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Publicada em 12 de Maio de 2024 às 13:23

Indústria projeta falta de 532 mil profissionais para atender à transição energética

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Folhapress
Em 2025, o Brasil terá um déficit de 532 mil profissionais em diferentes áreas tecnológicas. Esse número é influenciado pela transição energética, que requer habilidades para lidar com a descarbonização da indústria e a mobilidade eletrificada, por exemplo. 
Em 2025, o Brasil terá um déficit de 532 mil profissionais em diferentes áreas tecnológicas. Esse número é influenciado pela transição energética, que requer habilidades para lidar com a descarbonização da indústria e a mobilidade eletrificada, por exemplo. 
A projeção, que faz parte de uma pesquisa da Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação e de Tecnologias Digitais (Brasscom), tem sido usada pela Ford para explicar seus investimentos em formação de mão de obra local.
A empresa norte-americana não está sozinha nesta empreitada. Montadoras, fornecedores e startups vêm desenvolvendo programas de treinamento para, além de capacitar jovens trabalhadores, atrair talentos.
A Gi Group Holding, multinacional com foco em estudos sobre mercado de trabalho, entrevistou 6.700 profissionais da indústria automotiva em 11 países. O objetivo era saber quais são as competências mais cobiçadas por suas empresas.
No Brasil, 53% dos ouvidos afirmaram desejar mão de obra que saiba lidar com tecnologias de veículos elétricos. A média global ficou em 35,1%. Os conhecimentos para trabalhar com IA (inteligência artificial) e machine learning foram mencionados por 40% dos entrevistados no país -novamente acima da média (33,6%).
"O déficit já era algo esperado, mas acabou sendo potencializado devido à modernização dos veículos, que receberam itens de segurança e sistemas autônomos", diz Djansen Alexandre Dias, gerente da divisão de indústria na Gi Group Holding.
"Esse movimento já vinha acontecendo há algum tempo, e calhou de, no mesmo momento, ter início a eletrificação dos veículos em meio à transição energética."
Para as empresas, o momento é de reconquista. "O setor automotivo vive esse desafio e compete com fintechs e startups". Afirma Dias.
"Além disso, a pandemia acelerou o processo de globalização da mão de obra especializada por meio do trabalho remoto. A consequência é que o Brasil não é o mais atrativo em termos de salário, então os profissionais moram aqui e trabalham para outros países."
Daí vem a importância de as fabricantes oferecerem programas de formação. Além de mostrarem que a demanda por mão de obra, mesmo no nível técnico, não se limita às linhas de produção tradicionais.
"Existe essa concorrência com startups, e às vezes nem há como competir, temos a questão da moeda. Mas o que nós fazemos é demonstrar que não somos somente uma montadora de veículos, somos também uma desenvolvedora de veículos", diz Márcio Tonani, vice-presidente sênior dos centros técnicos de engenharia do grupo Stellantis para a América do Sul.
O executivo afirma que a formação de profissionais é uma característica das montadoras, e que a eletrificação, embora não seja exatamente uma novidade, traz outros pontos que exigem capacitação.
"A Indústria evolui tecnologicamente com o carro elétrico, embora esse automóvel seja até mais velho que outros. Mas há outras etapas do desenvolvimento, que envolvem redução de peso, baterias, pneus e aerodinâmica."
A empresa tem parcerias com instituições de ensino superior e técnico em diferentes estados, como a UFPE (Universidade Federal de Pernambuco), a Unicamp (Universidade de Campinas) e o CIT Senai (Centro de Inovação e Tecnologia, em Minas Gerais).
"Promovemos seminários para despertar o interesse sobre o quanto a indústria automotiva é tecnológica. Ministramos cursos dentro das grandes faculdades de engenharia e parcerias vão sendo criadas, como as desenvolvidas com a Bosch e a ZF", afirma Tonani, citando dois dos principais fornecedores de componentes eletrônicos do setor.
Portanto, a mão de obra que começa a ser formada nas faculdades e nos cursos técnicos não é voltada exclusivamente para as montadoras. No caso da Ford, por exemplo, os jovens capacitados no programa Enter, lançado em 2023, são direcionados para o mercado de trabalho por meio da parceria com o Senai-SP.
 

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