Porto Alegre,

Anuncie no JC
Assine agora

Publicada em 04 de Julho de 2024 às 18:03

Mercado imobiliário de Porto Alegre aquece após maio conturbado

Visitação a imóveis ganhou força em junho, após declínio nos negócios

Visitação a imóveis ganhou força em junho, após declínio nos negócios

ISABELLE RIEGER/JC
Compartilhe:
Miguel Campana
A queda brusca no número de visitações de imóveis no mês de maio foi sucedida por um expressivo crescimento do mercado imobiliário em junho em Porto Alegre. Isso se explica, em parte, pela procura de muitos por uma nova moradia depois dos estragos causados pela enchente. De acordo com pesquisa realizada pela startup Loft em parceria com a Offerwise, 30% dos gaúchos consideram mudar de casa para fugir de eventos climáticos extremos.
A queda brusca no número de visitações de imóveis no mês de maio foi sucedida por um expressivo crescimento do mercado imobiliário em junho em Porto Alegre. Isso se explica, em parte, pela procura de muitos por uma nova moradia depois dos estragos causados pela enchente. De acordo com pesquisa realizada pela startup Loft em parceria com a Offerwise, 30% dos gaúchos consideram mudar de casa para fugir de eventos climáticos extremos.
O aquecimento do mercado de imóveis no período pós-enchente contraria a chamada alta temporada de aluguéis, que normalmente abrange janeiro, fevereiro e março. Nestes meses, aumenta a circulação de pessoas entre diferentes cidades.
Após enfrentar um declínio de aproximadamente 56% no número de visitas nas primeiras semanas de maio, a imobiliária Guarida conseguiu se recuperar. Em junho, a empresa bateu o seu recorde de negócios fechados em um único mês.
Segundo o diretor de locações da Guarida, Rafael Spolavori, foram realizados mais de 5.200 atendimentos. Além disso, para um mesmo imóvel, a imobiliária registrou uma média de quatro pretendentes. O tempo de negociação diminuiu e alguns acordos foram fechados no mesmo dia da visitação.
O número de desocupação de imóveis da Guarida não aumentou no último mês. De acordo com Spolavori, esse tem sido um cenário comum nos últimos anos. Ao invés disso, o crescimento observado veio dos pedidos de renegociação de aluguel.
Entre os dias 6 de maio e 27 de junho, a Guarida intermediou 413 pedidos de mudança nos contratos de aluguel. Segundo Spolavori, a Guarida obteve êxito em uma grande parte das renegociações. Entre as mudanças propostas, estavam o desconto no pagamento do aluguel e a solicitação por um período de aluguel grátis.
Para facilitar o contato entre o proprietário do imóvel e o inquilino, a Guarida implementou um comitê. Também foi criada uma jornada de autoatendimento para o cliente. Caso acesse a agência virtual da Guarida, o inquilino pode fazer a sua proposta de renegociação, que é recebida pelo proprietário através de uma ferramenta de Whatsapp parametrizada.
"Nós não temos poder de decisão sobre o imóvel. Por isso, o nosso papel é intermediar e possibilitar uma renegociação que seja benéfica para ambas as partes", explica Spolavori.
O diretor da Guarida acredita que no mês de julho ainda haverá uma grande demanda de renegociações, mas que o mercado imobiliário deve voltar ao normal em agosto.
 

Aluguel de imóveis sofreu com os alagamentos provocados pela enchente no Estado

Preços dos aluguéis variam de acordo com o crescimento da demanda

Preços dos aluguéis variam de acordo com o crescimento da demanda

MATEUS BRUXEl/ARQUIVO/JC
A imobiliária Auxiliadora Predial reuniu dados para avaliar as variações no preço do metro quadrado em diferentes bairros de Porto Alegre. Apesar disso, de acordo com o diretor de aluguéis da imobiliária, Mário Cesar, o preço já aumentava mesmo antes das enchentes
Como o prejuízo com as chuvas era maior do que o previsto, as pessoas que haviam se abrigado na casa de familiares passaram a procurar por imóveis mobiliados. Isso explica o aumento de 67% na demanda por imóveis para locação após 15 de maio. O problema é que, naquela data, 30% do estoque de imóveis da Auxiliadora Predial estava inacessível em virtude das enchentes.
Segundo o diretor da Auxiliadora, o encarecimento do metro quadrado nos bairros de Porto Alegre pode estar relacionado ao crescimento da demanda e também à diminuição da oferta de imóveis. Uma parcela dos imóveis do bairro Sarandi ficou indisponível para aluguel depois das chuvas. Como resultado, o preço daqueles que ainda podiam ser alugados aumentou.
No bairro Petrópolis, que não ficou alagado depois das enchentes, o principal motivo para o aumento do preço do metro quadrado foi o crescimento da demanda. Entre junho e maio de 2023, o metro quadrado de um imóvel com um dormitório neste bairro custava R$ 36,73. No mesmo período de 2024, o preço passou a ser R$ 46,57, o que representa uma variação YOY (year over year) de 26,8%.
A Auxiliadora Predial também precisou intermediar renegociações de contratos de aluguel entre proprietários e inquilinos. O diretor da Auxiliadora afirma que foi adicionada uma cláusula de desconto a 10% dos contratos da imobiliária. Ainda segundo ele, os proprietários dos imóveis foram compreensivos com a situação. 
Caso houvesse algum tipo de problema nas renegociações, os inquilinos poderiam ser amparados pela Lei do Inquilinato. De acordo com a norma, a partir de 10 dias incapacitado de acessar o imóvel, o inquilino deve receber um desconto no pagamento do aluguel proporcional ao tempo afastado.
 

Notícias relacionadas