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Publicada em 22 de Maio de 2024 às 12:30

Enchentes ameaçam a existência de negócios no RS, alerta Abrasel

A rua João Alfredo, que tem vários bares na Cidade Baixa, ficou alagada

A rua João Alfredo, que tem vários bares na Cidade Baixa, ficou alagada

EVANDRO OLIVEIRA/JC
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Agências
As enchentes que atingiram o Rio Grande do Sul em maio agravam ainda mais o cenário de crise enfrentado pelo setor de bares e restaurantes, já que muitos estabelecimentos ainda são impactados pelas dívidas adquiridas durante a pandemia. Uma pesquisa realizada pela Associação de Bares e Restaurantes (Abrasel) ouviu 386 proprietários de empreendimentos do setor no Estado entre os dias 14 e 19 de maio, e, na avaliação da entidade, os resultados são profundamente preocupantes.
As enchentes que atingiram o Rio Grande do Sul em maio agravam ainda mais o cenário de crise enfrentado pelo setor de bares e restaurantes, já que muitos estabelecimentos ainda são impactados pelas dívidas adquiridas durante a pandemia. Uma pesquisa realizada pela Associação de Bares e Restaurantes (Abrasel) ouviu 386 proprietários de empreendimentos do setor no Estado entre os dias 14 e 19 de maio, e, na avaliação da entidade, os resultados são profundamente preocupantes.
• LEIA TAMBÉM: Empreendedores da Cidade Baixa trabalham na limpeza dos negócios após enchente

A quase totalidade dos estabelecimentos viu cair o faturamento: 94% estão com problemas no movimento, apesar de 65% estarem de portas abertas, mesmo com restrição de insumos básicos. Mais da metade (55%) enfrenta problemas com fornecimento de água e 33% não têm energia elétrica. Quase todos - 99% do total – sinalizaram que estão enfrentando algum tipo de problema para conseguir insumos, como alimentos e bebidas, para trabalhar. E dois terços (66%) disseram estar enfrentando aumentos extraordinários nos preços dos insumos.

Embora menos de um quarto (23%) tenha sido totalmente ou parcialmente atingidos de modo direto pelas enchentes, 41% apontaram que o estabelecimento está ilhado, impedindo o fluxo normal de clientes - destes, 22% estão totalmente ilhados e 19% sofrem com bloqueios que interferem no acesso de consumidores. E cerca de 30% dos empregados, em média, foram atingidos de modo direto pelos alagamentos.

“Entramos na fase de reconstrução do setor, de quem teve o seu negócio ou casa atingida. Agora vamos enfrentar as dificuldades logísticas, pois toda a cidade está impactada, mesmo quem não teve dano estrutural está com problemas de acesso na entrada das cidades e circulação local, por ter estradas bloqueadas, não ter rodoviária ou aeroporto. É um cenário desafiador de retomada dos serviços e da qualidade básica dos insumos necessários para operar de forma plena. É momento de atenção e observar o que pode ser feito”, define João Melo, presidente da Abrasel no RS.

As enchentes interromperam a já frágil recuperação pós-pandemia. O fechamento de estradas e a destruição de infraestrutura limitaram severamente o acesso a insumos essenciais e a chegada de clientes, fundamentais para a sobrevivência dessas empresas. Com a cadeia de fornecimento interrompida e as dívidas se acumulando, muitos estabelecimentos estão à beira do colapso. Segundo uma pesquisa realizada pela Abrasel em março deste ano, 47% das empresas do setor já operavam no vermelho, enquanto 40% relataram ter dívidas em atraso com impostos e fornecedores.

“É hora de pegar alguma reserva financeira, mas como muitos não têm, por ainda pagarem as dívidas da pandemia, a única solução é recorrer a empréstimos. Infelizmente, não é a forma ideal, porque estrangula a empresa cada vez mais. O que mais preocupa é o pagamento da equipe, pois fornecedores e aluguel conseguimos negociar. Depois de tantos dias sem receita nenhuma, está ficando muito complicado”, ressalta João Melo.

Na visão de Paulo Solmucci, presidente-executivo da Abrasel, a situação é crítica e requer uma resposta efetiva e organizada. “O primeiro passo é ouvir os empresários, analisar suas dificuldades e necessidades. Além da pesquisa, estamos preparando uma plataforma para que este acompanhamento seja feito de perto, pois cada empresa tem um perfil diverso e foi atingida de modo diferente. Dentro da mesma cidade, como Porto Alegre, você tem tanto estabelecimentos que perderam tudo, como alguns que não foram afetados pela cheia, mas vão precisar reconquistar faturamento e cobrir os prejuízos dos dias fechados. E outras regiões podem ter dificuldades específicas que precisam ser mapeadas. Entendendo melhor e a fundo as necessidades em comum e as particularidades podemos ser muito mais assertivos na ajuda. Já estamos preparados para manter esse trabalho nos próximos dois anos, que é o tempo mínimo, segundo nossa estimativa, para garantir que as empresas voltem a operar e a ter movimento capaz de trazer sustentabilidade financeira”.

Contribuições

A Abrasel no RS quer ajudar o setor a se reestabelecer. Doe qualquer quantia através da chave PIX [email protected]

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