O projeto para a construção do chamado AeroCiti, em Guaíba, no terreno onde, na década de 1990, o município havia se preparado para receber a montadora Ford, terá de ser readequado. Mesmo localizado em uma das regiões da cidade com danos mínimos, no bairro Chaves Barcellos, junto à BR-116, o terreno apresentou fragilidades em relação à drenagem e, de acordo com o presidente da Aeromot, Guilherme Cunha, que comanda o projeto, exigirá a revisão de alguns pontos ainda não detalhados, em virtude da situação de calamidade nos últimos dias.
"Estávamos com tratores e máquinas de sondagem no local no momento em que a cheia atingiu o terreno. O AeroCiti está em fase de sondagem de solo e pré-obra. Ainda não conseguimos mensurar os danos e estimar prejuízos também às nossas operações no aeroporto, onde ainda não tivemos acesso, até o momento, mas certamente a produção e a entrega serão afetadas", explica o empresário.
Com previsão de investimentos de até R$ 3 bilhões em 10 anos, ainda não há definição de algum possível incremento neste montante em virtude das adaptações de projeto. A perspectiva é de iniciar as obras no local no próximo ano. A primeira fase do projeto contemplará uma pista e o hangar da Aeromot.
A empresa já atua na produção de aviões do modelo DA62 Diamond em um hangar na área do Aeroporto Salgado Filho, que acabou tomado pela inundação. Em Guaíba, a projeção é de que se chegue à capacidade produtiva de 100 aeronaves por ano. De acordo com Guilherme Cunha, os planos da empresa eram produzir em 2024 ainda em Porto Alegre e, em Guaíba, já haveria demanda garantida para outros três anos.
Em uma segunda etapa, o projeto prevê uma verdadeira cidade do setor aeronáutico, incluindo a fabricação de helicópteros, instituições de pesquisa, centro de formação e hub logístico.
Apoio às ações de resgate e acolhimento
Antes de seguir com o projeto, porém, Guilherme Cunha diz que a prioridade da empresa no momento está em diversas frentes humanitárias de apoio às ações de resgate e acolhimento às famílias atingidas pelas cheias.
Além do uso de uma aeronave própria para transporte de médicos e medicamentos, e apoio aos resgates aéreos e aquáticos, também com fornecimento de combustível, a Aeromot ocupa um importante papel na retaguarda nas ações empreendidas no Estado.
"Temos garantido o suporte técnico permanente, de 24 horas por sete dias, na manutenção dos helicópteros de resgate", explica o empresário.
Por outro lado, a empresa mantém arrecadação de bens, com donativos e via PIX, para ajuda às vítimas, doação de 12 caminhões pipa e outros 800 litros de água mineral para abrigos da região, além da doação de alimentos para a preparação nos abrigos.