Indústrias paradas, comércio e serviços fechados. Perdas de equipamentos, produtos, estoques e danos estruturais. Quase a totalidade das empresas gaúchas foi afetada diretamente pelas enchentes no Rio Grande do Sul em maio, o que refletiu no recolhimento do ICMS.
Inicialmente, o governo gaúcho projetava uma arrecadação de R$ 3,02 bilhões no período entre os dias 1° e 23 de maio, mas o valor obtido com o ICMS ficou em R$ 2,34 bilhões, uma queda de 22,7%. Os dados fazem parte do Boletim econômico-tributário da Receita Estadual, divulgado pelo governo do Estado nesta terça-feira (28), com informações sobre os negócios de todos os portes.
A tragédia climática afetou 91% das empresas no Rio Grande do Sul. A maioria (49%) está localizada em municípios que decretaram calamidade - foram atingidos 44 mil estabelecimentos em áreas inundadas. Essa fatia representa 16% do total dos 278 mil estabelecimentos no Estado e responde por 27% do total da arrecadação de ICMS.
No pior momento da tragédia climática, ainda na primeira semana de maio, as operações realizadas pelas empresas encolheram 55%, passando para um recuo de 15% nos últimos 15 dias. Após cair 32% no dia 7 de maio, a emissão de notas fiscais no Estado diminuiu 21% no período mais recente dos dados.
• LEIA TAMBÉM: Empresas indicam acesso ao crédito como foco no momento
Entre as atividades econômicas analisadas, a mais prejudicada pelas cheias foi a do tabaco. Na comparação com o mesmo período de abril, o volume de vendas do setor movimentou R$ 1,5 milhão, ficando em R$ 789 mil, uma variação de -48%. Também tiveram perdas acima de 40% os segmentos de madeira, cimento e vidros (-44,8%), metalmecânico (-44,4%) coureiro-calçadista (-40,8%), papel (-40,4%) e bebidas (-40,1%). Entre todos os ramos industriais, a queda no volume de vendas na primeira quinzena de maio, em comparação ao mesmo período do mês anterior, foi de 36%.
As indústrias da Região Metropolitana e do Vale do Taquari, que concentram mais de 40% das vendas, tiveram a maior redução no volume. A Região Metropolitana recuou de R$ 6,4 milhões em 15 dias de abril para R$ 2,6 milhões no período em maio, numa retração de 58,7%.
O governo do Estado vem lançando uma série de medidas para auxiliar as empresas atingidas pelas enchentes. As ações são desenvolvidas pela Secretaria Estadual da Fazenda (Sefaz) e a Receita Estadual. Entre as iniciativas estão a criação de soluções para viabilizar a emissão ou dispensa dos documentos fiscais conforme a categoria do contribuinte, prorrogação de prazos de pagamento do ICMS sem juros e multas e também para quitação do IPVA, inibição das negativações na Serasa, estorno dos estoques e simplificações nos procedimentos de doações nacionais e internacionais.