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Publicada em 27 de Junho de 2024 às 18:07

Galípolo é 'menino de ouro' e tem condição de presidir BC, diz Lula

Lula tem tecido críticas ao atual líder do Banco Central, Roberto Campos Neto

Lula tem tecido críticas ao atual líder do Banco Central, Roberto Campos Neto

Valter Campanato/Agência Brasil
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Folhapress
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse nesta quinta-feira (27) que o diretor de Política Monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo, tem condições de presidir o banco após o fim do mandato de Roberto Campos Neto. "O Galípolo é um menino de ouro. Se tem um menino de ouro, é Galípolo. Competentíssimo, de uma honestidade ímpar. Obviamente ele tem todas as condições para ser presidente do Banco Central. Mas nunca conversei com ele, nunca falei com ele [sobre isso]", afirmou Lula em entrevista à rádio Itatiaia, em Minas Gerais.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse nesta quinta-feira (27) que o diretor de Política Monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo, tem condições de presidir o banco após o fim do mandato de Roberto Campos Neto. "O Galípolo é um menino de ouro. Se tem um menino de ouro, é Galípolo. Competentíssimo, de uma honestidade ímpar. Obviamente ele tem todas as condições para ser presidente do Banco Central. Mas nunca conversei com ele, nunca falei com ele [sobre isso]", afirmou Lula em entrevista à rádio Itatiaia, em Minas Gerais.
O presidente da República afirmou não ter decidido pelo nome do sucessor no Banco Central e descartou antecipar a indicação. "Não quero indicar para ser alvo de tiroteio. [É] capaz de morrer antes de tomar posse", disse. Por outro lado, Lula avaliou que a divulgação do nome pode "abaixar a bola" de Roberto Campos Neto, dizendo que "assim ele percebe que tem sucessor". E complementou: "vou indicar uma pessoa que primeiro entenda de política monetária. Segundo, que seja uma pessoa que goste e tenha compromisso com o Brasil."
Galípolo segue favorito na disputa pela presidência do Banco Central, apesar de votar no Comitê de Política Monetária (Copom) pela interrupção da queda dos juros — diferentemente do que queria o governo Lula. Mas auxiliares de Lula afirmam que o presidente ainda não bateu o martelo sobre o indicado.
Roberto Campos Neto tem mandato na presidência do Banco Central até 31 de dezembro deste ano. Ele assumiu em 2021, indicado durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Na entrevista, Lula reclamou de ter, durante metade do mandato, um presidente do BC indicado pelo antecessor e voltou a fazer críticas a Campos Neto, afirmando que ele "enveredou por um caminho equivocado".
"O Banco Central tem autonomia e o cidadão [Campos Neto] tem mandato. Eu ganhei as eleições para presidente e vou ficar dois anos com um presidente do BC indicado pelo adversário que pensa ideologicamente e economicamente diferente de mim, e antes de sair ele vai tentar apresentar coisas para 2025. Vou ter o presidente do Banco Central praticamente quando terminar meu mandato, isso não é correto."
Campos Neto tem sido o alvo preferido das críticas de Lula. As falas são acompanhadas de reações do mercado financeiro. No dia 18, em entrevista à rádio CBN, Lula disse que Campos Neto tem lado político e trabalha para prejudicar o país. Ele também comparou-o com o ex-juiz da Lava Jato Sergio Moro e citou o jantar que o governador Tarcísio de Freitas (São Paulo) fez em homenagem ao presidente da autoridade monetária. Para o presidente, o ex-ministro de Jair Bolsonaro (PL) tem mais influência nas decisões de Campos Neto do que ele.
Na quarta-feira (26), Lula ironizou a reação do mercado financeiro à sua entrevista ao portal UOL. "Por que teve reação [do mercado financeiro]? Não teve reação, deve ter gostado. Mas quem votava em mim pode continuar votando", afirmou o presidente. A fala de Lula sobre corte de gastos provocou reação do mercado, com o dólar registrando alta de 1,16% e fechando cotado a R$ 5,518. Foi o maior valor nominal desde 18 de janeiro de 2022.
Na entrevista em questão, o presidente brasileiro colocou em dúvidas a necessidade de efetuar um corte de gastos para melhorar o equilíbrio fiscal do governo. Lula afirmou que será preciso analisar se a questão pode ser resolvida com aumento da arrecadação. "O problema não é que tem que cortar. Problema é saber se precisa efetivamente cortar ou se precisa aumentar a arrecadação. Temos que fazer essa discussão."
Em entrevista à rádio Itatiaia, Lula negou que houvesse associação entre a subida do dólar e sua fala. "Quando alguns companheiros falaram na imprensa de que o dólar tinha subido por causa da minha entrevista, fiquei que o dólar subiu 15 minutos antes da minha entrevista. Uma parte das pessoas quer viver de especulação. Tem gente apostando no dólar contra o real."

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