As medidas emergenciais para contenção de prejuízos decorrentes das enchentes e a retomada socioeconômica do Rio Grande do Sul foram abordados no Tá na Mesa da Federasul realizado nesta quarta-feira (12), no Palácio do Comércio, em Porto Alegre. A logística do Rio Grande do Sul abalada pelas enchentes de maio e a questão trabalhista referente a como manter os empregos dos trabalhadores, já que boa parte das empresas deixaram de funcionar em razão de danos ao patrimônio, são temas que preocupam os economistas que fazem parte das principais entidades da indústria, do comércio e da agricultura do RS.
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O economista chefe da Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs), Giovani Baggio, disse que 70% das empresas que participaram de uma pesquisa realizada pela entidade apontaram como "grande problema" a logística do Estado que foi afetada pelas enchente. Além disso, os empresários ouvidos em uma pesquisa realizada pela Federação destacaram a preocupação de como manter os empregos dos funcionários. "As empresas estão com dificuldade de circular no Rio Grande do Sul porque a infraestrutura (rodovias) foi abalada pelas inundações", destaca Baggio. O Tá na Mesa também reuniu os economistas Antônio da Luz, da Farsul, Lucas Schifino, da Fecomércio/RS, e Oscar Frank, da CDL POA.
Outro problema, segundo Baggio, é como lidar com os funcionários. "Muitos estão sem trabalhar e sem casa", destaca. O economista comentou ainda as dificuldades dos trabalhadores em chegar em seu local de trabalho devido às inundações. Conforme Baggio, o Rio Grande do Sul já tinha, antes das enchentes, problemas de competitividade - escassez de mão de obra, questão demográfica e aumento do ICMS. "Agora, a situação do Estado piorou porque as medidas anunciadas não estão ajudando os gaúchos atingidos pela tragédia climática de maio", acrescenta.
O presidente da Federasul, Rodrigo Sousa Costa, afirmou que as medidas anunciadas pelo governo federal são inócuas. "Não temos medidas da União para ajudar o Rio Grande do Sul e as pessoas estão sem emprego, sem renda, e sem casa. E as empresas terão que se reconstruir. Teremos uma onda de demissões porque as medidas não vieram para socorrer o Estado", afirma. Para Sousa, o Rio Grande do Sul está sendo penalizado pelo governo federal.
Presidente da Federasul, Rodrigo Sousa Costa, teme onda de demissões nas empresas
TÂNIA MEINERZ/JC
O economista Lucas Schifino, da Fecomércio/RS, destaca que é adequado que o poder público federal adote medidas para auxiliar a recuperação do Rio Grande do Sul. "O tamanho do prejuízo pode provocar um ciclo econômico negativo de grande repercussão ao Estado", destaca. Schifino defende a suspensão do pagamento de tributos e obrigações acessórias, incluindo parcelamentos; revisão de valor de imóveis para IPTU e revogação do aumento ICMS dos alimentos.
Lucas Schifino, da Fecomércio/RS, aponta a possibilidade de um ciclo econômico negativo no Estado
TÂNIA MEINERZ/JC
Já o economista da CDL Porto Alegre, Oscar Frank, disse que o período caracterizado pelo maior desequilíbrio financeiro das empresas ficará descoberto (maio) e a jornada de trabalho permanece inflexível porque os trabalhadores e a própria demanda seguem com dificuldades de locomoção. Segundo Frank, os problemas da Medida Provisória 1.230 estão relacionados à política de preservação dos empregos, ou seja, à impossibilidade de celebrar acordos com cada colaborador individualmente e nenhum trabalhador vinculado ao CNPJ poderá ser demitido por quatro meses. Os encargos são de responsabilidade do empregador.
Preservação dos empregos é a preocupação dos empresários, aponta Oscar Frank, da CDL Porto Alegre
TÂNIA MEINERZ/JC
Para Antônio da Luz, economista da Farsul, as enchentes são algo sem precedência na história do Rio Grande do Sul e as medidas anunciadas pelo governo federal não estão ajudando o Estado. "Existe uma perda de foco da União com relação a crise vivida pelo Rio Grande do Sul", comenta. Para Luz, por exemplo, destinar recursos financeiros para a importação de arroz, não é problema do Estado. "O Rio Grande do Sul precisa de recursos para reconstruir as suas empresas e a sua infraestrutura", destaca.
Antônio da Luz, economista chefe da Farsul, destaca a perda de foco do governo federal
TÂNIA MEINERZ/JC