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Publicada em 16 de Julho de 2024 às 19:52

Galípolo: nova meta adequa arcabouço institucional à prática da política monetária

Membro do BC deu declarações sobre futuro da instituição durante evento em Goiás

Membro do BC deu declarações sobre futuro da instituição durante evento em Goiás

Lula Marques/ Agência Brasil
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Agência Estado
O diretor de Política Monetária do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, disse nesta terça-feira (16) que o novo sistema de meta contínua de inflação apenas adequa o arcabouço institucional do País àquilo que já era a prática na condução da política monetária, já que o horizonte relevante muitas vezes supera o ano-calendário.
O diretor de Política Monetária do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, disse nesta terça-feira (16) que o novo sistema de meta contínua de inflação apenas adequa o arcabouço institucional do País àquilo que já era a prática na condução da política monetária, já que o horizonte relevante muitas vezes supera o ano-calendário.
Em um evento organizado pelo Sicredi em Anápolis, Goiás, Galípolo disse que não vê entraves para a comunicação do BC sob o novo regime. O modelo contínuo, válido a partir do ano que vem, estabelece que o alvo será acompanhado com base no IPCA acumulado em 12 meses. Se ele extrapolar a banda de tolerância por seis meses seguidos, vai se considerar que a meta foi perdida.
"A função de reação do Banco Central vai sempre ser muito anterior, seja com medidas ou com comunicação, a este evento dos seis meses, para que a gente esteja zelando e com a política monetária perseguindo a meta", disse, lembrando que o Brasil era um dos únicos dois países que ainda usavam uma meta de ano-calendário.
Ele acrescentou que, hoje, o BC tem se mostrado mais cauteloso com a gestão da política monetária, apesar de dados benignos de inflação corrente. "Nós estamos olhando para a frente, quais são as expectativas e o quanto as projeções e expectativas estão se descolando da meta", afirmou.

Copom

Galípolo garantiu que a convergência das expectativas para o centro da meta, de 3%, é uma "prioridade" da autoridade monetária. Segundo ele, o BC vê no Focus um subsídio de "relevância enorme" para a sua tomada de decisão. "É uma prioridade, e não só nesse momento", disse. "A gente teve um ponto em que estava expressando preocupação com a desancoragem em 50 pontos base. Sempre foi um desafio", completou.
Ele explicou que, mesmo nessa fase anterior, o BC já tinha dificuldade de avaliar as causas por trás da desancoragem. Segundo o diretor, havia a percepção de que, se os números de inflação corrente melhorassem, as projeções do mercado poderiam acompanhar. "Na verdade, a dissonância aumentou", disse.
Galípolo relatou ter ouvido críticas de que o BC dá muito ou pouco peso ao Focus, mas afirmou que a autoridade monetária tem uma institucionalidade que "sabe consumir" as informações do relatório. E afirmou que o fato de o Comitê de Política Monetária (Copom) mencionar mais vocalmente um assunto não necessariamente significa que esse tema tem mais peso na sua análise. "Nós estamos simplesmente tentando ser transparentes e comunicar aos agentes o que está nos preocupando mais neste momento e o que está nos chamando mais atenção", disse.

Juros no futuro

Galípolo evitou oferecer pistas sobre a visão da autoridade monetária para os juros no futuro. Ele afirmou que o aumento da incerteza e da adversidade exige que não haja um forward guidance. "A gente passou a retirar esse guidance e ficar totalmente com todas as alternativas em aberto justamente porque a incerteza aumentou, a adversidade aumentou", disse. "Isso passou a nos colocar nessa situação em que estamos mais dependentes de dados, não oferecendo nenhum tipo de sinalização sobre o futuro."
Indagado sobre o cenário alternativo apresentado pelo Copom — segundo o qual, com a Selic estável em 10,5% até o fim de 2025, a inflação do ano que vem seria de 3,1%, contra 3,4% no cenário de referência, com juros menores —, ele disse apenas tratar-se de uma maneira de "construir um cenário."
"Mas basta dizer assim: a gente teve de um RTI para outro uma mudança de câmbio de R$ 4,95 para R$ 5,30, e quando sai o relatório já está em um outro patamar de câmbio, que tem apresentado uma volatilidade grande; e ainda estamos aguardando para ver esses movimentos de acomodação", disse. "Então, acho que, nesses momentos, estamos abertos e já aguardando para esperar como é que os desdobramentos vão se dar."

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