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Publicada em 19 de Junho de 2024 às 18:09

Governo não desistiu da compra de arroz e novo leilão está sendo estruturado, diz Fávaro

Primeiro leilão havia sido anulado após suspeitas de conflito de interesse

Primeiro leilão havia sido anulado após suspeitas de conflito de interesse

Paulo Lanzetta/Embrapa/Divulgação/JC
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Agência Estado
O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, afirmou que o governo "não desistiu" da compra pública de arroz importado e beneficiado, após anular o primeiro leilão de compra de 263 mil toneladas realizado no início do mês.
O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, afirmou que o governo "não desistiu" da compra pública de arroz importado e beneficiado, após anular o primeiro leilão de compra de 263 mil toneladas realizado no início do mês.
"Estamos estruturando um novo edital moderno juntamente com a Advocacia Geral da União [AGU] e Controladoria Geral da União [CGU] para buscar correções e [para que] possamos saber quem está habilitado a participar", disse Fávaro, durante audiência na Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural da Câmara dos Deputados sobre a importação de arroz pelo governo federal. A audiência se estende por mais de três horas.
Segundo Fávaro, entre as mudanças estudadas pelo governo está a possibilidade de a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) participar do processo de qualificação das empresas aptas a participarem do leilão público. Até então, as bolsas de mercadorias fazem a intermediação com as empresas e precisam comprovar a capacidade técnica e financeira das empresas arrematantes.
A Conab, por sua vez, toma ciência de quais empresas arremataram os lotes apenas após o resultado final do certame. "Isso é para não ficarmos sabendo da condição das empresas sabendo apenas depois das empresas. Por isso, estamos fazendo novo edital", explicou o ministro.
O primeiro leilão de compra de 263 mil toneladas de arroz importado pela Conab foi anulado pelo Executivo no último dia 11, após suspeitas de conflito de interesses e tráfico de influência envolvendo agentes públicos e as empresas intermediárias do leilão. A capacidade técnica e financeira das empresas vencedoras, que arremataram o direito de venda do arroz ao governo, também é questionada pelo fato de a maioria não atuar no ramo de originação e venda de grãos.
Entre as ganhadoras do leilão, estão uma fabricante de sorvetes, uma mercearia de bairro especializada em queijo e uma locadora de veículos. Das quatro empresas vencedoras, apenas uma — a Zafira Trading — atua no ramo. Mais cedo, o ministro reconheceu na comissão que "algumas empresas aparentemente" não têm perfil para operar o leilão de arroz, o que, segundo ele, foi tomado conhecimento pelo governo após o fechamento do certame público.
A participação dos órgãos de controle do governo no edital de leilão público de arroz, de responsabilidade da Conab, ocorre após a AGU e CGU detectarem inconsistências nas normativas e investigarem suspeitas de conflito de interesse. A última vez que a Conab fez um leilão para importação e venda de produto havia sido em 1987, o que leva técnicos alegarem que não havia normativa recente para ser utilizada como base do edital.

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