a rolagem na virada do mês, e isso acaba ajudando a derrubar o dólar mesmo com a cautela lá fora", afirma.Com mínima a R$ 5,6240 à tarde, o dólar encerrou o dia cotado a R$ 5,6255, em baixa de 0,57%, o que reduziu os ganhos em julho a 0,67%. No ano, a moeda americana acumula valorização de 15,91% em relação ao real."O dia é para ser ruim para o real, com commodities em baixa e outras divisas emergentes se desvalorizando. Provavelmente, tivemos fluxo de exportadores e também já um movimento tendo em vista a Ptax", afirma o operador de câmbio Hideaki Iha, da Fair Corretora, em referência a preparações para a disputa pela formação da última taxa Ptax de julho na próxima quarta-feira (31).Pela manhã, investidores assimilaram também as declarações em cadeia nacional do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na noite do último domingo (28), de que não abrirá "mão da responsabilidade fiscal". Amanhã, sai o detalhamento da contenção de R$ 15 bilhões no Orçamento deste ano — bloqueio de R$ 11,2 bilhões e contingenciamento de R$ 3,8 bilhões.Hoje, o Banco Central informou que o setor público consolidado (governo central, Estados, municípios e estatais, com exceção de Petrobras e Eletrobras) teve déficit primário de R$ 40,873 bilhões em junho.Lá fora, o índice DXY — que mede o desempenho do dólar em relação a uma cesta de seis divisas fortes — operou em alta ao longo do dia e voltou a superar os 104,500 pontos. Na outra ponta da gangorra, as commodities recuaram, com as cotações do petróleo em baixa de mais de 1,5%Investidores tendem a adotar uma postura mais cautelosa à espera da decisão de política monetária do Fed na próxima quarta-feira. É dada como certa a manutenção da taxa básica na faixa entre 5,25% e 5,50%, mas há expectativa de sinais de corte nos próximos meses, provavelmente em setembro, no comunicado da decisão e na entrevista coletiva do presidente do Banco Central americano, Jerome Powell.Espera-se também mudanças de comunicação na reunião do Banco do Japão (BoJ) nesta semana, com sinalização de alguma elevação de juros à frente ou até mesmo um aumento da faixa da taxa básica — o que pode levar a uma valorização adicional do iene em relação ao dólar e, por tabela, prejudicar divisas emergentes.Por aqui, a expectativa é que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central anuncie manutenção da taxa básica em 10,50%, em um comunicado com tom duro, dada a deterioração recente das expectativas de inflação. No Boletim Focus divulgado hoje, aumentaram a mediana das projeções para o IPCA deste ano (de 4,05% para 4,10%) e do próximo (de 3,90% para 3,96%).Em tese, a combinação de provável manutenção de Selic no nível atual por período prolongado com eventual corte de juros nos EUA tende a favorecer o real, ao aumentar a atratividade das operações de carry trade. Analistas alertam, porém, que o ceticismo com o cumprimento das metas fiscais e o mau humor recente com divisas emergentes inibem apostas na moeda brasileira.
O dólar aprofundou o ritmo de queda ao longo da tarde e encerrou a sessão desta segunda-feira (29) em terreno negativo no mercado doméstico, abaixo da linha de R$ 5,65, na contramão da onda de fortalecimento da moeda americana no exterior, em semana marcada por reunião de política monetária do Federal Reserve e do Banco do Japão.

Operadores ouvidos pelo Broadcast atribuíram a recuperação do real a questões técnicas e a eventual entrada de fluxo de exportadores. Investidores já estariam antecipando ajuste de posições típicas de fim de mês. Além disso, como a moeda brasileira apresenta a maior queda no ano entre as principais divisas globais e foi uma das que mais sofreu com o rali recente do iene, havia espaço para uma recuperação, com provável realização de lucros.

O gerente de câmbio da Treviso Corretora, Reginaldo Galhardo, observa que, com o dólar já perto de R$ 5,65, não compensa a investidores estrangeiros sustentarem níveis tão elevados de posições "compradas" (que apostam na valorização da moeda americana). "Os estrangeiros estão já se antecipando ao fim do mês e zerando posições, já que não compensa promover a rolagem na virada do mês, e isso acaba ajudando a derrubar o dólar mesmo com a cautela lá fora", afirma.

Com mínima a R$ 5,6240 à tarde, o dólar encerrou o dia cotado a R$ 5,6255, em baixa de 0,57%, o que reduziu os ganhos em julho a 0,67%. No ano, a moeda americana acumula valorização de 15,91% em relação ao real.

"O dia é para ser ruim para o real, com commodities em baixa e outras divisas emergentes se desvalorizando. Provavelmente, tivemos fluxo de exportadores e também já um movimento tendo em vista a Ptax", afirma o operador de câmbio Hideaki Iha, da Fair Corretora, em referência a preparações para a disputa pela formação da última taxa Ptax de julho na próxima quarta-feira (31).

Pela manhã, investidores assimilaram também as declarações em cadeia nacional do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na noite do último domingo (28), de que não abrirá "mão da responsabilidade fiscal". Amanhã, sai o detalhamento da contenção de R$ 15 bilhões no Orçamento deste ano — bloqueio de R$ 11,2 bilhões e contingenciamento de R$ 3,8 bilhões.

Hoje, o Banco Central informou que o setor público consolidado (governo central, Estados, municípios e estatais, com exceção de Petrobras e Eletrobras) teve déficit primário de R$ 40,873 bilhões em junho.

Lá fora, o índice DXY — que mede o desempenho do dólar em relação a uma cesta de seis divisas fortes — operou em alta ao longo do dia e voltou a superar os 104,500 pontos. Na outra ponta da gangorra, as commodities recuaram, com as cotações do petróleo em baixa de mais de 1,5%

Investidores tendem a adotar uma postura mais cautelosa à espera da decisão de política monetária do Fed na próxima quarta-feira. É dada como certa a manutenção da taxa básica na faixa entre 5,25% e 5,50%, mas há expectativa de sinais de corte nos próximos meses, provavelmente em setembro, no comunicado da decisão e na entrevista coletiva do presidente do Banco Central americano, Jerome Powell.

Espera-se também mudanças de comunicação na reunião do Banco do Japão (BoJ) nesta semana, com sinalização de alguma elevação de juros à frente ou até mesmo um aumento da faixa da taxa básica — o que pode levar a uma valorização adicional do iene em relação ao dólar e, por tabela, prejudicar divisas emergentes.

Por aqui, a expectativa é que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central anuncie manutenção da taxa básica em 10,50%, em um comunicado com tom duro, dada a deterioração recente das expectativas de inflação. No Boletim Focus divulgado hoje, aumentaram a mediana das projeções para o IPCA deste ano (de 4,05% para 4,10%) e do próximo (de 3,90% para 3,96%).

Em tese, a combinação de provável manutenção de Selic no nível atual por período prolongado com eventual corte de juros nos EUA tende a favorecer o real, ao aumentar a atratividade das operações de carry trade. Analistas alertam, porém, que o ceticismo com o cumprimento das metas fiscais e o mau humor recente com divisas emergentes inibem apostas na moeda brasileira.

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