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Publicada em 02 de Julho de 2024 às 18:28

Após tocar R$ 5,70, dólar desacelera e fecha a R$ 5,6648, alta de 0,20%

Moeda já acumula aumento de 1,37% em julho e de 16,72% no ano

Moeda já acumula aumento de 1,37% em julho e de 16,72% no ano

Arte/Jc
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Agência Estado
Após tocar R$ 5,70 no início da tarde, o dólar à vista perdeu fôlego na última hora de negócios e encerrou esta terça-feira (2) cotado a R$ 5,6648, avanço de 0,20%. Foi a terceira sessão consecutiva de alta da divisa, que já acumula valorização de 1,37% nos dois primeiros pregões de julho, o que leva os ganhos no ano a 16,72%. O real é a moeda que mais perde em relação ao dólar em 2024.A diminuição da alta do dólar por aqui se deu em meio a um aprofundamento das perdas da moeda americana no exterior e a rumores de que o Banco Central (BC) teria consultado tesourarias para uma eventual intervenção no câmbio, com oferta de swaps ou até mesmo moeda à vista. A maioria dos analistas afirma que não é o momento de o BC intervir, uma vez que não haveria "disfuncionalidade" no mercado, mas apenas uma alta mudança de nível de taxa de câmbio provocada por aumento da percepção de risco.O mercado de câmbio local teve novos picos de estresse hoje com mais uma rodada de críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao presidente do BC, Roberto Campos Neto, a quem atribuiu "viés político". Lula classificou a depreciação recente do real como "um ataque especulativo" e convocou uma reunião amanhã para tratar do tema, argumentando que é preciso "fazer alguma coisa".Ainda pela manhã, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que não há nada que o governo planeje fazer no sentido de conter o dólar além de "acertar a comunicação" sobre a autonomia do Banco Central e a "rigidez" do arcabouço fiscal. As declarações do ministro vieram após questionamento sobre eventual ação do governo, como alteração no IOF cobrado em operações de câmbio.As máximas do dólar no início da tarde coincidiram com declarações da presidente do PT, Gleisi Hoffmann, que disse que o "bolsonarista Campos Neto" estaria aplaudindo um suposto ataque especulativo ao real "que ele mesmo desencadeou" ao falar de questões fiscais. "Mais um dia de ataque especulativo ao real e o BC segue de braços cruzados, sem fazer as operações de compra e swap necessárias nesse momento. Irresponsáveis!", escreveu Gleisi no X.Em painel em fórum realizado pelo Banco Central Europeu (BCE), Campos Neto disse, pela manhã, que a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de interromper o ciclo de queda da Selic foi motivada mais por ruídos do que por fundamentos econômicos. Ele citou incertezas relacionadas à sucessão no Banco Central, que mexe com as expectativas para a política monetária, e o risco fiscal.O superintendente da Mesa de Derivativos do banco BS2, Ricardo Chiumento, afirma que os investidores, em especial os estrangeiros, estão muito sensíveis à possibilidade de deterioração do quadro fiscal e à troca de comando do BC, que traz o temor de algum grau de perda de autonomia da política monetária."O dólar está forte no mundo neste ano. Mas o real é a moeda mais depreciada no acumulado no ano porque as críticas do governo ao Banco Central estão afugentando investidores", afirma Chiumento, lembrando que hoje a moeda americana caiu lá fora após o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, adotar um tom mais ameno em relação aos juros. "Mas o real continuou perdendo força com as críticas da presidente do PT ao BC. O mercado tem a memória de intervenções de [Guido] Mantega em 2013 e 2014 com mudança no IOF para tentar segurar a valorização do dólar", afirma.A última vez em que o Banco Central interveio no mercado cambial foi em 2 de abril, com a venda de US$ 1 bilhão em swaps cambiais extras, com a justificativa de amenizar o efeito do vencimento de NTN-As (títulos públicos indexados à taxa de câmbio) sobre a dinâmica do mercado. De lá para cá, o presidente do BC disse em várias ocasiões que a autoridade atua apenas para evitar disfuncionalidades no mercado cambial.
Após tocar R$ 5,70 no início da tarde, o dólar à vista perdeu fôlego na última hora de negócios e encerrou esta terça-feira (2) cotado a R$ 5,6648, avanço de 0,20%. Foi a terceira sessão consecutiva de alta da divisa, que já acumula valorização de 1,37% nos dois primeiros pregões de julho, o que leva os ganhos no ano a 16,72%. O real é a moeda que mais perde em relação ao dólar em 2024.

A diminuição da alta do dólar por aqui se deu em meio a um aprofundamento das perdas da moeda americana no exterior e a rumores de que o Banco Central (BC) teria consultado tesourarias para uma eventual intervenção no câmbio, com oferta de swaps ou até mesmo moeda à vista. A maioria dos analistas afirma que não é o momento de o BC intervir, uma vez que não haveria "disfuncionalidade" no mercado, mas apenas uma alta mudança de nível de taxa de câmbio provocada por aumento da percepção de risco.

O mercado de câmbio local teve novos picos de estresse hoje com mais uma rodada de críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao presidente do BC, Roberto Campos Neto, a quem atribuiu "viés político". Lula classificou a depreciação recente do real como "um ataque especulativo" e convocou uma reunião amanhã para tratar do tema, argumentando que é preciso "fazer alguma coisa".

Ainda pela manhã, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que não há nada que o governo planeje fazer no sentido de conter o dólar além de "acertar a comunicação" sobre a autonomia do Banco Central e a "rigidez" do arcabouço fiscal. As declarações do ministro vieram após questionamento sobre eventual ação do governo, como alteração no IOF cobrado em operações de câmbio.

As máximas do dólar no início da tarde coincidiram com declarações da presidente do PT, Gleisi Hoffmann, que disse que o "bolsonarista Campos Neto" estaria aplaudindo um suposto ataque especulativo ao real "que ele mesmo desencadeou" ao falar de questões fiscais. "Mais um dia de ataque especulativo ao real e o BC segue de braços cruzados, sem fazer as operações de compra e swap necessárias nesse momento. Irresponsáveis!", escreveu Gleisi no X.

Em painel em fórum realizado pelo Banco Central Europeu (BCE), Campos Neto disse, pela manhã, que a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de interromper o ciclo de queda da Selic foi motivada mais por ruídos do que por fundamentos econômicos. Ele citou incertezas relacionadas à sucessão no Banco Central, que mexe com as expectativas para a política monetária, e o risco fiscal.

O superintendente da Mesa de Derivativos do banco BS2, Ricardo Chiumento, afirma que os investidores, em especial os estrangeiros, estão muito sensíveis à possibilidade de deterioração do quadro fiscal e à troca de comando do BC, que traz o temor de algum grau de perda de autonomia da política monetária.

"O dólar está forte no mundo neste ano. Mas o real é a moeda mais depreciada no acumulado no ano porque as críticas do governo ao Banco Central estão afugentando investidores", afirma Chiumento, lembrando que hoje a moeda americana caiu lá fora após o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, adotar um tom mais ameno em relação aos juros. "Mas o real continuou perdendo força com as críticas da presidente do PT ao BC. O mercado tem a memória de intervenções de [Guido] Mantega em 2013 e 2014 com mudança no IOF para tentar segurar a valorização do dólar", afirma.

A última vez em que o Banco Central interveio no mercado cambial foi em 2 de abril, com a venda de US$ 1 bilhão em swaps cambiais extras, com a justificativa de amenizar o efeito do vencimento de NTN-As (títulos públicos indexados à taxa de câmbio) sobre a dinâmica do mercado. De lá para cá, o presidente do BC disse em várias ocasiões que a autoridade atua apenas para evitar disfuncionalidades no mercado cambial.

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