O Brasil alcançou o marco de 60 milhões de CNPJs (Cadastros Nacionais da Pessoa Jurídica) abertos na história do país. Do total, 36,35% estão ativos, sendo que a maioria são matrizes (94,50%), e as Micro Empresas (ME), principalmente individuais (MEIs), representam 77,9% do mercado. A grande maioria dos negócios está localizada em São Paulo, com uma fatia de 30,9%. O Rio Grande do Sul aparece em quarto lugar, com 6,5 %, atrás de Minas Gerais (10,4%) e Rio de Janeiro (8,4%).
Os dados foram apresentados pela BigDataCorp, líder em análise de dados na América Latina. O levantamento indica que o montante investido pelas empresas no Brasil ultrapassou os R$ 184 trilhões. De acordo com a empresa, esses registros indicam um mercado dinâmico onde novas empresas nascem e outras se despedem, mantendo o ecossistema empresarial em constante renovação. A maioria das empresas ativas são matrizes, com 94,50%, e apenas 5,50% são filiais. Os dados são de abril de 2024.
As Micro Empresas (ME) representam 77,9% do mercado, e a maioria delas são empresas individuais (MEIs), que somam 75,62%. Tirando os MEIs, a maioria das empresas tem dois sócios. Isso destaca a importância dos pequenos empreendedores para a economia nacional. O capital social declarado pelas empresas ativas soma um total de R$ 21 trilhões. Esse número representa o investimento dos empreendedores na economia do país, na forma do dinheiro investido para começar os negócios. Se olharmos para todos os 60 milhões de CNPJs, incluindo as empresas que já encerraram as suas atividades, esse número sobe para quase R 185 trilhões.
Para Thoran Rodrigues, CEO da BigDataCorp, a marca de 60 milhões de CNPJs reflete a energia e a capacidade de inovação do empreendedor brasileiro. "Cada CNPJ é uma semente plantada que pode florescer em um negócio próspero, contribuindo para a economia e a sociedade. É essencial reconhecermos a diversidade e a resiliência do nosso mercado ", comenta o executivo.
O coordenador da área de Reestruturação Empresarial da Scalzilli Althaus Advocacia (SCA), Eduardo Grangeiro, avalia que, embora a pesquisa demonstre que um terço das inscrições estão ativas, muitas delas podem estar informalmente inativas. Isso acontece em função do estimulo de abertura de empresas e da dificuldade em fechá-las.
“Há um movimento legislativo, desde 2018 para desburocratizar a abertura de CNPJs como incentivo ao empreendedorismo, e de proteção do patrimônio particular do empreendedor e de delimitação do capital. Na outra ponta, existe um custo muito alto para o encerramento”, observa o advogado, para quem o empresário tem receio de encerrar pela repercussão que terá na vida pessoal.
Com atuação há mais de 10 anos na área de enfrentamento estratégico de crise e recuperação de empresas, Grangero observa que os números, sem dúvida, apontam para a pujança do mercado nacional, o que deve ser enaltecido. Mas há aspectos que não podem ser desconsiderados, como, por exemplo, a complexidade legislativa contra o empreendedorismo.
O empresário já inicia seu negócio pensando em estratégias mitigar os riscos, como a formatação das contratações trabalhistas, a tributação, entre outros. A abertura de MEIs, cita o advogado, muitas vezes é usada como ferramenta por empresários como forma de, em paralelo a outra empresa maior, diminuir a carga de impostos. “É preciso uma mudança, tanto na simplificação da tributação, como na diminuição da carga tributária. É um desafio imenso porque o governo é muito focado em arrecadação”, suscita.
A pesquisa realizada pela BigCorp neste mês de abril indica que a idade média das empresas ativas é de 8 anos, com uma taxa de mortalidade que aumenta nos primeiros anos de atividade. Cerca de 77,9% das empresas encerram suas operações antes de completar 4 anos, e menos de 1% chegam a completar 10 anos de vida. Esses números ressaltam a importância de políticas de apoio ao empreendedorismo, especialmente as que estão voltadas para quem está iniciando a sua jornada.
Diversidade de atividades
O levantamento realizado pela BigDataCorp indica que o setor empresarial brasileiro é caracterizado por uma grande diversidade de atividades. Abaixo a lista das 10 principais atividades registradas das empresas brasileiras:
Comércio varejista de artigos do vestuário: 7,73%
Comércio varejista de cosméticos, produtos de perfumaria e de higiene pessoal: 4,66%
Promoção de vendas: 4,22%
Comércio varejista de bebidas: 3,99%
Cabeleireiros, manicure e pedicure: 3,96%
Instalação e manutenção elétrica: 3,95%
Lanchonetes, casas de chá, de sucos e similares: 3,88%
Obras de alvenaria: 3,59%
Preparação de documentos e serviços especializados de apoio administrativo não especificados anteriormente: 3,53%
Comércio varejista de outros produtos não especificados anteriormente: 3,50%