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Publicada em 20 de Junho de 2024 às 20:04

Governo do RS prevê queda de até R$ 10 bilhões em receita do ICMS em 2024

Os dados foram apresentados pelo governador Eduardo Leite nesta quinta-feira

Os dados foram apresentados pelo governador Eduardo Leite nesta quinta-feira

Rodrigo Ziebell/Ascom GVG/Divulgação/JC
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Maria Amélia Vargas
Maria Amélia Vargas Repórter
A tragédia climática provocou uma queda de 23,4% na arrecadação de Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) no Rio Grande do Sul diante das projeções anteriores às enchentes que afetaram 93% dos municípios gaúchos. Os dados foram apresentados, ontem, durante encontro do governador Eduardo Leite com a Federação das Associações de Municípios do RS (Famurs), a Confederação Nacional de Municípios (CNM), prefeitos e parlamentares, em Porto Alegre.
A tragédia climática provocou uma queda de 23,4% na arrecadação de Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) no Rio Grande do Sul diante das projeções anteriores às enchentes que afetaram 93% dos municípios gaúchos. Os dados foram apresentados, ontem, durante encontro do governador Eduardo Leite com a Federação das Associações de Municípios do RS (Famurs), a Confederação Nacional de Municípios (CNM), prefeitos e parlamentares, em Porto Alegre.
De 1º de maio a 18 de junho, a previsão era de que o Estado recolhesse R$ 6,47 bilhões referentes ao tributo. Na prática, porém, foram arrecadados R$ 5,16 bilhões (ou seja, R$ 1,58 bilhões abaixo do esperado). Em maio, a expectativa era de R$ 3,97 bilhões, resultando em uma queda de 17%. Em junho, até o dia 18, a queda já é de 32%.
Leite falou sobre o momento atual do Poder Público, as dificuldades enfrentadas e o impacto da perda de arrecadação. "Os municípios estão sob a pressão de ter que resolver diversos gastos extraordinários, despesas que não estavam planejadas. O Estado está trabalhando em várias frentes para ajudar nestas questões, mas sabemos que não é o suficiente, pela quantidade de demandas feitas aos municípios. Por outro lado, as cidades estão verificando fortes perdas de arrecadação, assim como o Estado, e esse impacto na receita é muito significativo", comentou.
Segundo a secretária Estadual da Fazenda, Priscilla Santana, as perdas devem ser ainda maiores neste mês: "Por que no mês de maio a gente não sentiu tanta perda na inflação? Porque levou em consideração o mês de abril. Agora, a gente está sentindo as perdas mais profundas, temos toda essa segunda quinzena de maio para processar. Então, a princípio, essa tende a se tornar uma perda um pouco mais aguda. Mas a perspectiva é de que depois a gente recupere", disse.
Na estimativa do subsecretário da Receita Estadual, Ricardo Neves Pereira, a tendência é de que a arrecadação do ICMS tenha uma queda de cerca de R$ 1 bilhão ao mês até o final do ano, podendo chegar a uma soma de até R$ 10 bilhões.
"Os estragos foram muito grandes, e as empresas estão pedindo muito apoio, algumas com problemas de inadimplência, de recuperação de seus ativos. Então, não é só o retorno da economia, mas o impacto que temos na arrecadação", afirma Neves.

Histórico Orçamentário do governo do Rio Grande do Sul (R$ em bilhões)
Histórico Orçamentário do governo do Rio Grande do Sul (R$ em bilhões) CONTAS PÚBLICAS
O ano de 2024 já vinha com uma previsão de déficit orçamentário nas contas da Lei Orçamentária Anual (LOA), estimado em R$ 2,6 bilhões, o que, conforme a Secretaria da Fazenda, estaria diretamente vinculado à perda de arrecadação do ICMS por conta das leis Complementares 192 e 194. "O cenário desenhado agora é ainda mais desafiador, pois temos uma pressão grande nas despesas  para atender as demandas de reconstrução e uma receita ainda mais comprometida do que antes. O não pagamento da dívida da União também está destinado a despesas obrigatórias para  a reconstrução. Portanto, neste momento, os dados disponíveis não nos permitem dimensionar com  a exatidão necessária o patamar de arrecadação", comentou a Secretaria, por meio de nota.
Com isso, conforme a pasta, qualquer tentativa de estimativa seria "uma ilação". "Sob a ótica das despesas, as respostas imediatas ao enfrentamento da calamidade já demandaram recursos de quase R$ 1 bilhão, esse valor ainda poderá ser alterado e está sendo suportado por recursos de caixa trazidos de exercícios anteriores", concluiu a nota.
Na oportunidade, o presidente da Famurs, Marcelo Arruda, apresentou uma lista de solicitações ao governador. "Os prefeitos, além do compromisso de estarem fortes, dando assistência à sua população num dos momentos mais difíceis do Rio Grande do Sul, têm essa situação ainda do fechamento das contas", declarou Arruda.
Também presente na reunião, o prefeito de Porto Alegre Sebastião Melo pediu que o governo estadual cobre uma maior ajuda ao Congresso Nacional neste momento: "Tem que pressionar o presidente, os seus ministros, o Congresso tem que sofrer um bafo. Os presidentes do Congresso estiveram aqui e assumiram posições públicas no Rio Grande do Sul. Acho que a nossa bancada tem que ficar junto nesse processo", cobrou Melo.
O cenário atual torna a missão de equilibrar as contas públicas neste ano ainda mais desafiador. Há três anos, o Rio Grande do Sul registra superávit fiscal. No ano passado, o saldo foi de R$ 3,6 bilhões puxado por privatizações, adesão ao Regime de Recuperação Fiscal (RRF) e reformas.
 

Municípios somam perdas de ICMS de quase R$ 170 milhões

Também foram apresentados os 30 municípios que mais tiveram perdas de ICMS durante o período. Somente neste grupo, foi verificada uma perda de R$ 169,19 milhões do imposto. Entre as cidades mais afetadas estão Canoas (R$ 24,2 milhões), Porto Alegre (R$ 23,6 milhões) e Caxias do Sul (R$ 16,09 milhões). 
“Neste momento, não tem município pequeno, médio ou maior, todos estamos no mesmo barco. Temos que estar de mãos dadas, não podemos compartimentalizar em governo estadual e municipal – é o Rio Grande do Sul. Se o Estado vai mal, os municípios também sofrem consequências na infraestrutura precarizada. E se nossos municípios vão mal, na ponta a sociedade vai sofrer, porque é lá que está o cidadão”, disse o presidente da Famurs e prefeito de Barra do Rio Azul, Marcelo Arruda. 
Leite também apresentou um quadro com demandas do governo estadual para a União e o Congresso Nacional, com o status de atendimento de cada uma.

Referente às ações de recuperação do Estado, o governador destacou as iniciativas em desenvolvimento dentro do Plano Rio Grande, que já contabiliza R$ 906,7 milhões investidos.

Cinco cidades com maior queda de receitas pelo impacto no ICMS

Canoas - R$ 24.281.076,60
Porto Alegre - R$ 23.690.109,20 
Caxias do Sul - R$ 16.095.199,30  
Rio Grande - R$ 6.449.007,00 
Gravataí - R$ 6.400.880,20 

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