Depois de um período de incógnita sobre o futuro do Cais Mauá, que foi duramente atingido pela enchente de maio em Porto Alegre, os envolvidos no projeto voltam a tratar do tema publicamente. Ainda não há, no entanto, certezas sobre os investimentos ou novas datas do processo de concessão.
Inicialmente, havia a expectativa de que a assinatura do contrato de concessão da área ocorresse cerca de 60 dias após a homologação do leilão da área do antigo porto da capital gaúcha, que aconteceu em 18 de março. Ou seja, o processo teria um desfecho em 18 de maio. Porém, vieram as chuvas desde o início do mês, seguidas de inundações na área central de Porto Alegre, e o governo do Estado decidiu suspender o calendário.
A Secretaria da Reconstrução Gaúcha, comandada por Pedro Capeluppi — que comandava a Secretaria de Parcerias e Concessões antes de ser absorvida pela Secretaria de Reconstrução Gaúcha —, informa que o projeto de concessão do Cais Mauá está sob avaliação técnica e jurídica por parte do Executivo estadual. “A análise ocorre em razão das enchentes que afetaram o local”, justifica a pasta, através de nota enviada pela assessoria de imprensa.
O Consórcio Pulsa RS diz se solidarizar com o povo gaúcho nesta tragédia sem precedentes e entende que os esforços ainda estão centrados na retomada e na reconstrução das cidades afetadas. “Desta forma, aguarda posicionamento sobre a concessão pública do Cais Mauá. Entende que é preciso vencer este momento crítico para que o projeto e as condições do espaço sejam reavaliados e, assim, os trâmites administrativos ainda em curso possam evoluir, em linha com o processo previsto pelo governo do Estado do Rio Grande do Sul”, afirma o texto, também enviado através de nota da assessoria de imprensa do consórcio Pulsa RS.
Empresa que entraria no projeto aguarda medidas na região do Cais
Uma das empresas que assinou o memorando para integrar o projeto do consórcio Pulsa RS é a Atitus Educação, de Passo Fundo. O empreendimento de ensino superior tem 6 mil alunos no Rio Grande do Sul, sendo 4,5 mil na unidade de Passo Fundo e 1,5 mil em Porto Alegre. A intenção era ampliar a presença na Capital, mas a Atitus pisou no freio após a enchente e avalia a situação.
“Estávamos olhando o Cais, pois acreditamos que cabe um centro universitário ali. Tinha sentido, mas o que vai acontecer em Porto Alegre? Já que é ano eleitoral, quem for eleito vai assumir o compromisso de segurança da cidade?”, questionou o presidente da Atitus, Eduardo Capellari, em conversa recente com a reportagem, durante o evento Mapa Econômico do RS, do Jornal do Comércio, realizado em Erechim na semana passada.
O presidente da Atitus, uma das fundadoras do Instituto Caldeira, também se preocupa com o futuro do 4º Distrito. "Se não for tratado adequadamente pelas autoridades públicas, as pessoas podem não querer mais morar naquela região”, alerta.
Capellari destaca que o futuro da Atitus no Cais dependerá dos reflexos da enchente na cidade nos próximos anos e de outros fatores. “Porto Alegre perdeu 70 mil habitantes nas últimas décadas. Uma universidade precisa de jovens”, argumenta. “Estamos aguardando”, sublinha.