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Publicada em 26 de Julho de 2024 às 17:48

Cheias contribuem para alta da cesta básica de Porto Alegre no 1° semestre

Problemas de distribuição em razão das cheias impactaram a chegada de produtos nos mercados em maio

Problemas de distribuição em razão das cheias impactaram a chegada de produtos nos mercados em maio

PATRICIA COMUNELLO/ESPECIAL/JC
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Nícolas Pasinato
Nícolas Pasinato
O preço da cesta básica de Porto Alegre no primeiro semestre deste ano registrou alta de 5%. No mesmo período do ano passado, a variação havia sido menor (+1%). Conforme a economista do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) Daniela Sandi, essa elevação mais acentuada se deve por razões climáticas, em especial, pelas enchentes que atingiram o Rio Grande do Sul no mês de maio. 
O preço da cesta básica de Porto Alegre no primeiro semestre deste ano registrou alta de 5%. No mesmo período do ano passado, a variação havia sido menor (+1%). Conforme a economista do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) Daniela Sandi, essa elevação mais acentuada se deve por razões climáticas, em especial, pelas enchentes que atingiram o Rio Grande do Sul no mês de maio. 
“Quando olhamos por grupo de alimentos, o que mais puxou a alta nos primeiros seis meses de 2024 foram os produtos in natura que já registravam elevação anterior à enchente por conta da instabilidade climática relacionadas ao fenômeno El Niño”, aponta a economista. Ela afirma que, além dos alimentos in natura, o leite, o café e o arroz também tiveram elevações marcantes, de 25,82%, 13,87% e 12,37%, respectivamente.

Após registrar quedas em março (-2,43%) e em abril (-0,23%), o valor da cesta básica de Porto Alegre voltou a subir em maio (+3,33%), no período mais afetado pelas inundações no Estado. Em junho de 2024, o preço da cesta da Capital apresentou variação de 0,43% em relação a maio de 2024 passando a custar R$ 804,86.
“Em maio, com o impacto da enchente, o quadro de altas acelerou. No entanto, os dados de junho já registram uma melhora importante em relação a maio, com uma quantidade menor de produtos que registraram elevações e com patamares menores de aumentos”, analisa Daniela.

Apesar da elevação nos preços do semestre deste ano ter sido maior na comparação com 2023, houve uma melhora no poder de compra do salário mínimo em relação à cesta básica entre os mesmos períodos. Conforme o Dieese, enquanto nos primeiros seis meses de 2024, o comprometimento médio do salário com os produtos alimentícios básicos ficou em 60,5%, em igual período do ano passado esse percentual era maior de 63,4%. “Essa melhora é resultado da combinação de retomada da política de valorização do salário mínimo e preços dos alimentos sob controle”, diz Daniela.

Itens que mais subiram no 1° semestre em Porto Alegre 

Batata: + 33,06%
Leite: + 25,82%
Tomate: + 17,47%
Café: + 13,87%
Arroz: + 12,37%  

Itens que recuaram no 1° semestre em Porto Alegre 

Carne: -4,77%
Feijão: -3,81%
Açúcar: -0,61%

Tendência de alta deve seguir nos próximos meses, prevê empresa 

A Aprix, empresa que fornece tecnologias para gerenciamento eficiente de preços junto à indústria de consumo, aponta que o valor da cesta básica nacional - que cresceu 4,09% nos seis primeiros meses do ano conforme levantamento divulgada pela Associação Brasileira de Supermercados (Abras) - tende a continuar aumentando.

“A tendência é que esses preços continuem subindo, pelo menos, nos próximos três meses, principalmente por conta de fatores como a alta do dólar, que influencia bastante em produtos como leite e pão. Outro ponto de atenção é em relação à alta do combustível que tem influência direta em toda a cadeia alimentar do País”, destaca Guilherme Zuanazzi, CEO da companhia.

O dólar encerrou o primeiro semestre de 2024 com valorização de mais de 15%. A economista do Dieese Daniela Sandi explica que muitos produtos são cotados pela moeda norte-americana no mercado internacional, como a soja, a carne, o arroz, o café, o açúcar e o trigo e, portanto, sofrem mais com as oscilações do câmbio. Ela ressalta ainda que câmbio desvalorizado estimula a exportação, o que pode impactar a oferta interna.

Daniela avalia, contudo, ser difícil avaliar os efeitos da alta do dólar em um período tão curto de tempo, sendo necessário um acompanhamento dos próximos meses para se ter uma visão mais clara sobre esse ponto. “No mês de junho, o preço comercializado do óleo de soja subiu em 12 das 17 capitais pesquisadas, com altas que chegaram a 6,6%. A maior demanda pelo grão e a valorização do dólar podem ter contribuído para esse aumento. Por outro lado, a carne bovina que também é cotada no mercado internacional e exportada segue em queda pela maior oferta no mercado interno”, compara.

Já sobre o aumento da gasolina de 7,11%, anunciado pela Petrobras no início de julho, é um fator que, em princípio, não preocupa, visto que o Diesel não teve alteração, o que teria impacto maior no custo do frete.

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